quinta-feira, março 15, 2007

Perguntar por perguntar


Decerto temos encontrado ao longo da vida miríades de pessoas que passam a vida a perguntar coisas. Seja por curiosidade, por vontade de aprender ou, simplesmente, por vontade de perguntar, essas pessoas não param de fazer perguntas. Conheço mesmo algumas pessoas, cuja vontade de fazer perguntas é tão obsessiva , que elas saem a uma velocidade estonteante, umas atrás das outras e de tal forma, que essas pessoas nem sequer têm tempo, ou vontade, de ouvirem as respostas.

Mas há um outro tipo de pessoas que, perguntando por perguntar, fazem-no de forma completamente idiota, já que as respostas são tão óbvias que, se tivessem tido o cuidado de pensar um pouco, as perguntas nunca teriam sido formuladas.
Como se percebe nos dois exemplos que se seguem:

1 – Há muitos anos, um mancebo estava a fazer a inspecção militar para ingressar no curso de oficiais milicianos. É necessário dizer, para quem não sabe, que para se ser oficial do exército, era necessário, nesse tempo, ter, pelo menos, o antigo sétimo ano do liceu. O que pressupõe que os candidatos teriam obrigatoriamente de saber ler, escrever e contar. No mínimo, como é evidente.

Pois o sargento que fazia aquela espécie de exame ao mancebo, virou-se para ele e atirou-lhe de chofre: Olha lá, e tu sabes ler?

É capaz de ter sido só perguntar por perguntar, pois se o rapaz para ali estar, tinha que ter pelo menos o 7º ano, era suposto que devia saber ler. Ou não?


2 – Gael Garcia Bernal, um actor de origem mexicana contou “Para entrar nos Estados Unidos, já atravessei a fronteira em muitos sítios: Juárez, Tijuana, Tecate. É uma espécie de ritual de humilhação. Fazem-nos perguntas às quais nem sabemos responder de tão ridículas, tipo: “Vem de onde?” Do México, de onde havia de ser?”.

De facto, e sabendo-se que os Estados Unidos apenas fazem fronteira a sul com o México, sendo o homem mexicano e querendo entrar nos states, de onde é que ele devia estar a chegar? Da Roménia, do Brasil, talvez?


Ele há cada pergunta!

3 comentários:

Anónimo disse...

Supõe que fulano x é procurado e o guarda fronteiriço tem ordens para retê-lo antes que ele entre nos Estados Unidos.

Que ele vem do México é obvio. Talvez ele queira saber de que sítio do México. Puxar pelo bandido, para ver se ele se descai. Aí pode fazer algum sentido.

É que bandidos e fugitivos é coisa que não falta naquela fronteira.

Anónimo disse...

Ai que engraçado essa de puxar pelo bandido. Fez-me lembrar aquela história da ida à guerra que o Raúl Solnado contava.

“... Então onde está o prisioneiro que prendeste, perguntava o capitão.

“Não quis vir. O meu capitão sabe que há prisioneiros que são nhurros, que são teimosos, respondia o soldado ...”

Mas como se trata de um guarda americano, pode ser que puxando com jeito, consiga que o bandido mexicano se descaia...

Anónimo disse...

Também eu conheço algumas pessoas que não sabem manter uma conversa. Para elas, conversar é fazer perguntas e mais perguntas, às quais, como bem dizes, não sabem ou não querem ouvir as respostas que, supostamente, esperariam. E, quantas vezes, a pergunta é tão básica, tão nada, que se limita ao “onde?”, “quando?”, “a que horas?”, “com quem?”, ou a quejandas.

Que pobreza, meu Deus!