terça-feira, abril 03, 2007

Apesar dos resultados, restam as dúvidas ...


Os CTT tiveram em 2006 um resultado líquido que cresceu 286% face ao período homólogo anterior. De 17,3 milhões de euros de lucros em 2005, passaram para 66,9 milhões em 2006.

À partida, aquilo que tão grande subida (286%, repito) sugere, é que a empresa está a ser dirigida com tão grande rigor, que conseguiu ter, num só ano, um aumento percentual dos seus lucros, bastante superior aos conseguidos pelos principais bancos portugueses, que já de si, são enormes.

Mas aquilo que mais me espantou é que, face aos bons resultados obtidos, os CTT, pela primeira vez na sua história, vão distribuir dividendos.

Para aqueles que não estão tão familiarizados com estas questões financeiras, recordo que os dividendos são uma parte dos lucros que as administrações decidem distribuir pelos associados ou accionistas. E, relativamente a este exercício histórico da vida de uma empresa que nos tinha habituado a sucessivos prejuízos, os CTT decidiram propor a distribuição de um dividendo de um euro por acção.

Mas aqui surge a minha primeira dúvida. Ora se os dividendos são distribuídos aos accionistas, e o accionista único dos CTT é o Estado, a quem vão eles distribuir os dividendos? Ao próprio Estado? Quer dizer, o Estado retira de uma algibeira e embolsa na outra, quem sabe se para com esse dinheiro amortizar a dívida pública um pouco mais...

A minha segunda dúvida tem a ver com o facto de ignorar se esta subida vertiginosa dos lucros tem a ver, de facto, com a cuidada e rigorosa gestão que já referi ou, pelo contrário, com a falta generalizada de pagamento de horas extraordinárias, com a ausência de investimento em formação, com a proliferação de contratos precários ou com a cada vez maior existência de mão de obra não especializada que tantos prejuízos tem provocado aos utentes.

Finalmente, a minha terceira dúvida baseia-se na desconfiança que por detrás dos belos resultados apresentados, quiçá graças a uma engenharia financeira bem executada, poderá estar a vontade de colocar em destaque o Dr. Luís Nazaré, presidente da empresa, para poder lançá-lo para mais altos voos, porventura para integrar um lugar no governo.

São dúvidas apenas, apenas dúvidas ...

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