terça-feira, novembro 15, 2005

Mais um caso …

No parque industrial português existe uma empresa pública chamada Urbindústria que tem apenas 3 funcionários e uma actividade muito pouco significativa. Tão pouco significativa que, segundo a lei, faz parte das empresas públicas classificadas no Tipo C.
Para além dos tais 3 empregados, a empresa tem 2 administradores. Como se trata de uma empresa do Tipo C, esses administradores deveriam ganhar, naturalmente, como administradores de empresas do Tipo C. E ganham? Não, eles ganham como administradores de empresas do Tipo A. O seu presidente (Hermínio Carreira) recebe 4.753 euros por mês, acrescido de 1.663 euros de despesas de representação e a vogal (Ivone Ferreira) recebe 4.204 euros mensais mais 1.621 euros de despesas de representação. Isto, para além de carros da empresa para uso pessoal, cartão de crédito sabe-se lá de quanto e PPR’s de valor não revelado.
Mas, para que a tão grande azáfama de gerir uma empresa com tantos empregados (3) e de uma tamanha actividade (muito reduzida) tivesse uma retribuição que, minimamente, fosse compensadora, o Estado decidiu atribuir um suplemento de 844 euros mensais aos dois elementos do Conselho de Administração da Urbindústria. E porquê? Porque eles são, também, administradores da Siderurgia Nacional – Empresa de Serviços SA (SNES), uma empresa que até 2001 esteve integrada no grupo das maiores empresas públicas mas que, agora, está ao mesmíssimo nível da Urbindústria. Isto é, quase não tem actividade.

Portanto, o Sr. Presidente e a Srª. Vogal por tão árdua tarefa de gerir uma empresa praticamente paralisada e que não suporta sequer os custos de funcionamento (tal como a SNES), recebem 14 vezes no ano pequenos salários mensais de 7.260 euros e 6.309 euros, respectivamente.

Ainda por cima, e apesar da Urbindústria ter terminado o ano de 2004 com um resultado negativo, cujo défice foi duas vezes superior ao do ano anterior, o Sr. Hermínio e a D. Ivone tiveram ainda direito a um prémio de gestão (que premiou os magníficos resultados obtidos, já se vê) de 15 mil euros e de 13.500 euros.

Mais um caso de empresas públicas em que o dinheiro dos contribuintes está a ser desbaratado. É demais!

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