terça-feira, setembro 13, 2005

O turismo no Algarve e a crise da classe média

Há muito que não mergulhava em águas tão agradáveis no Algarve. Não propriamente quentes como outrora mas, ainda assim, bem amenas.
Enfim, “a tradição já não é o que era”. As águas estão mais frias e, até no que respeita às famigeradas “invasões” de pessoas de que tanto nos queixávamos, sobretudo no mês de Agosto, também elas têm vindo a diminuir.
Significa isto que o Algarve deixou de ser um destino de férias interessante?

Não foi bem isso que constatei quando estive por lá, a confirmar, de resto, as diversas reportagens efectuadas pelas televisões e pelos jornais que são unânimes em afirmar que o turismo daquela região vai de vento em popa no que se refere à ocupação dos hotéis, o mesmo não sucedendo, no entanto, no que respeita à utilização dos restaurantes. Ou seja, a rapaziada - portugueses e estrangeiros - continua a querer ir de férias para o Algarve, só que a carteira não dá para tudo. Assim, preferem instalar-se em hotéis mas, quanto à alimentação, procuram soluções mais económicas.
Como dizia um hoteleiro “Muitos turistas sobem para os quartos com sacos de supermercado. Chegam a vir de férias com dois carros, um com a família e outro cheio de comida, geleiras e tudo …”
O que parece querer dizer que os turistas passam menos tempo fora de férias e têm menos dinheiro para gastar.
Mesmo os estrangeiros, de quem costumamos dizer que têm um nível de vida muito superior ao nosso (e têm), mesmo esses, têm cada vez menos dinheiro.
Resumindo, e segundo a notícia do Expresso, mais gente nos hotéis, menos nos restaurantes e mais, muito mais, nos supermercados. Há quem diga que este é o Verão do Lidl, do Marrachinho e do Alisuper.

Claro está que os hotéis de cinco estrelas e restaurantes de luxo nem sequer ouviram falar da tal crise. Por exemplo, a gerente de um hotel em Vale de Lobo chega a recusar clientes no verão, num estabelecimento que tem diárias que vão dos 350 aos 800 euros. E, pasme-se, há famílias que ocupam quatro e cinco quartos.
O que quer dizer que só existe crise onde há classe média.

Apesar de tudo, a tão badalada crise para os restaurantes, não é assim tão visível como isso. A contrariar o que dizem os responsáveis da restauração, constatei que, por exemplo, os restaurantes da agradabilíssima zona ribeirinha de Portimão, quer os do chamado “Pátio dos Restaurantes” quer os que estão situados um pouco mais à frente, mesmo junto ao Rio Arade, e principalmente os dois primeiros - a “Casa Bica” e o “U Venâncio” (nome bem engraçado, este) - têm bastante gente quer ao almoço quer ao jantar.

Também quando visitei a “Fatacil – Feira de Artesanato, Turismo, Agricultura, Comércio e Indústria de Lagoa” (uff…) verifiquei que os restaurantes, tascas e tasquinhas estavam permanentemente cheios e com filas de espera, por vezes demorada.

Assim sendo, em que ficamos? Afinal, a classe média sempre está em crise?...

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