quarta-feira, dezembro 21, 2005

A maior árvore de Natal da Europa

Mais de dois milhões de luzes iluminam este ano a Praça do Comércio, em Lisboa, na maior árvore de Natal da Europa. Tem 72 metros de altura (o que corresponde a 23 andares) e uma estrutura de 170 toneladas de peso. A sua montagem envolveu 350 pessoas, ao longo de 44 dias consecutivos de trabalho.
Amigos, esta é

A MAIOR ÁRVORE DE NATAL DA EUROPA

Nós portugueses somos assim. Ou somos uns perfeitos incapazes, ou se fazemos alguma coisa de jeito, temos que ser sempre os melhores da Europa ou até do Mundo.

Ainda há dias, no Algarve, milhares de pessoas assistiram à confecção (e até o comeram) de um bolo-rei que era tão comprido, tão comprido, que se candidatou a entrar para o Guiness. A exemplo, de resto, do que aconteceu com a célebre feijoada que celebrou a inauguração da Ponte Vasco da Gama.

Assim somos. Na falta de outros motivos de orgulho vamo-nos deleitando com estes pequenos luxos de país de terceiro mundo *.

A todos, desejo

BOM NATAL

FESTAS FELIZES

e … cuidado com o excesso de doces e de álcool

BOM ANO DE 2006


* Atenção, eu não disse que éramos um país de 3º. Mundo. O que eu escrevi é que esses pequenos luxos eram de país de terceiro mundo. Entenderam?

Estarei de volta no dia 5 de Janeiro do próximo ano. Até lá!


terça-feira, dezembro 20, 2005

Diferentes maneiras de contar 5 minutos

De uma maneira geral é perigoso generalizar. Sobretudo se estamos a falar de pessoas. Há a consciência que as pessoas não são todas iguais, que têm diferentes formas de sentir e de exteriorizar as suas convicções e emoções.

Por isso, quando se fala de um determinado grupo profissional, corporativo, político, social, religioso ou o que seja, não devemos emitir uma opinião sobre ele, como se aquilo que dizemos sirva como uma luva a todas as pessoas desse grupo.

No entanto, machismos à parte e assumindo correr tal perigo, arrisco a dizer que é muito diferente a interpretação que homens e mulheres fazem de um mesmo período de tempo.

Enquanto que o homem está condenado a esperar três quartos de hora, pelo menos, que a mulher se acabe de arranjar, depois de ela lhe ter dito que em cinco minutos estaria pronta, a mesma mulher exige que os cinco minutos que o marido lhe disse que faltavam para terminar o jogo de futebol a que ele estava a assistir na televisão, sejam exacta e escrupulosamente cinco minutos e não seis ou dez.
Afinal, quem é que iria adivinhar que, no último minuto da partida, a equipa adversária ao empatar o jogo, levaria o seu clube a mais meia hora de prolongamento?

segunda-feira, dezembro 19, 2005

O adeus ao selo




A notícia apanhou-me completamente de surpresa e confesso que me deixou muito preocupado: o selo tem os seus dias contados.
Vamos deixar de poder colá-lo no canto superior direito das cartas.
Ao que parece, o selo está seriamente ameaçado, não só pelas novas tecnologias de comunicação, como pelas modernas máquinas de franquiar dos correios e das empresas, pelo que, a sua utilização, poderá resumir-se, em breve, a uma mera peça de colecção.

Os responsáveis dos correios dizem que, cada vez mais, as pessoas comunicam por SMS e por e-mail e não tanto por carta, aquela mesma carta que, ainda há poucos anos, constituía um meio de correspondência por excelência, sobretudo pela proximidade pessoal que transmitia.

Assim, a subsistência do nosso selo, parece resumir-se ao mercado filatélico, já que os coleccionadores continuam a reivindicar a sua emissão.

Mas, e eu? Como é que eu vou resistir a tamanha perda? Como vou aguentar o suplício de não poder saborear a cola que os selos têm? Um hábito que estava tão enraizado na maioria dos portugueses de há uns anos atrás, e que foi de resto transversal a várias gerações, que utilizaram sistematicamente a língua para lamber o verso do selo, na tentativa de conseguir alguma aderência ao papel da carta.

Mas preocupa-me, ainda, uma outra coisa. Com a diminuição da circulação das cartas, o governo poderá vir a entender que não valerá a pena manter o serviço tal como hoje o conhecemos (e, então, adeus carteiros deste país) e, assim, determinar que essas poucas cartas ainda sobreviventes, possam vir a ser transportadas pelos novos “funcionários”, pombo azul e/ou pombo verde, que substituirão os antigos correio azul e correio verde, respectivamente.

sábado, dezembro 17, 2005

Louçã desiste da corrida a Belém


Passadas poucas horas depois de, no “lado a lado” Soares/Louçã, transmitido pela SIC, Francisco Louçã ter respondido que se fosse eleito Presidente da República usaria gravata sempre que necessário, este candidato anunciou que se o governo não alterar imediatamente a política de financiamento da campanha eleitoral para a Presidência da República, o qual venha a contemplar um suplemento especial destinado à aquisição de gravatas,
ele desistirá da corrida a Belém, a favor do candidato do Partido Socialista Mário Soares.
O anúncio foi feito hoje de manhã, na sede de campanha de Francisco Louçã.
Em fundo podia ver-se um cartaz onde se lia
Olhos
nos olhos
Subsídio para gravatas

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Alentejanos

“O que é que os Alentejanos fazem ao fim de um dia de trabalho?Tiram as mãos dos bolsos”

Anedotas como esta sobre alentejanos, quando bem contadas e se usado convenientemente o característico e delicioso sotaque da região, fazem as delícias de qualquer encontro.

O pior é que, para além da graça das próprias anedotas, a maioria delas tem implícita a ideia de que os “compadres” são um tanto ou quanto lerdos e que gostam demasiado do descanso.

“Sabem porque é que os alentejanos são baixos?Porque quando são crianças, os pais dizem:- Come tudo filho, para quando fores grande ires trabalhar”

Estão a ver a ideia?

Claro que, quem gosta de contar este tipo de anedotas, jura a pés juntos que, no fundo, não pretende diminuir quem quer que seja, antes deseja manifestar o respeito, o apreço e o carinho que têm pelos alentejanos.

“Tá bem, dexa …”

Só que, e há sempre o reverso da medalha, quando são os próprios alentejanos a contar as anedotas, sabem-nas escolher, de modo a fazer realçar a sagacidade, a inteligência e a graça que são uma característica da sua personalidade.

“Por que é que o Alentejo é um deserto? É para que os camelos dos Lisboetas façam a travessia para o Algarve”

Toma e embrulha…

Mas, piadas à parte, penso que a maioria das pessoas tem um carinho muito especial pelos nossos amigos do Além Tejo.

Razão acrescida agora, de resto, para sentirmos especial carinho e admiração, uma vez que foi anunciado que a cidade de Évora, capital do Alto Alentejo, é uma das “smart communities” seleccionadas pelo Intelligent Community Fórum para a eleição das “Sete Cidades Inteligentes de 2006”. O galardão distingue as cidades com melhores modelos de banda larga e tecnologias de informação, que vão ser anunciadas em 17 de Janeiro em Honolulu (Hawai).

Grande motivo de orgulho para Évora, para o Alentejo e para Portugal. Só não sei se, a partir de agora, os alentejanos, com a alta estima ao rubro, não vão querer passar a chamar à sua região AquemTejo, em vez de Alentejo.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Ainda Sobre a Boa Educação

Os comentários que aqui foram feitos a propósito do texto “A Boa Educação Também se Aprende” levaram-me a considerar que faria todo o sentido voltar ao assunto. Aliás, não só os comentários mas, também, uma mensagem que um amigo me enviou pela net.

E começo exactamente por fazer referência a essa mensagem que, resumidamente, me questionava sobre se eu não estaria fora deste tempo. Por outras palavras, o meu amigo perguntava se, actualmente, ainda se justificará uma forma de tratamento como as que eu, no fundo, acabei por defender. E a minha resposta é, claramente, que continua a justificar.

Quanto aos comentários propriamente ditos, parece-me que dois deles estão em sintonia com o que escrevi, mas relativamente ao comentário subscrito pelo nosso companheiro MR, verifiquei que, aparentemente, tem uma opinião diferente da minha. E, porque este é um espaço plural, poderemos discutir livremente os argumentos de cada um.
Ao fim e ao cabo, sinto a necessidade de voltar ao tema porque, para mim, as formas de tratamento têm a ver com questões de princípio.

Antes, porém, gostaria de contar uma pequena história acontecida poucos anos depois da revolução de Abril de 74, numa época em que as mulheres davam passos decisivos para a sua emancipação na sociedade, embora com muitos erros de percurso à mistura e, quanto a mim - o principal – o de quererem afirmar à viva força, uma igualdade total e absoluta com os homens.
E a história é esta. Esperava um elevador e, quando chegou ao piso onde me encontrava, abri a porta e ofereci passagem à senhora que estava ao meu lado. A reacção dela não podia ser mais violenta e inesperada. Disse-me para passar primeiro porque ali, homens e mulheres, eram todos iguais. Lembro-me bem de que chegou a dizer “Dá-me passagem só porque sou uma mulher? Não, nós mulheres temos os mesmos direitos dos homens, você estava primeiro, logo, entra primeiro”.

O que aquela mulher não percebeu é que exactamente por sermos homens e mulheres somos diferentes. Não me refiro ao aspecto físico, naturalmente. Tão-pouco à questão dos direitos e deveres. Felizmente nessa matéria foram conseguidos resultados importantíssimos e decisivos para uma igualdade entre os sexos, muito embora, por enquanto, ela só se registe verdadeiramente ao nível da legislação.
Mas a verdade é que somos definitivamente diferentes. E é exactamente nessa diferença que se encaixam na perfeição as tais regras de cortesia e de amabilidade a que chamei regras de boa educação.

Por exemplo, regras como a de um homem abrir uma porta para deixar passar uma senhora, a de um homem subir ou descer uma escada à frente da senhora, a de o homem dar a parte de dentro do passeio a uma senhora, a de o homem abrir a porta do carro para a senhora entrar, a de o homem segurar/ajustar a cadeira para a senhora se sentar e, eu sei lá, tantas outras manifestações de cortesia, como … o tratamento por Srª. D. Maria João (ou, simplesmente, D. Maria João) mas nunca, e jamais, por senhora Maria João.

Reparem que eu estou apenas a dar exemplos de manifestações de cortesia na relação homem/mulher. Mas, algumas delas, e muitas mais, poderiam ser evocadas em outros tipos de relação, nomeadamente com as pessoas mais velhas.

Voltando, agora, ao comentário do MR, devo confessar que desconheço como e quando começou a forma de tratamento em apreço. Mas é legítimo pensar que o tratamento por dona é, em si mesmo, um tratamento respeitoso, provavelmente originado na monarquia, onde os nobres eram todos dons e donas e não consta que essas donas, assim fossem tratadas por serem donas de casa. Quanto à questão que levanta dos apelidos das senhoras, penso que actualmente ela já não se coloca. Como se sabe, hoje em dia há muitas mulheres que adoptam os nomes de família dos maridos mas, muitas outras, preferem manter os seus próprios nomes de solteiras.
Mas estou de acordo consigo, MR, quando diz que há gente de todas as idades que são muito mal-educados. É verdade que sim, infelizmente. E sou capaz de concordar também consigo (pelo menos em parte) quando refere que este tipo de tratamento não é uma questão de boa educação mas trata-se, isso sim, de uma convenção e que a boa educação vai para além das convenções. De facto, a boa educação vai para além de todas as convenções e, exactamente por isso, é necessário que se estimulem as pessoas a terem padrões de comportamento adequados à vida em sociedade, nomeadamente, a serem pessoas educadas e respeitosas. Por isso, quanto a esse tratamento não passar de uma mera convenção, não sei o que lhe diga. Há boas e más convenções e, se esta for boa, então, que se mantenha.

Mas, independentemente dos conceitos que cada um de nós tem sobre o que é, ou o que deve ser, a educação e para além do tema não se esgotar com os exemplos atrás referidos, atrevo-me a dizer, correndo o risco de me chamarem (pelo menos) “cota”, que apesar de poderem estar em desuso certas regras de delicadeza, elas continuam a ser apreciadas pela maioria das mulheres e, curiosamente, por muitas mulheres jovens.
O que acho é que muitos homens jovens ainda não perceberam isso …

terça-feira, dezembro 13, 2005

Gestor Poupadinho


Já aqui tenho escrito sobre alguns casos de má gestão das empresas públicas e de “aproveitamentos” dos dinheiros públicos por parte dos administradores dessas empresas.

E, “água mole em pedra dura …”, faz com que, por vezes, as críticas sejam ouvidas e se consigam resultados como aquele que agora nos chega do Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro.

O Conselho de Administração do Hospital, comprou 3 carros novos para os administradores que entraram recentemente em funções. O custo dos três carros foi de 72 mil euros, pelo que, em média, cada carro terá custado qualquer coisa como 24 mil euros o que, convenhamos, não é assim nada de especial.

Mas o que eu achei curioso nesta notícia, dada em tempo de contenção de despesas e provavelmente em nome da tão falada transparência das contas públicas, foi a explicação que o administrador do Hospital de Aveiro entendeu prestar aos contribuintes. É que o contrato dos gestores prevê a compra de um carro para cada administrador até ao montante de 35 mil euros. Como foram comprados três, a um preço unitário bastante mais baixo, conseguiu-se poupar 33 mil euros.

Muito bem, senhor gestor, o povo agradece …

segunda-feira, dezembro 12, 2005

O Verdadeiro Alegre?



"EU É QUE SOU O MANUEL ALEGRE"

Esta a declaração de Manuel João Vieira, vocalista dos grupos Ena Pá 2000 e Irmãos Catitas, aquando da apresentação da sua candidatura presidencial.

A frase caiu como uma verdadeira bomba e surpreendeu todos os presentes.
Afinal, ele, Manuel João, é que é o verdadeiro MANUEL ALEGRE.

Mas para quem tem acompanhado a carreira política, perdão, queria dizer a carreira artística de Manuel João ao longo dos últimos anos, sabe bem que a afirmação corresponde à verdade. Ele é, de facto, muito mais alegre que o outro Alegre, o político poeta.

E se ele se mostra tão credível como candidato à Presidência, também não temos motivos para duvidar que ele vai cumprir uma das suas promessas eleitorais, sempre reafirmada em todas as campanhas a que concorre.

“Quando tomar posse como Presidente da República, a minha primeira medida é demitir-me”.

domingo, dezembro 11, 2005

Contrastes




Apesar de estarmos a viver uma época de profunda crise económica e das grandes dificuldades sentidas pela população em geral, a campanha de recolha de alimentos promovida, há dias, pelo Banco Alimentar Contra a Fome conseguiu estimular milhares e milhares de cidadãos anónimos e de empresas e, o resultado de toda essa solidariedade, traduziu-se em mais de mil toneladas de alimentos, um aumento de quase 19% em relação à campanha de Dezembro do ano passado.
Estamos, pois, todos de parabéns por nos termos associado a uma causa tão nobre.

Mas, claro está, neste tipo de iniciativas, ninguém é obrigado a dar. Quem não acredita n
a causa, quem não tem possibilidades de ajudar ou, ainda, quem não ajuda porque, ela própria, também necessita de ajuda, não contribui. Pelo que, mais uma vez nesta campanha, deu quem quis ou quem poude.

No entanto, em três pequenas histórias a que eu assisti durante o fim de semana da recolha, vejam como a motivação das pessoas, para dar ou para não dar, pode ser tão diferente.


1ª. História

A manhã estava muito chuvosa e a convidar as pessoas a ficarem em casa. Uma senhora já bastante idosa, com dificuldade em andar e apoiada por duas canadianas, chegou junto dos voluntários e disse-lhes:
“Não precisava de nada do supermercado mas, porque pensei que outros necessitam de ajuda, vim de propósito para contribuir”
E, distribuindo um sorriso doce, dirigiu-se para o interior do super, andando vagarosamente, com evidente sacrifício físico.

2ª História

Numa das grandes superfícies da Grande Lisboa, encontrei um amigo que não via há muito. A conversa começou animada e tentámos pôr em dia tantos assuntos em atraso.
Antes da despedida, disse-lhe, meio a sério meio a brincar, para não se esquecer de entregar o saquinho à saída aos voluntários do Banco Alimentar.
O ar afável que o meu amigo ostentara até aí desapareceu e a postura tornou-se agressiva, provocadora até:
“Para esses gatunos não dou nem um grão de arroz”.
“Mas, porque é que dizes isso?...” perguntei,
“Porque mais de metade do que se dá, é vendido lá fora…”
Ainda tentei argumentar mas ele, decidido, exclamou:
“Não, já disse, são gatunos e por isso não levam nada”
E, voltando-me as costas, desapareceu a caminho das caixas.

3ª História

Um deputado da nação, por sinal um daqueles políticos que até são bem conhecidos do grande público, entrou no supermercado e foi abordado por dois jovens voluntários que tentaram entregar-lhe o saco do BA.
O senhor deputado passou por eles num rompante, não lhes prestou a menor atenção e nem sequer se dignou falar com os dois jovens, mesmo que fosse para lhes dar um não. E seguiu em frente sob o manto da sua “importância”.

Como disse, percebo perfeitamente quem não possa ou não queira contribuir, mas já não consigo admitir a arrogância e a má formação de algumas pessoas.

Como aconteceu com a triste figura que fez o meu amigo ao demonstrar, no mínimo, má informação e lamentável intolerância.
Como aconteceu com o senhor deputado, de postura altiva e arrogante, que ignorou aqueles jovens que estavam a colaborar voluntariamente, porque acreditavam que a sociedade pode ser melhor e mais solidária.

Perante histórias como estas, temos que insistir na informação. É absolutamente indispensável que se proceda a uma maior divulgação da obra do Banco Alimentar, de modo a que essa gente quando não tiver interesse em colaborar o faça, unicamente, por esse motivo e nunca por suspeição de que alguém se anda a aproveitar da generosidade de tantos.

A finalizar, um beijinho para aquela senhora idosa e anónima que foi, ela própria, um verdadeiro exemplo de solidariedade.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

A Boa Educação Também se Aprende


Acreditem que se há coisas com que eu afino de verdade, é a de me tratarem por “Senhor Mário”. Sei lá, é uma coisa que me arrepia e quase me leva a responder “Olhe, senhor Mário era o seu …”

Talvez eu seja antiquado, não sei! O que sei é que, noutros tempos, se ensinava aos miúdos como se deviam tratar os adultos. Aos homens pelo apelido e às senhoras pelo primeiro nome, antecedido de senhora dona.
O senhor António Silva Borges era o Sr. Borges e, a esposa, Miquelina Antunes Horácio Borges era a Sr.ª D. Miquelina.
Este era o tratamento que estava incluído nas regras de boa educação que, como disse, se ensinava desde cedo.

Mudaram-se os tempos, foram-se perdendo certos valores e, entretanto, chegou-nos dos “states” um outro tipo de tratamento. Aliás dois, e que depressa se impuseram.

O primeiro deles, foi o de passar a haver uma certa liberalização, um certo intimismo no relacionamento que fez com que as pessoas se passassem a tratar apenas pelo primeiro nome. Era o António, o Mário, a Leopoldina.
No outro, que apareceu logo de seguida, as pessoas tratavam-se na mesma pelo primeiro nome mas, para lhe dar um pouco mais de formalismo, juntavam-se aos nomes próprios a indicação de senhor ou senhora, conforme os casos. Passaram, então, a ser o senhor António (ou, às vezes, o shôr António), o senhor Mário e a senhora Leopoldina.

E se
, com o primeiro, enfim, sobretudo entre colegas de trabalho a quem, no dia a dia, se dispensa uma formalidade por aí além, eu até estou de acordo, quanto ao segundo tipo de tratamento não posso estar mais em desacordo. Acho mesmo que, no mínimo, é um tratamento de mau gosto, mas é sobretudo, um tratamento de má educação.

E, na minha opinião, ele verifica-se não porque os costumes se alteraram, mas porque as pessoas que os utilizam não foram devidamente ensinadas ou, provavelmente, quem as ensinou também desconhecia essa forma básica de cortesia e de boa educação.

Ainda nos últimos dias tive a oportunidade de ser presenteado com as duas formas de tratamento. A primeira aconteceu na Caixa Geral de Depósitos, onde fui atendido por uma funcionária que aparentava estar na casa dos cinquenta anos. Tratou-me por Sr. XXX (apelido). A segunda, veio de uma diligente, simpática, bem-falante e educada empregada de uma loja de electrodomésticos que me tratou, do princípio ao fim, por sr. XXX (primeiro nome).
E se já disse que a simpática atendedora até era educada, porque razão não me tratou ela pelo apelido? Provavelmente porque nunca a ensinaram.

E este tipo de tratamento generalizou-se de tal forma pelo comércio em geral, pelos centros de atendimento das empresas (João Paulo, eu sei que são mais conhecidos por “call centers”), por tudo quanto é sítio, que eu tenho receio que seja assimilado rapidamente por todos. Se é que o não foi já!

Mudam-se os tempos mas será que se mudaram as regras de educação?

domingo, dezembro 04, 2005

Até quando?

Não paro de me interrogar. Os dias vão passando, já lá vão oito meses desde que tomou posse e, todas as semanas são anunciadas novas medidas que vêm mexer em interesses instalados há muito. Até quando, Engenheiro Sócrates, vai aguentar todas as pressões que lhe são dirigidas de todos os quadrantes, sem que se deixe desfalecer?
A agitação social está ao rubro. Pudera, o que me admiraria é que estando a pôr em causa tantos privilégios, esses senhores não começassem a fazer uma guerra dos diabos.

Mas, Engº. Sócrates, o senhor foi mais papista que o Papa. Então deu-lhe para questionar uma data de coisas em meia dúzia de meses, coisas essas que os sucessivos governos (incluindo os do seu próprio partido) desde há trinta anos nunca quiseram pegar, nem ao de leve que fosse?
Aliás, eu acho que não lhe fez nada bem ter ouvido o Major Valentim Loureiro afirmar que o senhor era um homem de coragem. É que, notou-se, encheu-se de brios e vá de querer imitar o major-valentão a saltar para a praça pública e a disparar em todas as direcções : “quantos são, quantos são?”.

Começou logo no discurso de posse quando desafiou o lobby das farmácias - sector intocável! - e jurou que os medicamentos sem prescrição médica iriam ser vendidos noutros locais. Não terá começado mal?

A partir daí tem sido um nunca mais acabar. Enfrentou as polícias, as magistraturas, os professores, a administração pública, os laboratórios farmacêuticos, as moageiras, os sindicatos e, máximo dos máximos, teve a ousadia de mandar investigar instituições financeiras suspeitas de fraude fiscal e branqueamento de capitais.

Mais, acabou com os dois meses de férias dos tribunais, aumentou a idade de reforma, terminou com muitos dos privilégios dos políticos e, pela primeira vez em tantos anos, sente-se uma vontade determinada em atacar a corrupção.

Mais ainda, tem posto cobro a múltiplas situações inacreditáveis de clientelismo e fraude nas empresas públicas e sabe-se que a Autoridade da Concorrência está de olho em muitas empresas e sectores, para pôr cobro aos cartéis existentes.

E, agora, até quer mandar retirar os crucifixos das escolas? Das mesmas escolas que acolhem muitas crianças dos mais diversos credos. Das mesmas escolas que são do Estado, do mesmo Estado que até é laico?

E já não quero falar das montanhas de problemas que lhe caíram em cima com projectos tão polémicos como os da Ota e do TGV.

Em muito pouco tempo o governo, que o senhor dirige, incomodou os mais poderosos sectores da sociedade. Por acaso pensou que muitos desses interesses instalados contavam que se eternizassem a incompetência e a desonestidade dos múltiplos governantes que por aí passaram?
Já viu como poderia andar descansado a esta hora se embarcasse na inércia em que o país mergulhou há muitos anos?

É preciso coragem para tão grande empreitada. Os portugueses já quase não acreditavam que um dia ainda iriam ter um governo sério, que quisesse mesmo resolver os problemas do país. A desilusão estava instalada.

E é por isso, por essa coragem, pela honestidade e pela determinação em querer fazer de Portugal um país, que lhe pergunto, com toda a admiração:
Até quando vai conseguir aguentar, Sr. Engº. José Sócrates?