quinta-feira, abril 27, 2006

Alexandre O'Neill

Alexandre O’Neill (1924-1986) fez da pátria o seu tema mais constante, e do verso crítico o pincel com que pintou paisagens, gestos e costumes quotidianos.
“Um grande poeta menor" (tal como foi considerado Aleixo), transbordante de sonhos e sedento de realidades submersas, foi em vida, e é em morte, incompreendido e por vezes votado ao esquecimento.
Esse terá sido o preço (demasiado alto, em minha opinião) que pagou por se ter recusado a enveredar pela
poesia do populismo fácil.
E porque é um dos meus poetas preferidos, deixo-vos, meus Amigos, com uma excelente poesia a que chamou justamente “Amigo”

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,

Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!

«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

1 comentário:

Anónimo disse...

Ser Amigo (realce à letra maiúscula) é de facto uma grande tarefa. Felizmente é das que oferece melhores recompensas!!! Um grande beijinho, Amigo.