quinta-feira, junho 21, 2007

Os gémeos



Guardarei para outra ocasião falar de duas bonitas terras minhotas, ambas com o mesmo nome – Gémeos – uma pertencente ao Concelho de Celorico de Basto e outra ao concelho de Guimarães.
Tão-pouco vos falarei hoje sobre o signo do zodíaco Gémeos, bem assim como sobre a constelação Gémeos.

Hoje quero referir-me em concreto aos outros Gémeos, àqueles irmãos (dois ou mais) que nascem numa mesma gestação. E apesar de não haver uma estatística precisa, estima-se que uma em cada 85 gravidezes é gemelar.
Como se vê, a existência de gémeos não é assim tão invulgar como isso.

O que é mesmo invulgar, porventura único no mundo e, quem sabe, desde sempre, é que dois gémeos ocupem, ao mesmo tempo, dois dos mais altos cargos políticos e de maior destaque num país, a Polónia: presidente e primeiro-ministro.

Quase impossíveis de os distinguir à primeira vista, Jaroslaw Kaczynski (o mais velho e presidente) e Lech Kaczynski (primeiro-ministro), de 57 anos, evitam aparecer juntos em público para não correrem o risco de serem confundidos.

“Os políticos são todos iguais”, costuma dizer o povo. O ditado assenta que nem uma luva ao presidente e ao primeiro-ministro polacos. Além do mesmo apelido, Lech e Jaroslaw Kaczynski têm muito (quase tudo) em comum: gémeos idênticos (formados de um mesmo óvulo), praticamente impossíveis de distinguir à primeira vista, são vistos pelos analistas como “o par mais bizarro da política europeia”, com um percurso profissional e político demasiado semelhante e com os mesmos ideais conservadores, católicos, ultra-nacionalistas, homofóbicos e intolerantes.

Na escola, os gémeos confundiam professores e colegas fazendo-se passar um pelo outro: Jaroslaw substituía Lech nos exames de Ciências e o irmão retribuía o favor quando a matéria era Língua e Literatura. Logo na adolescência, os papéis ficaram bem definidos na relação entre os dois irmãos: 45 minutos mais velho, Jaroslaw sempre foi o líder, o estratega, aquele que tem as ideias, enquanto Lech, mais submisso, era e é o executante.
Ainda hoje, é muito complicado distinguir os dois políticos. Os mais atentos notam que Lech tem um sinal bem visível na bochecha e outro no nariz. Além disso, o presidente usa aliança, sinal do seu casamento com a primeira-dama Maria Kaczynski, enquanto o irmão é solteiro e vive com a mãe.
A escolha da formação académica também foi partilhada: ambos estudaram Direito na Universidade de Varsóvia.

Além de quase nunca aparecerem juntos, os gémeos Kaczynski (conhecidos como “patos”, por causa da sua baixa estatura e aparência física) também não dão entrevistas conjuntas. “As pessoas acham graça ao facto de sermos gémeos, mas os cargos de responsabilidade que ocupamos são uma coisa muito séria”, defende Jaroslaw, ao que Lech contrapõe: “O meu irmão não gosta, mas o facto de sermos gémeos atrai mais as atenções para a Polónia e isso é bom”.


Mas, achando-se ou não graça a esta invulgar situação, o que pode verdadeiramente preocupar os povos polaco e europeu é o facto acima referido, de ambos serem considerados como conservadores, católicos, ultra-nacionalistas, homofóbicos e intolerantes. E não é caso para menos!

1 comentário:

Anónimo disse...

É caso para dizer que uma desgraça nunca vem só!