quinta-feira, outubro 20, 2005

Desigualdade

Comemorou-se na última segunda-feira o Dia Mundial Para a Erradicação da Pobreza.
Segundo os dados já revelados, Portugal é o país da União Europeia onde há mais desigualdade entre ricos e pobres, onde os ricos são os mais ricos e os pobres os mais pobres, característica, de resto, comum aos estados em vias de desenvolvimento.

O problema da desigualdade é tão chocante que basta ver que as 100 maiores fortunas portuguesas representam 17% do Produto Interno Bruto e 20% dos mais ricos controlam 45,9% do rendimento nacional.

E o que é mais confrangedor ainda é que, apesar de todos saberem que esta desigualdade existe (com um fosso que tem aumentado nos últimos anos), parece haver uma grande apatia da sociedade (de todos nós, portanto) relativamente a esta desigualdade e à pobreza em particular.

Pese embora alguma preocupação social manifestada ao nível de medidas tomadas pelo actual governo, o facto é que o discurso político, de uma maneira geral, está mais preocupado com a redução do deficit do que, propriamente, com a situação da enorme injustiça que separa cidadãos de primeira (poucos) de cidadãos de segunda (a maioria)

As estatísticas indicam que um em cada cinco portugueses vive no limiar da pobreza. Mas a realidade da pobreza em Portugal é ainda pior. Porque pobreza não é apenas a falta de dinheiro, é também a falta de acesso às necessidades que conferem dignidade à população.

No nosso país existem dois milhões de pobres e dez por cento da população vive com menos de 60 por cento do ordenado médio nacional.

E este problema não deveria resolver-se apenas com recurso às Instituições Particulares de Segurança Social ou às Misericórdias. Os problemas da pobreza são estruturais e por isso merecedores de resoluções que não passem tão somente por pequenas acções de cosmética ou soluções meramente pontuais.
Desde que Portugal entrou para a Comunidade Europeia, temos assistido ao gasto de milhões e milhões e continuamos praticamente na mesma. Se calhar pior. Há cada vez mais pobres e cada vez há problemas mais graves.
É, pois, absolutamente necessário que o país, de uma vez por todas, acorde (mas acorde mesmo) e actue de forma eficaz para conseguir erradicar a pobreza. Um país que se mostre solidário e justo.

6 comentários:

Anónimo disse...

Não obstante o meu amigo afirmar que o "BLOG É SEU E DE MAIS NINGUÉM", ao arrepio do que é comum, eu tenho muito prazer em colaborar com alguns comentários, fracos comentários porque voçê aparece com temas difíceis e de especialidade. temos agora o caso da "DESIGUALDADE"
Esta é uma das questões mais complexas e delicadas que aflige o nosso País, por várias ordens de razões:
a) de há séculos que assim é;
b)tudo se agravou na vigência do fascismo, que eu, por ter nascido em 1932, acompanhei durante muito mais anos do que o PALMA.
c) nesse tempo, a actividade em Portugal era essecialmente agricula, na maior parte do território. os rurais ganhavam uma miséria e mal ganhavam para comer.. mal. Praticamente não comiam carne, não usavam o azeite (por falta de dinheiro). Andavem mal vestidos, não eram aceites nos cafés mas só na tabernas. Nessa altura os ricos já eram muito ricos, e a legião de pobres, de miseráveis era incomenserável.
E foi uma situação que se arrastou até ao 25 de Abril. Com excepção dos Bancos e da Companhias de Seguros e outras grandes empresas.
Fora isso os ordenados eram extremamente baixos, e a maioria nem sequer tinha reforma. era o caso dos trabalhadores rurais.~
após o 25 de Abril, criaram-se reformas muito pequenas para quem não as tinha. Mas só muito mais tarde os rurais foram abrangidos mas com reformas inferiores oas demais. Os que já antes tinham reforma não as viam nunca actualizadas.
E já nesta altura a situação no nosso País era muitíssimo pior do que nos restantes países da Europa, digamos, civilizada e com reais preocupações de ordem social.
portanto a situação de pobreza, de exclusão vem de muito longe e chegou aos nossos dias, com alterações significativas mas perfeitamente insuficientes.
E só agora pela actuação corajosa deste Governo é que todas as gritantes situações de desigualdade para muitos e de previlégios para outros está a vir ao de cima.
Mas não tenhamos ilusões quanto à correcção adequada e desejável das situações de probreza ou de pobreza extrema, a curto ou a médio prazos.
O desgoverno destes últimos 30 anos, de uma guerra fratricida entre partidos, levou o nosso País a "bater no fundo"
A Segurança Social corre o risco de não ter sustentabilidade (em grande parte porque há milhares de reformas de montantes muito superiores ao descontado pelos seus beneficiários, e por que a muitos outros a reforma foi concedida sem que eles tivessem sido contributivos.
Logo, o Estado não tem recursos financeiros para acudir a legião de pobres. Irá fazê-lo gradualmente, mas com verbas de pequena monta.
É, pois, uma situação que se arrastará ainda por muitos anos.
As verbas que recebemos da U.E.ao abrIgo do Pacto de Integração (o nome não era este, mas agora não recordo de nome exacto) foram em grande parte para as auto-estradas, em apoio a empresas em desenvolvimento, ou desbaratadas não se sabe em quê.
As verbas com a mesma origem para a formação profissional, por fal de macanismos de controlo, ficaram em grande parte, nas mãos dos "formadores". Á MINHA FILHA E AO MEU GENRO FICARAM A DEVER 400 CONTOS A CADA UM. E por esse país fora foi um regabofe.
A realidade, confrangedora e que nos causa a maior tristeza, é que o Estado não pode acudir a todos. Não pode aumentar a carga fiscal pelo motivos suficientemente conhecidos.
A esperança é que da luta contra a evasão e fuga fiscais se consigam obter largíssimos milhares de euros, que se consiga o desenvolvimento da economia, se passe a exportar muito mais e deixar de impor tantos e tantos artigos supérfluos, como é o caso gritante da fruta (há dias na Golegã, NUM SUPERMERCADO VI UMA ENORME PRATELEIRA CHEIA DE SALSICHAS alemãs!!!)
Tem de se passar pela criação de empregos, o que apenas se verificará a médio e longo prazos.
Por enquanto parece-me uma situação irreversível.

Anónimo disse...

Quero dizer-lhe que é um prazer ter o meu amigo Carlos da Golegã como nosso companheiro de blog. A sua intervenção e os seus comentários, sempre tão acutilantes, vêm acrescentar aos meus humildes textos um interesse muito especial.
O Carlos sabe que este é um Blog de quantos querem intervir. Não é portanto, o Blog do "demascarenhas" mas um blog de todos. Por isso, seu também. Bem-vindo.

Anónimo disse...

Ainda um comentário ao seu comentário. Muito embora saibamos as condições em que os portugueses viviam antes do 25 de Abril de 1974, o que me aflige agora, e afinal o que deu origem ao meu texto, é que se passaram mais de 30 anos e, quanto a desigualdades, pouca coisa mudou. E recordo o que disse então:
“As estatísticas indicam que um em cada cinco portugueses vive no limiar da pobreza. No nosso país existem dois milhões de pobres e dez por cento da população vive com menos de 60 por cento do ordenado médio nacional".
Sei que as melhorias que se desejam levam muito tempo a concretizar-se, por isso, não podemos adormecer a nossa vontade de ver um país mais justo e mais solidário.

Anónimo disse...

De facto nos últimos 30 anos ninguem ligou aos pobres, mem os cínicos dos sindicalistas, os quais fingiram que apenas se preocupavam com os trabalhadores. já sabemos como surgiu a legião de pobres que será a maior da EUROPA.
Milhares de portugueses sem reforma ou com reformas de miséria que nunca foram actualizadas, mesmo depois do 25 de Abril.
Só agora este Governo SE ESTÁ A PREOCUPAR COM ESTE GRAVÍSSIMO PROBLEMA. O LUCRO DO TRABALHO DESSES TRABALHADORES AGORA PAUPÉRRIMOS FICOU NOS SEUS PATRÕES QUE AGORA ESTÃO TOTALMENTE DESLIGADOS DE QUEM TRABALHANDO EM REGIME DE QUASE ESCRAVIDÃO, OS ENRIQUECERAM OU CONTRIBUIRAM PARA LHES MANTER OU AUMENTAR A FURTUNA.
Agora só o estado lhes pode valer, com subsídios a que chamam "salário mínimo garantido", mas de valor insignificante e insuficiente. vou enviar-lhe o texto de uma crónica de EMÍDIO RANGE, SOB O TÍTULO "O PAÍS ESTÁ MUDAR"

Anónimo disse...

De facto nos últimos 30 anos ninguem ligou aos pobres, mem os cínicos dos sindicalistas, os quais fingiram que apenas se preocupavam com os trabalhadores. já sabemos como surgiu a legião de pobres que será a maior da EUROPA.
Milhares de portugueses sem reforma ou com reformas de miséria que nunca foram actualizadas, mesmo depois do 25 de Abril.
Só agora este Governo SE ESTÁ A PREOCUPAR COM ESTE GRAVÍSSIMO PROBLEMA. O LUCRO DO TRABALHO DESSES TRABALHADORES AGORA PAUPÉRRIMOS FICOU NOS SEUS PATRÕES QUE AGORA ESTÃO TOTALMENTE DESLIGADOS DE QUEM TRABALHANDO EM REGIME DE QUASE ESCRAVIDÃO, OS ENRIQUECERAM OU CONTRIBUIRAM PARA LHES MANTER OU AUMENTAR A FURTUNA.
Agora só o estado lhes pode valer, com subsídios a que chamam "salário mínimo garantido", mas de valor insignificante e insuficiente. vou enviar-lhe o texto de uma crónica de EMÍDIO RANGE, SOB O TÍTULO "O PAÍS ESTÁ MUDAR"

MR disse...

Concordo consigo, "a falta de acesso às necessidades" é um problema terrível.
Uma pessoa quer ter uma necessidade e não consegue arranjar uma! Um martírio!