segunda-feira, dezembro 11, 2006

Em bom português

O que pensariam os meus amigos se ao acederem ao blog deparassem com uma frase como esta:
oje porque chuvia muito, fiquei em casa a ver televisão e entretiveme com pogramas culturais e outros a fins. Por isso, a muleza foi tão grande que não me apeteceu escrever o testo para o blog”.


Eu sei o que pensariam de mim, escusam de o dizer.



E o que pensariam ao saber que o Teatro Nacional de D. Maria II colocou à venda um DVD em francês sobre o comediante, coreógrafo e pedagogo Jacques Lecoq, com legendagem em português – paga, aliás, pelo próprio D. Maria II – que foi tão mal feita, mas tão mal feita, que se revelou uma verdadeira desgraça e que de português tem quase nada?

Não há pedagogia nem pachorra que resistam, quando se assiste a um documentário com legendas num português tão correcto como indes, senti-lo, prolungamento, descubrir, espetáculo, estilisado, fisestes ou viagam.


Quem escreve assim ...

6 comentários:

Porcos no Espaço disse...

epáh, deicha lá. Herros aconteçem.

Anónimo disse...

Ele á pur i com cada ignorancia, que nem gatafunhum ...

- Na tá mal, não!

Ipsis verbis (Com as mesmas palavras).

Anónimo disse...

Oh meu, a isso é que eu chamo uma língua dinâmica. Tens que concordar que não se pode estar toda a vida a escrever as palavras sempre da mesma maneira. Hoje (ou oje?) farmácia escreve-se com F, mas antigamente era com PH (Pharmácia). E exemplos como este podia recordá-los às dezenas. A evolução da forma como se escreve tem que acompanhar (agora mais do que nunca) a gramática. Percebeste onde eu quero chegar ou preferes ir dar uma voltinha no TLEBS.

A não ser que quem escreveu as legendas do tal documentário, fosse mesmo analfabeto de todo ...

Anónimo disse...

:)

È caZo pRa berRrar: Bolta Estrela Tas PerdUÀda.

Mas tenho que concordar que existem mutações em todas a línguas que se reflectem na fala e na escrita. Faz parte da evolução, julgo eu. se não vejamos (acho que me vou alongar, mas olha é para as vezes que não escrevo nada. fonte:http://www.academialetrasbrasil.org.BR/histescrita.htm):

Alfabeto Pictográfico
Aproximadamente ao ano 4.000 a.C. na Mesopotâmia, surge o primeiro alfabeto a que temos conhecimento; através de desenhos simplificados “pictogramas” expressavam suas realidades.

Escrita Cuneiforme
Entre 3250 e 1950 a.C. através dos sumérios surge a escrita cuneiforme; gravavam figuras sobre tábuas de argila utilizando-se de estilete. Grandes movimentos políticos e religiosos. Templos Politeístas. Os sumérios foram dominados pelos acadianos por volta de 2300 a.C. Em 2050 recuperam sua autonomia. Contudo, novamente perdem a soberania para o povo semita do norte “amoritas”. Parte é conquistada por povos originários da Pérsia “elamitas”.

Escrita Hieroglífica
Com as cidades-estados, ao longo do rio Nilo, habitadas por tribos nômades, têm início a civilização egípcia. Isto, próximo aos anos 3.200 a.C. – Povo politeísta. Acreditam no retorno da energia vital após a morte. Dessa forma, desenvolvem o processo de mumificação de corpos. Contudo, privilegiam os faraós “líderes vitalícios” e seus familiares. Gozavam do direito á mumificação também, alguns líderes prestigiados pelo faraó. Com ideogramas figurativos dão início a escrita hieroglífica. Os persas os dominam em 525 a.C, pondo fim a independência egípicia. Em 30 a.C. passa a integrar o Império Romano, antes porém, por volta de 322 a.C. integrara o império Macedônio.

Origem do Alfabeto Latino
O alfabeto latino se origina de uma versão de um sistema de escrita modificado pelos gregos, anteriormente criado pelos fenícios; - povo semita de origem da costa norte do mar Vermelho –atual Líbano. Utilizam a mesma forma egípicia de organização em cidades-estados, porém, com a evolução de “independentes” entre si, sob administração geral de um único Rei. Este, indicado pelas famílias poderosas. Algumas destas cidades-estados foram: Ugarit, Biblos, Sídon e Tiro. Os fenícios adotavam vários Deuses, politeístas; utilizavam-se de cultos com sacrifícios humanos. Dão início às primeiras navegações, colonizando a costa mediterrânea. A hegemonia fenícia é detida quando de sua conquista pelos romanos. Tudo isto, entre 3000 e 146 a.C.

Escrita Pictográfica em Placas de Argila
Entre 2600 e 1450 os cretenses, descendentes de povos arianos, utilizam-se de dois tipos de escrita pictográfica em placas de argila. Dedicam-se ainda à cerâmica, esportes e à dança. Vários são os seus deuses, inclusive humanos.

Literatura, Filosofia, Dramaturgia e Poesia
Foram desenvolvidos pólos gregos em filosofia, dramaturgia e poesia, ao lado da sistematização da história, artes plásticas, arquitetura e narrativas mitológicas como a Teogonia, principal fonte de origem sobre deuses. Ainda, com o surgimento das cidades-estados (polis) – cidades politicamente ativas no século VIII a.C. é organizada a primeira Olimpíada na cidade de Olímpia. Das cidades políticas gregas, destacaram-se: Atenas “democrática e comercial” e Esparta “oligárquica e agrícola”. Utilizavam-se de mão de obra escrava em todos os setores da economia, sustentada sobretudo pelo comércio marítimo. Os principais cultivos eram: oliveiras, videiras e trigo. Nessa mesma época, 2000 a.C. - chegam a Canaã “Palestina” – Terra Prometida por Deus, os judeus, liderados por Abraão, dando-se início a civilização hebraica, criando a primeira religião monoteísta “judaísmo”. São os precursores da Literatura, através da Bíblia e do Talmude.

Geometria, Gravuras e Edificações
Arianos em 1750 a.C. invadem o norte da Índia e dominam os dravidianos, originando a civilização hindu. Usam formas geométricas em gravuras, cerâmica e edificações. Reproduzem animais e motivos religiosos nas cerâmicas. Politeístas. Os sacerdotes ditam a ordem e pregam a castidade como forma de pureza. O Hinduísmo, fundamentado nos Vedas “textos sagrados”, ao lado do Budismo, que passou a influenciar na religião a partir do século VI a.C. dividem as buscas religiosas. Utilizam-se do comércio fluvial, metalurgia e têm agricultura avançada.

Transcrição de Obras Literárias e o Mais Antigo Conjunto de Leis Penais
O Rei amorita Hamurabi da Macedônia, adota a restauração de templos e transcrição de obras históricas literárias mesopotâmicas para o acadiano.O reino mesopotâmico se estende da Suméria até o golfo Pérsico. Babel é instituída capital do estado centralizado despótico e hereditário. Babel se transforma no maior centro comercial e econômico da Mesopotâmia. Surge o Código de Hamurabi, mais antigo conjunto de leis penais da história. O fim do império chega com a destruição de Babel pelos hititas. Isto, entre 1728 e 1513 a.C.

Escrita Hieroglífica e Cuneiforme
Hititas, originários do Cáucaso, criam o reino de “Capadócia” – atual Turquia. Diversos são os seus deuses; - politeístas, cultuam divindades da natureza. Os hititas criam e estabelecem uma escrita hieroglífica e outra cuneiforme. São dominados pelos gregos “equeus” - após expandirem pela Síria, Babilônia e Egito.

Escrita com Ideogramas e Invenção do Papel
É conhecido o primeiro Reino Dinástico Chinês. O Rei é tido como pai de todos os súditos. Isto, por volta de 1600 a.C. Os súditos, buscando maior autonomia administrativa e sobrevivência, através de guerras civis, dividem o reino em mil e quinhentos principados. Aos chineses devemos os avanços em agricultura, metalurgia de cobre e bronze, o comércio e a fabricação de seda, tecidos e cerâmica. Também, são os inventores da pólvora, papel e bússola. Desenvolvem ainda, os sistemas monetários e de pesos e medidas. Sua literatura é rica e utilizam-se de uma escrita com ideogramas. Cafúcio “Kung Fu-tseo” e Lao-tsé têm suas filosofias transformadas em religiões no século VI a.C. O budismo foi difundido no século I a.C.

Escrita Pictográfica
A civilização olmeca “1300 a.C.” tem ascensão no golfo do México. Seu domínio alcança o litoral do Pacífico, El Salvador e Costa Rica. Centros cerimoniais como o de San Lorenzo e o de La Venta, marcam sua arquitetura. Esculpem em pedra a imagem de seus líderes. Adotam a escrita Pictográfica. Os maias e os astecas, civilizações dos séculos seguintes, herdam as bases culturais dos olmecas.

Origem do Caráter Metafísico da Escrita
Os hebreus ao deixarem o Egito, guiados por Moisés “Êxodo” – alcançam o Monte Sinai onde Moisés recebe metafisicamente, os Dez Mandamentos. Encontramos na crença judaidca, a citação que Deus gravara com fogo sua Leis em pedras, entregando à Moisés a missão de difusão e acatamento entre a humanidade. Aproximadamente em 1250 a.C.

Narração Poética
Encontramos no poeta grego Homero, a narração da guerra travada entre gregos e troianos, no episódio conhecido como “Guerra de Tróia”. Esta guerra teve origem nos altos impostos cobrados pelos troianos para a passagem de especiarias no porto de Tróia, estrategicamente localizado no estreito de Dardanelos, entre os mares Egeu e de Mármara. Os gregos, insatisfeitos, em ação pelo exército, destrói Tróia, tomando o controle sobre o comércio marítimo na região. 1250-1240 a.C.

Contrato de Unificação
Devido as guerras com outros povos da região, as doze tribos hebraicas assinam o contrato de unificação e elegem um único rei “Saul”. Isto, entre 1010-926 a.C. – Já entre 1006 e 966 a.C. observamos a consolidação da monarquia através do rei Davi, momento em que o reino se expande por toda a Palestina e Jerusalém é elevada à capital. Após o apogeu alcançado no reino de Salomão, entre 966 e 926 a.C. quando de sua morte, as tribos novamente se dividem, desta vês, nos reinos de Israel e de Judá – Evento conhecido como Cisma Hebreu. Enfraquecidos, em 586 a.C. os hebreus são dominados pelo exército do Império Babilônio.

Porcos no Espaço disse...

Não, não te alongaste nada. Só perdi uma tarde para ler o teu comentário.

Por outro lado, fiquei muito mais culto.


Acho.

Anónimo disse...

Caro Skinny, foi uma belíssima lição de História que nos trouxeste, mas, repara que não está em causa a evolução da escrita através dos tempos. Essa é natural e ninguém a contesta. O que nos deve preocupar, quanto a mim, é olhar para uma determinada época, neste caso a nossa, e verificar como se pode escrever com tantos erros ortográficos e gramaticais, como aconteceu no aludido documentário.

Como diria o autor, não há pedagogia nem pachorra que resistam.