segunda-feira, abril 23, 2007

Se calhar, é melhor acabar com isto ... e já!


Eu sei que ninguém me apontou uma arma à cabeça para eu começar a escrever coisas, numa coisa que dá pelo nome de blogue. Mas a verdade é que fui convencido a partilhar textos que, noutras circunstâncias, escreveria só para mim. Fui-me dando a conhecer às pessoas que, aos poucos, começaram a penetrar na minha (i)alma e ficaram a saber, através desses textos, muito mais sobre as minhas angústias, medos, indignações, fantasias e, até, sobre as minhas contradições.

Sem ser, portanto, a isso obrigado, acabei por entrar no imenso mundo da blogosfera, onde vou derramando as minhas opiniões, enquanto cidadão, e tudo o mais que vou achando curioso ou que possa servir de tema para uma troca de opiniões, o que, infelizmente, não tem acontecido com muita frequência.

E já ando nisto há mais de ano e meio.

Mas depois de saber que o Procurador-Geral da República disse no Parlamento que “os blogues são uma vergonha” e de ouvir na entrevista que José Sócrates concedeu à RTP que “os boatos começam na blogosfera”, começo a ter algumas dúvidas sobre a utilidade – para mim e para os outros – da existência dos blogues em geral e do “Por Linhas Tortas” em particular.

Claro está que quem fala em blogosfera não está a falar de nada em especial. Está apenas a generalizar.

Isto porque na blogosfera existem blogues literários, políticos, de admiradores de cantores ou grupos musicais, de empresas, de adolescentes, de escritores frustados (ou não), de culinária, de mulheres nuas, de medicina e de tudo o que imaginar se possa.

Continua firme, no entanto, a minha vontade de escrever, e de forma responsável, aquilo que entendo e no meu próprio espaço. Isto é, tenho a possibilidade, sem me esconder no anonimato, de exercer livremente o direito à indignação, de falar sobre política, escritores, poesia e o supremo poder de criar textos de ficção que só poderiam surgir da pena de um escritor frustado como eu. Tudo isso leva-me a que considere a possibilidade de continuar a escrever, embora alguns de vós possam questionar “e para quê?...”

Afinal, não acredito que, quer o Procurador-Geral, quer o Primeiro Ministro se estivessem a referir a este blogue. Não, creio que não, porque ele nem sequer é conhecido. Porque se eu suspeitasse que o “Por Linhas Tortas” estaria incluído nesse lote de blogues que o PG disse serem uma vergonha, então, o melhor era acabar com isto ... e já!

5 comentários:

Anónimo disse...

Nem penses em acabar com o blog. Gosto muito da forma como escreves e além disso os assuntos têm muita variedade e são quase sempre muito interessantes.

O melhor é não acabares com isto!

Anónimo disse...

Não será mais fácil exterminar os que, a coberto de uma capa institucional, se dignam perorar esses comentários ?
São tão espertos e ainda não perceberam que o mundo está a mudar e que já não bastam as agências de comunicação para nos fazer crer que as decisões que tomam são só para o nosso bem ?
Acabar o(s) blog(s) e este em particular, nunca...
Cá venho todos os dias ver como um antigo bancário se vai dando com a reforma...quanto mais não seja para me ir preparando..
Um abraço anónimo mas nem por isso menos interessado.

Anónimo disse...

Vergonha é uma pessoa que ocupe um lugar de algum relevo na sociedade mostrar toda essa relutãncia em aceitar que o mundo mudou e que hoje vivemos numa era diferente de comunicação.

Anónimo disse...

Fiquei muito impressionado com essa do perorar, caro anónimo. Mas concordo contigo, acabar com este blog, nunca ... jamais.

Mas se a ideia tivesse partido do Souto Mouro, “de boa memória”, não sei não!

Anónimo disse...

Acabar com o blog? Foi mesmo isso que quiseste dizer, ou estavas a mangar com a gente? Logo agora que eu já tinha combinado com as minhas amigas, fazer um blog de fãs do teu blog. Por favor, não me faças isso ...