quinta-feira, novembro 09, 2006

Quem confessa o seu pecado ...

Uma carta deliciosa, escrita em Novembro de 1871, pelo poeta Cesário Verde (1855 - 1886) ao seu amigo João de Sousa Araújo


Meu prezadíssimo amigo

O princípio das minhas cartas devia-o mandar imprimir (à laia das circulares), para me tirar o trabalho de lhe estar sempre a dizer a mesma coisa, pedindo-lhe desculpa de não ter escrito mais cedo, e alegando para isso razões falsas. Ora como eu não sou mentiroso por gosto, e como a franqueza nos crimes veniais é circunstância muito atenuante, quando o juíz é indulgente e honra com a sua amizade o pobre réu, contrito lhe confesso quem é o cúmplice no meu delito.
É a preguiça a causa principal dos meus crimes, e se o amigo não estivesse tão longe, ver-me-ia corar de vergonha pelo meu desleixo.

Espero ansioso a sua absolvição. (...)

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