terça-feira, outubro 11, 2005

Conversas de miúdos

Há dias, ao sair de casa, dei de caras com um casalinho de miúdos que caminhava pelo passeio, de mãos dadas. Eram giríssimos os dois, teriam à volta de sete, oito anos, mas percebia-se pela sua desenvoltura que eram desenrascados (perdoem-me o plebeísmo). E, muito senhores do seu papel, iam conversando animadamente.

Alguém que os conhecia bem, acercou-se deles e perguntou-lhes onde iam passear. Os miúdos responderam a isso e a uma série de outras perguntas, daquelas que os adultos costumam fazer às crianças há séculos. Confirmaram que eram namorados e, a simpatia deles era tão grande, que levou a que esse alguém lhes fizesse aquela pergunta sacramental que é comum ouvir-se:
“Então e quando crescerem o que é que querem ser?
“Magistrado”, respondeu o rapazinho. “E porquê?”, questionou o mesmo alguém.

O rapaz que, pelos vistos, ouvia tudo o que se passava lá em casa e provavelmente tinha ouvido a indignação dos pais sobre aquela notícia que saíra nos jornais, respondeu num fôlego:
“Ora, porque os magistrados recebem um subsídio de renda de casa de 700 euros por mês, mesmo que residam em casa própria e na sua terra. O mesmo dinheiro que recebem quando estão colocados a centenas de quilómetros. E quando um dia eu estiver reformado, eles (o miúdo sabia que eles era o governo) incluem esse subsídio na reforma. E, ainda por cima, esse subsídio não conta para o IRS”.
“Mas, como é que tu sabes essas coisas?”, perguntou o alguém, deveras admirado.
“Ouvi, pronto”, volveu o rapaz, acrescentando: “E ouvi também que se eu trabalhar no Supremo Tribunal Administrativo ou no Tribunal Constitucional e morar fora da área da Grande Lisboa, além dos 700 euros, eles ainda me pagam ajudas de custo por cada dia de sessão nos respectivos tribunais. E mais, para ir trabalhar ainda vou ter viagens totalmente gratuitas em todos os transportes públicos terrestres e fluviais, incluindo os comboios Alfa”.

O alguém estava completamente aparvalhado. Isto é, estava ele e estava eu que também tinha ouvido a conversa. No meu caso, porém, não percebia bem se a minha estupefacção era devido às benesses atribuídas (incompreensivelmente) aos magistrados, se à esperteza daquele miúdo que desfiava tão bem toda aquela prosa, cujo significado ele (neste caso o miúdo), por certo, não devia compreender totalmente.

“E tu, querida, o que é queres ser quando fores grande?”, perguntou o alguém.
Ela, agarrou a mão do companheiro com mais força, sorriu para o alguém e respondeu:
“Como eu gosto muito dele, quero casar com ele e quero ser, também, magistrada”
“E magistrada porquê? voltou a perguntar o alguém.
“Porque, assim, eles também me dão 700,00 euros para a renda de casa e podemos, os dois, sacar 1400,00 euros, percebes?”

Não me recordo de mais nada. Quando acordei estava deitado numa marquesa e, segundo me disseram, estava branco como a cal das paredes …

5 comentários:

Anónimo disse...

os rapazes não valem nada menos uns que são muscolosos e lindos de morrer como o meu vizinho estou há espera queme convide para sair

viper gts team oreca disse...

e como é que se chama esse vizinho?

viper gts team oreca disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

os rapazes valem muito porque sou uma rapariga e tambem porque gosto de um rapaz bem giro a pois

viper gts team oreca disse...

mas como se chama ele anonimo?