segunda-feira, julho 30, 2007

Férias


Agora que, finalmente, estou de malas aviadas para ir de férias, sinto-me em grande só de pensar que vou descansar, vou fazer aquilo que me apetecer, não vou preocupar-me com horários, com compromissos e com toda aquela série de problemas que sempre nos apoquentam durante todo o ano.

Eu sei que passam demasiado depressa e que mal começam já estão a acabar. Sim, isso é verdade. Mas eu pertenço ao grupo a quem as férias sabem sempre bem, muito embora nem sempre se consiga atingir os 100% de satisfação. Mas isso tem a ver com vários factores e fazem parte de uma série de circunstâncias que, muitas vezes, não podemos controlar. Mas, por princípio, as férias são sempre boas e são uma oportunidade para fugirmos à tal rotina de que nos andamos sempre a queixar.

E, confesso, detesto ouvir as pessoas que pertencem ao outro grupo, infelizmente maioritário, responder com um ar de coitados que dá pena, quando lhe perguntam “Então e as férias foram boas?” “Curtas, foram muito curtas!”

Não só não respondem à pergunta, se as férias foram bem passadas, se descansaram, se viajaram e para onde, se foram boas globalmente, como se limitam a despejar o “vómito” habitual, lamuriento e repetitivo de que as férias foram ... apenas curtas.

Será isto o fado? Tenham dó!

Para mais, nem sequer têm grandes razões para se lamentar quanto à duração das férias, já que no contexto da Comunidade Europeia em que nos inserimos, Portugal é o sétimo país (entre 27) onde os seus trabalhadores têm mais férias.

Para os insatisfeitos de sempre, claro que se trabalhassem na Suécia teriam 43 dias anuais de férias e feriados. Mas para esses também lhes digo que se trabalhassem na Estónia apenas disporiam de 26 dias anuais, bastante menos dias daqueles a que nós temos direito.

Mas, caramba, no que concerne a férias também não nos podemos queixar. Depois da Suécia (43 dias), os países com maior número de férias são, segundo a Eurofound (Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho), a Alemanha (40), a Itália (39), o Luxemburgo e a Dinamarca (38), a Áustria (37) e Portugal (36,5).

Daí que acharmos que a “história” das férias curtas não é, de todo, justificável. Muitas vezes o que elas são é mal geridas ou mal aproveitadas, independentemente das finanças que cada um tem disponível para gastar.


Contudo, e apesar de não estarmos tão mal de férias como isso, se me perguntassem se gostaria de ter mais uns dias de férias qual seria a minha resposta? Claro que diria que sim, naturalmente!


Então, meus amigos, chegou a hora de fazermos uma pausa também aqui neste nosso convívio bloguístico. Vou de férias e regressarei, em princípio, no próximo dia 31 de Agosto (data em que celebraremos o 3º aniversário do “Por Linhas Tortas”), pronto para recomeçar as lides na vossa prezada companhia.

Até lá!

domingo, julho 29, 2007

Semáforos e fontes pagam taxa de TV

“Esta não lembraria ao careca” como o professor Marcelo tanto gosta de dizer.

Então não é que sistemas de rega e de iluminação pública, semáforos, furos de captação de água, painéis de informação e até as casas de banho públicas estão obrigados ao pagamento da taxa de televisão, pelo simples facto de consumirem energia?

Como bem sabemos, na factura de electricidade, para além da dita, também pagamos uma taxa destinada à televisão. Se não tinham dado ainda por isso, oh meus amigos, é melhor que acordem...

Mas o legislador, tão zeloso dos seus deveres, quando decidiu que a cobrança da taxa de televisão deveria ser paga por consumidores domésticos e não domésticos, esqueceu - ou não lhe chegou a pena – que deveria isentar os consumidores institucionais, aqueles que “têm por missão a prestação de serviços públicos".

E então vá de aplicar, de forma cega e abstrusa, aquela conhecida máxima “Ou há moral ou pagam todos!”.


Mas se temos muitas reservas em ter que pagar uma taxa de televisão que tinha sido abolida há muito, e que reapareceu mais tarde de forma encapotada e que agora se denomina “Contribuição áudio-visual”, parece-nos totalmente descabido que semáforos, fontes e quejandos também sejam sujeitos a este tipo de pagamento.

Ou será que isto faz algum sentido?

quinta-feira, julho 26, 2007

Um pouco da História ... dos urinóis

Esta questão dos urinóis tem muito que se lhe diga. Pode ser até que um dia regressemos ao tema ...


Hoje, porém, volto ao assunto só para lhes mostrar 3 exemplares dos tais modelos antigos que lhes falei ontem.

quarta-feira, julho 25, 2007

Os novos urinóis


Os antigos urinóis públicos de Lisboa (século XIX e até à década de 50/60 do século passado), que as novas gerações talvez conheçam apenas através de fotografias, fazem parte da História da cidade. Ao que parece havia-os com desenhos diversos mas, os que ainda havia no meu tempo de menino, eram os que tinham uma forma arredondada todos feitos em chapa.

E como estavam espalhados por toda a cidade, eram, de facto, de grande utilidade pública. Eram, ao fim e ao cabo, como “monumentos” perfeitamente localizados onde os homens acorriam para aliviar as suas necessidades fisiológicas. E, que me lembre, só eram construídos urinóis para os homens. Sinal dos tempos!

Mas se é verdade que tais urinóis faziam muito jeito, também é verdade que a falta da higiene era enorme e o cheiro nauseabundo que deles exalava fazia-se sentir a muitos metros de distância.

Ao que parece, no entanto, nem sempre tais sítios serviam apenas para os fins inicialmente previstos. Segundo um tal Manuel Alcobia, artista mais ou menos desconhecido de fados e guitarradas, exilado algures por essa Europa, os urinóis escondiam outros interesses, como nos dizia um verso de um dos seus fados:

E os urinóis do Rossio,
Ponto de encontro, de engate,

Que em busca de algum biscate,

Malucas e proxenetas

Trocavam suas facetas!...


Foram-se esses tempos e desapareceram os urinóis com aquela traça característica. A vida mudou, Lisboa encheu-se de cafés e de centros comerciais, novos espaços que homens e mulheres aproveitam agora para utilizar sempre que estão “mais apertados”. Mas nem sempre é possível recorrer a eles ou porque estão distantes ou porque as casas de banho nem sempre estão disponíveis aos que vêm de fora.


Mas, como diz o ditado, quem não tem cão caça com gato”. Daí que, por diversas vezes, já tenha observado alguns taxistas que fazem fila junto à porta lateral do El Corte Inglês, saltarem de repente dos seus carros e vá de atravessar a rua direitinhos a uns arbustos que estão mesmo ali em frente.

Independentemente da idade, é vê-los correr, subir a pequena colina e meterem-se entre os arbustos. Momentos depois, regressam já com uma cara mais descongestionada. Já não correm, o ar dos arbustos devolveu-lhes a tranquilidade que uma bexiga a rebentar já não lhes permitia.


Mudam-se os tempos, mudam-se os estilos e as formas mas, neste caso manteve-se o cheiro nauseabundo que deles (arbustos) exala, e que se sente (cheira) a muitos metros de distância.

Em pleno século XXI esta é uma situação que não podemos tolerar. Por nós cidadãos e pelos milhares de turistas que nos visitam.

Tanto mais que já existem alternativas modernas, higiénicas e com design agradável. Do que é que a autarquia da capital está à espera?




















terça-feira, julho 24, 2007

Vira o disco e toca o mesmo ...

Eu sei que falar em assuntos deste tipo é chover no molhado. Estou já cansado de alertar os mais distraídos para os desmandos que se verificam em muitas das nas nossas empresas públicas, a maior parte delas a serem escandalosamente mal geridas e a fazer com que o dinheiro dos contribuintes seja desbaratado sem qualquer proveito para as próprias empresas e para o país. Mas ninguém faz parar o nacional-porreirismo que alastra imparavelmente nas empresas cujo accionista único é o Estado.

De uma auditoria efectuada pelo Tribunal de Contas à Administração do Porto de Lisboa, relativa aos exercícios de 2002/2006, para além de outras irregularidades graves detectadas, esse trabalho concluiu que as dívidas da empresa ascendem a 57,2 milhões de euros, das quais 34,3 milhões são dívidas de curto prazo.

Com uma empresa nesta situação dramática, que recorre sistematicamente ao individamento para financiar o seu investimento, que para ter tido lucros neste último ano teve que vender património, que nas suas várias Administrações (e teve 3 em apenas 3 anos), não apresentou (porque possivelmente não tinha) planos estratégicos de actuação, que se mostrou ineficaz na cobrança de dívidas que se situam só entre as entidades públicas (nomeadamente as autarquias de Lisboa e de Oeiras) em 3,37 milhões de euros, numa empresa numa situação dificílima como esta, dizia eu, como é que se entende que se tenha gasto só em automóveis para a Administração, Directores e Chefes de Serviço nada menos de 829 mil euros, a que se juntam outros custos para gasolina, portagens e estacionamentos.

E diz o Tribunal de Contas, e digo eu também, tamanho volume de despesas não é compatível com uma empresa pública fortemente individada.

Perante as conclusões obtidas por esta auditoria, pergunto, que acções é que vão ser tomadas? Ou será que, mais uma vez, vai tudo continuar na mesma?

Um decote ousado


De uma forma geral, os motoristas germânicos são considerados bem treinados, altamente disciplinados e preocupados com a segurança. Pelo menos têm fama disso.

E a história que se segue, que se passou na realidade, prova bem a competência e a seriedade como os motoristas alemães encaram a sua profissão.



Deborah Moscone, de 20 anos, viajava tranquilamente sentada num dos bancos da frente de um autocarro numa cidade do interior da Alemanha. Até aqui, tudo normal.

O “anormal”, se assim se pode dizer, é que Deborah tinha vestido um top decotado, cuja imagem era, ao que parece, bem visível no espelho retrovisor do motorista que resolveu parar o autocarro para chamar a atenção da passageira. O motorista disse a Deborah que a visão do colo desnudo da moça, reflectido no espelho, o estava a incomodar e que ela estava a colocar em risco a segurança de todos os passageiros.

Não sabemos se a rapariga foi obrigada a mudar de lugar mas sabemos que a companhia de autocarros apoiou totalmente a decisão do motorista, alegando que em nenhuma circunstância os motoristas podem ser distraídos durante o exercício da sua função.


Mas se na Alemanha a segurança é aparentemente perfeita, se a situação se tivesse passado em Itália, em Espanha ou em Portugal, qual teria sido a reacção do motorista?

Será que a sua preocupação com a segurança do veiculo que conduzia poderia ser equivalente à do seu colega alemão? Teria avisado a passageira que por ela vestir uma peça tão decotada, poderia, por esse facto, constituir um potencial perigo para o condutor e originar um eventual desastre? Teria olhado vezes sem conta para o espelho retrovisor, espiando descaradamente o top ousado da pequena? Ou teria preferido continuar a conduzir, alternando o seu olhar entre os retrovisores exteriores e interiores do autocarro, de modo a ser o menos afectado possível por tão sedutora imagem?



A verdade é que existem enormes diferenças entre os povos latinos e anglo-saxões. Nas formas de sentir e de pensar, na maneira como vivem a vida, no modo mais ou menos exuberante como exteriorizam as suas emoções e como encaram as suas relações com o trabalho.

Daí a pergunta, se o condutor fosse latino o que é que ele realmente teria feito? Esta a questão ...

domingo, julho 22, 2007

O profeta Saramago!

Caiu que nem uma bomba a afirmação de José Saramago que “Portugal acabará por integrar-se em Espanha”, pensamento que, afinal, vem ao encontro da opinião de muitos portugueses que pensam que hoje estaríamos muito melhor de vida se o nosso rectângulo fosse mais uma província espanhola. Não fora aquela maldita Batalha de Aljubarrota e ...

Claro que, nacionalismos à parte, o mundo tem mudado tanto nestas últimas décadas que já não poderemos dizer que isso não venha a acontecer um dia. A continuar esta evolução, sabe-se lá se daqui a uns anos vamos mesmo fazer parte da Espanha ou se Sócrates – teimoso e obstinado, como muitos afirmam ser – não consegue que seja a Espanha que seja integrada aqui no nosso cantinho.




Mas a frase de Saramago
"Não sou profeta, mas Portugal acabará por integrar-se na Espanha", tem, na minha perspectiva a ver com duas leituras possíveis.




A primeira, que o escritor não terá esquecido aquele episódio polémico que inviabilizou a candidatura do seu livro “O Evangelho segundo Jesus Cristo” ao Prémio Literário Europeu e cujos responsáveis máximos foram Sousa Lara e Santana Lopes. Por certo, essas mágoas não foram ainda desvanecidas.




A segunda leitura, tem a ver com o facto de se verificar uma crescente presença de investidores espanhóis em Portugal, que vão tomando conta de parte importante do nosso comércio e indústria e o facto não menos importante de o número de espanhóis a residir no nosso país ter aumentado muito nos últimos anos.




Mas serão estas razões suficientes para justificar uma integração plena do nosso país numa super Espanha tendo, ela própria, grandes problemas com outras províncias que se querem autonomizar (caso do País Basco) ou até tornar-se independentes (caso da Corunha que já manifestou por diversas vezes querer fazer parte integrante de Portugal)?




Mas se Saramago “profetiza” que um dia poderemos ser mais uma província de Espanha em termos políticos e económicos, já quanto aos aspectos culturais é bem mais prudente e refuta essa possibilidade. “Não nos converteríamos em espanhóis”, afirma.




Seria de facto muito difícil que isso acontecesse. Ninguém acredita que deixássemos de escrever e de falar em português e seria praticamente impossível “esquecer” toda a nossa riquíssima História, de um país que deu novos mundos ao mundo e que, embora em moldes e em circunstâncias bem diferentes das actuais, pode-se dizer que foi o país que iniciou aquilo a que hoje se chama globalização ou mundialização.

Mas, imaginemos que um dia essa união se venha a verificar de facto. Numa República Monárquica que seria, provavelmente a primeira de todo o mundo, num território que poderia vir a ter o nome de Ibéria, e com as características bem diferentes dos dois povos, como é que seria formado um governo comum, composto maioritariamente por espanhóis, tendo em conta o seu maior território e população. Não consigo imaginar!

Não esquecendo o caso de Olivença que uns quantos portugueses continuam a afirmar que nos foi roubada e que, por direito próprio, continua a ser território nacional, se tivermos que nos juntar um dia a outro país, para podermos gozar das mesmas regalias que os cidadãos desse país, então que nos juntemos não só a Espanha como também a França, à Alemanha e ao Luxemburgo. Isto porque são países que ficam mais perto de Portugal.

Porque se pudermos ir um pouco mais longe, porque não juntarmo-nos aos países nórdicos?

sexta-feira, julho 20, 2007

Olha a Bola-de-Berlim!



Sinal dos tempos e do progresso, ou talvez não, a verdade é que a pouco e pouco nos vão tirando muitos daqueles prazeres que “transportámos” da nossa infância mais ou menos longínqua, de tal forma que não tardará muito a darmos razão àqueles que costumam dizer que tudo aquilo de que gostamos ou nos faz mal ou é pecado.

E digo isto porque veio publicitado na imprensa que o próximo alvo da ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica), cuja acção eu até já elogiei aqui, vai ser o de fiscalizar as bolas-de-berlim, aquelas mesmo que, seguramente, fazem parte do imaginário de todos nós.

Quem é que nunca comeu uma bola-de-berlim na praia, depois de um belo banho de mar ou de uns quantos mergulhos? E, digam-me lá, vocês ou os adultos que estavam convosco, será que não desconfiavam já que as bolas, os pasteis de nata, os bolos de arroz, as “línguas da sogra”, toda aquela doçaria que os vendedores transportavam nas caixas de lata, tinham grandes possibilidades de não terem os padrões mínimos de higiene que nos deviam deixar pelo menos um pouco preocupados?

Claro que sim mas, nesses tempos, queríamos lá saber disso. O que nos interessava é que o pregão do vendedor mal soava algures na praia, logo nos fazia puxar pelo braço da mãe ou do pai e nem era necessário dizer o que quer que fosse. Os nossos olhos e o hábito diário já interiorizado por toda a família, eram mais do que suficientes para chamar o vendedor e fazer sair da tal caixa mágica de lata, com a inscrição exterior de “BOLOS”, a deliciosa bola com creme a que o vendedor atenciosamente colocava sobre uma folha de papel pardo demasiado fino que mal conseguia absorver a gordura do bolo. E como eles eram engordurados.


Mas o facto de ter ido ao sótão das minhas memórias não significa que não esteja totalmente de acordo com a preocupação das autoridades em garantir que a higiene dos produtos vendidos na praia seja absolutamente rigorosa.

Sobretudo porque estamos a falar de bolos que têm creme, que muitas vezes não estão devidamente acondicionados e que a areia e o sol são os principais agentes da deterioração invisível do que à vista nos parece tremendamente apetecível.


Só que, nesse meu sótão de recordações, estão lá armazenados outros tempos, outras mentalidades, muitas despreocupações e demasiada falta de informação. Aquela mesma informação que é hoje considerada vital e que, outrora, nem médicos nem as chamadas autoridades competentes lhe ligava a mínima importância. Ou por desconhecimento ou, simplesmente, porque a ciência nessa matéria ainda não era muito avançada.


Então em que ficamos? Deve, ou não, continuar a venda na praia de bolos, gelados, batatas fritas (porque não?) e outros acepipes? Claro que sim, desde que isso seja feito dentro dos padrões de higiene hoje tidos como recomendados. Por isso é que é obrigatório e salutar que a ASAE controle a qualidade dessas verdadeiras preciosidades que, espero, irão continuar a deliciar as actuais e futuras gerações, como sempre aconteceu.

E aquele pregão

“Olha os bolos, olha a bola-de-berlim”

continuará a varrer as praias e a fazer sobressaltar corações.





quarta-feira, julho 18, 2007

Dias melhores virão ...

Na minha modestíssima opinião, os criativos publicitários estão a passar por uma fase menos feliz, talvez, se quiserem, por uma crise de alguma falta de imaginação.

E nem sequer me estou a referir ao mau gosto que tantas vezes é ofensivo da sensibilidade daqueles que assistem à passagem de tais anúncios, porque aquilo que é apresentado nada tem a ver com o produto que se quer publicitar ou, pior do que isso, porque ferem sentimentos e crenças dos espectadores, além de que, do ponto de vista estético, nada têm para acrescentar.

Tome-se como exemplo um anúncio recente, feito, salvo o erro em Espanha, em que os criativos foram buscar passagens do velho e do novo testamento, juntaram-nas a duvidosas (e horrorosas) imagens, tudo isso para promover um clube de futebol. Tudo de péssimo gosto, convenhamos.


Mas por cá, a coisa não está melhor. Basta olharmos para o que foi a campanha publicitária do candidato do PSD à CML, cujos cartazes foram, no mínimo, desastrados e que terminou com um “outdoor” inspirador:

“Não tenha medo. Se o Governo o quiser calar, nós falamos por si”

Apesar de nunca ser demais falarmos em liberdade, mesmo que ela não esteja realmente ameaçada, parece-me exagerada esta preocupação do PSD em querer ser o arauto das vozes mais desprotegidas.

Não estamos, felizmente, a necessitar que os partidos falem por nós. Apesar de terem ocorrido recentemente alguns sinais e comportamentos infelizes por parte de alguns agentes do Estado, vivemos numa democracia estabilizada e temos toda a liberdade para expressar as nossas opiniões, sem que para isso seja necessário a intervenção de qualquer partido político.

Por isso eu acho que este cartaz infeliz foi o culminar de uma campanha publicitária aselha. Só não sei se por culpa do próprio PSD ou por falta de imaginação da equipa de criativos que foi contratada.

terça-feira, julho 17, 2007

Um exemplo a seguir? Porque não?

No passado dia 11 de Julho, comemorou-se o “Dia Mundial da População” (mais um) a que eu nem sequer me referiria, se não fosse o facto de estarmos a assistir a uma redução drástica da população no nosso país, o que é altamente preocupante.

Em 1974, Portugal tinha as mais altas taxas de natalidade e de fecundidade da União Europeia. Trinta anos depois, o número médio de filhos por mulher portuguesa desceu de 3,5 para 1,3, e passámos a ser o sétimo país mais envelhecido do mundo.

Assim, num país que registou, em 2006, a mais baixa taxa de natalidade dos últimos 20 anos e em que os índices de nascimentos têm vindo a descer cada vez mais, é de louvar - uma vez que o governo central poucas ajudas concede às famílias com filhos - que há pouco, a autarca de Vila de Rei tivesse querido fixar no seu concelho, famílias jovens a quem prometeu ajudas de vária ordem.

Para evitar a desertificação que se adivinhava para breve, a empreendedora autarca tratou de “importar” 250 brasileiros que se disponibilizaram a rumar a Portugal com as suas famílias.

Só que nem sempre as boas intenções e as ideias mais brilhantes conduzem aos melhores resultados. Depois de um promissor começo, e por razões que não interessam agora recordar, os brasileiros começaram a desandar e, a pouco e pouco, tudo voltou mais ou menos à estaca zero.

E porque as coisas não tendem a melhorar, se não tomarmos medidas rapidamente, acabará por acontecer que dos cerca de 10 milhões de almas que somos hoje, dentro de quarenta anos não seremos mais do que 7,5 milhões.

Não vejo outra alternativa, pois, que não seja, depois de consultado o Santo Padre, a de recorrermos à ajuda dos padres.

Dos padres, perguntarão!

Pois então, se não sabem, ficam a saber que esta questão da desertificação e do despovoamento já aconteceu por volta de 1487. Ao que consta, havia um certo padre – Francisco Costa, de seu nome – Abade de Trancoso, que era demasiado mulherengo, o que deixava os homens da terra muito intranquilos, de tal forma que pediram ao rei que o padre fosse condenado a uma sentença cruel.
O Abade de Trancoso, de 61 anos, era então acusado de ter dormido com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos; de cinco irmãs teve dezoito filhas; de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas; de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas; de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas; dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas, e, da própria mãe, teve dois filhos.

Tudo isto num total de duzentos e setenta e cinco filhos, sendo cento e quarenta e oito do sexo feminino e cento e vinte e sete do sexo masculino, tendo concebido em cinquenta e quatro mulheres".
Porém, o Rei D. João II, um Rei sábio, “perdoou a morte ao padre e mandou-o em liberdade aos dezassete dias do mês de Março de1487, com o fundamento de ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo…”.

Mais do que um “herói” de Trancoso, este homem devia ser proclamado um autêntico herói nacional, para mais em tempo de tão fraca natalidade!...

segunda-feira, julho 16, 2007

"Habemos Presidente"


Ultrapassada já toda aquela algazarra de arruadas, de barafundas, de extravagantes candidatos e de inusitadas propostas, muitas delas a roçar o ridículo por nada serem (muito menos propostas) ou, na prática, por serem perfeitamente inexequíveis, agora podemos mais calmamente falar um pouco sobre o que aconteceu.


E aconteceu que para além de ganharem quase todos os candidatos, como sempre sucede, António Costa do PS foi eleito para presidir à Câmara da Capital, embora com maioria relativa.

Mas ao contrário do que pretendiam alguns dos partidos da oposição que tentaram influenciar os seus apoiantes para não votar no candidato do PS, porque não votar nele era como se mostrasse um cartão vermelho ao governo do país pelas suas políticas, António Costa venceu não só a Câmara como em todas as cinquenta e tal freguesias da capital.

No entanto, apesar de não terem conseguido alcançar essa meta, alguns desses candidatos continuaram a reclamar a vitória que eu, francamente, não consigo descortinar de todo.

Como também não consegui perceber o que alguns comentadores quiseram dizer com

“o povo social-democrata, através da votação em Negrão e Carmona, continua a ser maioritário em Lisboa”.

Mas, Carmona, que sempre foi independente (embora, anteriormente, fosse apoiado pelo PSD), não tinha sido escorraçado por Marques Mendes? Desde quando é que Carmona representou o partido do qual nunca vestiu a camisola?

Depois, continuo a achar muita graça a certos políticos que assumem a sua responsabilidade pela derrota (afinal sempre há alguns que perderam ...), chegam até a dizer que aquela é uma derrota pessoal, mas depois, o que é que acontece? Demitem-se, afastam-se para retiros sabáticos à espera de receberem uma luz? Não, assumem todas as responsabilidades e pronto, ficam-se por isso mesmo e tudo continua como dantes.

Para sermos justos, nesta eleição e face aos maus resultados obtidos, o candidato do CDS/PP, Telmo Correia, foi o único que ao assumir a responsabilidade pela derrota, decidiu apresentar a demissão de todos os cargos dirigentes do partido. Aplaudo o gesto.

A finalizar, uma breve reflexão sobre quem se decide candidatar. Mesmo que essas pessoas reunam as condições que a lei estabelece para se poderem candidatar, é necessário que tenham um mínimo de ideias sobre o cargo a que concorrem. Neste caso, seria lógico que conhecessem pelo menos um pouco melhor Lisboa e os seus problemas e tivessem planos de como eles poderiam vir a ser resolvidos.

Só que alguns dos candidatos apresentaram-se única e exclusivamente para se auto-promoverem e para serem vistos. E notou-se bem que quer em debates quer em entrevistas, esses candidatos não faziam a mínima ideia do que estava realmente em causa. Fizeram uma triste figura e em nada ajudaram a discussão que se impunha sobre os problemas de Lisboa.

domingo, julho 15, 2007

Inovação?

Nunca antes se tinha assistido a uma coisa assim. Todos aqueles que presenciaram a cena, no estádio ou na televisão, ficaram certamente de boca aberta de surpresa. Ou seria de assombro? Os jornalistas de todo o mundo, entre risos e espantos, comentaram a cena à saciedade.

Aquele jogo a contar para o Mundial de Sub-20, em que Portugal foi eliminado pelo Chile, ficou para a história, não porque a nossa equipa que era à partida uma das favoritas e quase já tinha ganho o campeonato antes mesmo de o ter começado, mas porque naquele jogo aconteceu o impensável.

Quando o árbitro, de braço bem levantado, mostrou o cartão vermelho a expulsar um jogador português, veio outro por detrás – o Zequinha – e tirou ostensivamente o cartão vermelho da mão do árbitro, ou, se quiserem, roubou o cartão ao árbitro.

Porque o árbitro se tinha enganado na cor do cartão? Ou porque o Zequinha não concordou com a decisão do juíz da partida e resolveu, ele próprio, decidir como é que o árbitro deveria julgar?

Não é a primeira vez que se assistem a “incidentes” com jogadores portugueses, mas deste jaez, nunca.


As propaladas acções, absolutamente necessárias, que devem ser incutidas nos representantes das nossas selecções, nomeadamente no que diz respeito aos aspectos pedagógicos e desportivos, do orgulho em representar o país, conferindo a maior importância à dignidade e ao respeito como devem comportar-se, não passam de meras intenções.

O que é curioso é que esse tipo de comportamentos, a falta de educação e de desportivismo, vêem-se apenas nos atletas do futebol, o que nos dá motivos para reflectir se estas novas vedetas não terão forçosamente que ser acompanhadas não só como atletas, mas, e principalmente, como cidadãos.


Se a atitude em causa não nos entristecesse, éramos bem capazes de achar graça ao caricato da situação, que bem poderia configurar a mais pura e mais recente inovação das regras do jogo.




Não percam a cena

http://videos.sapo.pt/3r1nToiLSIAPfBsbdZWJ

quinta-feira, julho 12, 2007

Mais uma de Eça de Queiroz


Em “A Correspondência de Fradique Mendes”, Eça escreve


"Nas nossas democracias a ânsia da maioria dos mortais é alcançar em sete linhas o louvor do jornal. Para se conquistarem essas sete linhas benditas, os homens praticam todas as acções - mesmo as boas"



Notável esta "prosa" de Eça. Acutilante, irónica e trocista, bem ao seu estilo.

quarta-feira, julho 11, 2007

Há que tempos que a não conseguia ver ...

Para quem não saiba, Chaby Pinheiro foi um dos maiores actores de teatro, de revista e até do cinema mudo em Portugal. Nasceu em Lisboa em 1873 e faleceu no Algueirão em 1933.

Chaby foi actor de teatro dramático e de revista, bem como um "dizeur" de poesia admirável. Representou ao lado dos grandes artistas do seu tempo tendo-se estreado em 1896, como actor profissional, ao lado de Rosa Damasceno, Eduardo Brazão, Adelina Abranches, Palmira Bastos, Ângela Pinto, e, ainda, Aura Abranches, com quem teve uma companhia nos anos 20.

Igualmente se tornou bastante conhecido no Brasil onde efectuou várias "tournées", algumas em parceria com a também grande Cremilde de Oliveira.

Foi professor do Conservatório Nacional e participou nalguns dos primeiros filmes mudos, entre os quais uma anterior versão de "O Leão da Estrela".

Apesar deste impressionável currículo, alguns críticos tentaram menosprezar o seu trabalho, classificando-o como um actor de um teatro ligeiro, muito embora Chaby Pinheiro tivesse também interpretado peças que os teatrólogos ortodoxos classificam como mais respeitáveis, como por exemplo as de autoria de Henrik Ibsen e de Émile Zola. Esteve ligado ao Teatro Nacional D. Maria II, onde obteve imenso sucesso e aposentou-se em 1931.



De Chaby Pinheiro, homem corpulento e de imenso abdómen, de tão imenso que o seu ângulo de visão terminava exactamente no limite desse avantajado ventre, conta-se uma história deliciosa que se passou num dos urinóis de Lisboa, então muito em voga.

Chaby terá, entrado nesse urinol para se aliviar das suas necessidades, quando um gaiato que estava mesmo ao seu lado, se começou a rir e a provocar o grande actor pela aparente pequenez do seu pénis. Rindo, mas temendo a reacção daquele homem tão volumoso, fugiu para o exterior do urinol sem, contudo, deixar de rir.

Tendo noção do que provocara tão tremenda galhofa, Chaby chamou o rapaz e puxando da carteira, tirou umas moedas que entregou ao garoto dizendo-lhe:

“Toma estas moedas. São para te pagar o teres conseguido ver uma coisa que há muito eu não consigo pôr a vista em cima ...”.

O "Voo Nocturno" de Jorge Palma


Ainda não é desta vez que cumpro a minha promessa de falar sobre o Jorge Palma. Fá-lo-ei um dia, com toda a certeza.
Hoje apenas quero lembrar-vos que saíu um novo trabalho do Jorge – Voo Nocturno - um registo de um piloto de longo curso que paira sobre o Amor e o retrato social, um voo rasante ao Amor, em temas como 'Rosa Branca' ou 'Vermelho Redundante', mas também um tiro cruel à sociedade em 'O centro comercial fechou'.

Trata-se de um belíssimo trabalho que está já no mercado e que, para aqueles que apreciam o Jorge Palma, mas que ainda não tiveram a oportunidade de comprar o CD, podem ir deliciando-se ouvindo o clip em

onde pode ver e ouvir “Encosta-te a mim”, a primeira faixa do disco.

Um amigo nosso mais ansioso que não resistiu a manifestar a sua opinião e disse:
“Rais'parta
Este é dos videoclips mais comoventes e belos que já vi. E tinha de ser, para celebrar o regresso de alguém que afinal sempre viveu...encostado a nós e à nossa vida. Bem...à minha seguramente que sim....porque o tempo nunca existiu, o tempo é a nossa invenção, o Jorge Palma é para sempre.Só por existir.Obrigado.”
O vídeo é, de facto, enternecedor mas, na minha opinião, o tempo existe mesmo, e felizmente que existe e que permite que apareçam compositores e temas tão inspirados.
Só que o Jorge, que, literalmente, sempre esteve muito próximo de mim, faz parte, há muito, da galeria dos compositores e cantores de sempre e para sempre.
Descrevendo-se, de uma forma geral, como “um engenheiro de pontes entre amigos”, o Jorge tem o dom de convocar afectos e de juntar amigos e, para além disso, tem um coração do tamanho do mundo.
Ouvir o tema “Encosta-te a Mim” é, também, uma boa oportunidade para lhe manifestar o afecto e a amizade que sentimos por ele.

segunda-feira, julho 09, 2007

O futuro aeroporto de Lisboa


O folhetim já vai longo e todos nós, embora continuemos na expectativa de sempre, vamos ficando cansados com esta história da localização do novo aeroporto de Lisboa e com os debates e considerações sobre as alegadas vantagens e desvantagens que cada grupo considera ser determinantes para o aeroporto ser naquele local e não no outro.

Prolongamento da Portela? Construção de um novo, de raíz, na Ota ou em Alcochete, porventura no Poceirão? E Alverca, pode ou não entrar na corrida como hipótese complementar da Portela? Sim, porque continua a falar-se da possibilidade da Portela + 1 e até da Portela + 2. Isto, por enquanto ...

Depois de anos e anos de estudos que nos custaram os olhos da cara, depois de sucessivos governos terem aprovado em definitivo que o local ideal seria a Ota, e depois de esta mesma proposta ter sido viabilizada por Bruxelas, quando finalmente um governo tem a coragem de passar da fase dos estudos e ponderações para o início da execução da obra propriamente dita, alto e pára o baile, que não foram consideradas uma série de outras localizações onde a obra seria, sem dúvida, muito mais barata e não iria provocar danos ambientais e bla-bla-bla, bla-bla-bla. Isto, para não referir os alegados interesses de uns quantos que muito iriam ganhar se o aeroporto fosse mesmo para a Ota ou, agora, para Alcochete.

Mas, e isto é sempre assim, quando, finalmente, se tomam decisões (ainda por cima de obras que já tinham sido aprovadas) e se propõe “arrancar” com essa mesma obra, aparece sempre alguém que não concorda com o que se vai fazer, que sugere alternativas que nunca antes tinham sido sugeridas e que chama teimoso, obstinado e autista ao executivo que quer fazer o projecto andar.

Já passámos por situações semelhantes ao longo dos anos.

Só que, afinal, de tanto chamarem teimoso, obstinado e autista ao homem, ele resolveu conceder mais seis meses para ver se se gastavam mais uns milhões de euros em estudos, desta vez para decidir entre a Ota e Alcochete.

Continuou, no entanto, ainda teimoso, obstinado e autista quanto às possibilidades da Portela + 1, mais dois ou mais não sei quantos. Pode ser, no entanto, que alguém o consiga convencer. Isto porque acredito que depois deste estudo, haverá pressões para mais. Desconfio até (se calhar sem razões para isso) que alguém se anda a encher com a quantidade de estudos que vão proliferando à volta da necessidade de termos um novo aeroporto.



Mas agora, para complicar as coisas, dois acontecimentos recentes “vieram pôr mais areia na engrenagem”.

O primeiro, o da nova Ponte da Lezíria, sobre o Rio Tejo, que liga o Carregado a Benavente e que já alguns andam a dizer que ela foi projectada a pensar numa localização específica do aeroporto ... da Ota.

O outro acontecimento tem a ver com três conjuntos arquitectónicos – Óbidos, Batalha e Alcobaça – que foram considerados como fazendo parte das sete maravilhas de Portugal e, todos eles, pertencem a uma região vizinha da Ota.

Perante isto, quem me pode afiançar que não foi o próprio governo em peso, e todas as suas famílias e amigos, que não votaram nestas três candidaturas só porque um aeroporto na Ota levaria os turistas a conhecer mais rapidamente as três maravilhas?



Pese embora as afirmações da maioria dos candidatos à futura Câmara Municipal de Lisboa, que defendem que a Portela deve continuar, eu penso exactamente o contrário. A Portela tem que ser abandonada, não só porque a breve trecho a sua capacidade estará esgotada, mas porque é um erro tremendo agarrarem-se à ideia de que acabada a Portela, os turistas deixarão de visitar Lisboa.

Existem bastos exemplos de aeroportos de países mais avançados e ricos do que o nosso, que ficam bem longe das cidades e, ao que saiba, ninguém deixa de visitar essas cidades. Os turistas, de uma forma geral, preferem um aeroporto moderno, sem constrangimentos, seguro, ecológico, funcional e que tenha acessos rápidos e baratos aos centros das cidades.

A terminar, mas não menos importante, há que considerar aspectos que muitas vezes ficam esquecidos por detrás de argumentos de ordem económica e política.

Aspectos como a segurança. Recorde-se que em Lisboa os aviões invadem zonas habitacionais vastas, passam pela segunda circular quase a “pisar” os carros que nela circulam e as bombas de gasolina que estão na sua rota, com a real perigosidade que todos reconhecem.

Quanto aos aspectos de saúde, são conhecidos os efeitos nocivos dos aviões, cujo ruído provoca aos moradores daquelas zonas, perdas de audição, distúrbios do sono, dificuldades de concentração, doenças cardiovasculares, afectação de gravidezes, efeitos ao nível do rendimento dos trabalhadores e muitas mais mazelas que me abstenho aqui de mencionar. A ciência assim concluiu e publicitou.


Sabendo que a questão não é pacífica e que existem enormes pressões dos mais diversos interesses, o que nos interessa é que os estudos e as indecisões não se eternizem e que a solução que vier a ser encontrada nos garanta mais segurança, mais saúde, mais bem-estar para as populações e um aeroporto que seja capaz de gerar prestígio internacional acrescido.

domingo, julho 08, 2007

Vaias e apupos ...


Quando na noite de ontem, no arranque da gala das sete novas maravilhas do mundo, ouvi os cerca de 40 mil espectadores presentes no Estádio da Luz, dirigirem uma monumental vaia de assobios ao primeiro-ministro José Sócrates, confesso que fiquei um tanto ou quanto desorientado.

Na altura, e ainda agora, estou por perceber se todos aqueles apupos foram dirigidos à pessoa do próprio primeiro ministro, se a alguns dos seus ministros que têm alardeado as mais descabidas e inconcebíveis balelas e inabilidades (mas pelos quais Sócrates é o responsável máximo), ou se pelas acções que o governo tem vindo a assumir – e não pretendo avaliar a bondade dessas medidas - e que, muitas delas, são bastante impopulares a muitas das comunidades.

De qualquer forma, ouviu-se uma valente assobiadela, a lembrar aquela outra que, há uns anos, tinha sido dirigida a Durão Barroso, então também líder do governo.

O facto de ambas as vaias terem acontecido na mais bela das “catedrais” – ela própria digna de figurar nas sete maravilhas do mundo agora escolhidas – não passará de pura coincidência.


Na minha opinião, as hipóteses que acima avancei estão, no seu conjunto, obviamente, também na origem de outras manifestações anti-governamentais ocorridas nos últimos tempos.

É verdade que mexer em áreas e em actividades que antes nunca houvera coragem para alterar ou, fazer frente a interesses instalados e poderosos, é mais do que suficiente para que muita gente procure dificultar a acção de um primeiro-ministro, seja ele quem for.

Mas também é verdade que, possivelmente, pela azáfama que a presidência da União Europeia acarreta, se nota que a comunicação deixou de estar concentrada unicamente no seu responsável e começou a ser frequente ouvirem-se ministros a dizer o que lhes dá na gana, nem sempre da melhor forma e muitas vezes de uma maneira arrogante e sobranceira, chegando ao ponto de serem mal educados, o que, convenhamos, representa uma menos-valia para o executivo.

Desde o famoso discurso do deserto de Mário Lino, às afirmações recentes (e preocupantes) da secretária de estado a explicar como e em que circunstâncias os cidadãos podem exprimir o seu desagrado pelas políticas e dizer mal do seu governo.

Desde as demissões, intromissões e trapalhadas ocorridas em vários sítios do país, sempre com a cobertura das respectivas tutelas, até á resposta deselegante e perfeitamente desajustada do ministro da agricultura e das pescas, ou melhor, da pessoa que, neste semestre, representa 27 ministros da agricultura e das pescas, que não conseguiu responder melhor a um pescador descontente (e se calhar com toda a razão) senão com um “Peça para sair da União”, tudo tem acontecido.


Durante dois anos, Sócrates manteve-os calados e o governo só ganhou com isso. Mas, tanta asneira, pode fazer perigar a posição que o governo tem conseguido manter e que, pese embora as vaias e os protestos que se vão ouvindo cada vez mais, ainda assim, vai mantendo a confiança de muitos portugueses. Nas últimas sondagens Sócrates conseguiu 54,8%, enquanto o governo se situa nos 44,2%.

Mas, se não houver mudança de estratégia, até quando vão aguentar?




sexta-feira, julho 06, 2007

Liberdades



Quando a senhora secretária de estado adjunta da saúde (na foto) proferiu a afirmação


“Felizmente vivemos em Democracia e num país onde cada um pode dizer o que quer ... nos locais apropriados ..., não tenhamos vergonha em dizer isso!


Eu sou secretária de estado adjunta da saúde e não posso dizer mal do Governo aqui. Aqui. Mas se estiver em minha casa ...”

fiquei muito preocupado e comecei a pensar se esta não seria uma boa altura para fazermos uma reflexão sobre o estado da nossa democracia, uma vez que ela parece querer resvalar para campos que julgávamos já terem sido banidos há muito.


Mesmo sem conhecer em detalhe o contexto em que esta declaração foi feita, é incontestável que começam a aparecer sinais evidentes de que se pretende cercear o direito de opinião, a não ser, como diz a senhora secretária de estado adjunta, que o façamos dentro dos nossos lares e, quiçá, na intimidade das nossas casas de banho e, mesmo assim, num tom de voz sussurrado para ninguém ouvir.


E mesmo que protegidos pelas paredes do lar, e manifestando as nossas divergências em voz quase imperceptível, será bom que essas discordâncias e essas opiniões não sejam ouvidas por terceiros - ainda que nossos amigos - porque, “esses tais amigos”, podem estar já engajados a uma vaga que parece ter começado a despontar de novo – a os bufos.


Será bom, por isso, que tenhamos sempre presente que é mais prudente exercermos a nossa liberdade de expressão – um dos baluartes da democracia – não em qualquer lugar, não em diálogo franco e aberto com apoiantes ou detractores de determinadas ideias ou políticas, não porque somos livres, não porque a nossa Constituição nos garante essa liberdade, mas porque cada um pode dizer o que quer ... (apenas) nos locais apropriados.


Só que nem sempre sabemos onde ficam esses locais ...


quinta-feira, julho 05, 2007

Eu só não queria entrar na casa de banho errada


Muitos de nós ainda nos lembramos do tempo em que as casas de banho eram indistintamente utilizadas por ambos os sexos. Mais tarde, e porque os hábitos de higiene foram-se generalizando, começaram a aparecer sanitários para “Homens” e sanitários para “Senhoras”, os quais eram identificados normalmente, através de placas de metal com a indicação respectiva. Tão simples que não causavam qualquer engano ao utilizador.

Só nos casos, como dizia um amigo meu, do utilizador não se ter decidido ainda qual o grupo a que pertencia.

Com os anos, modernizaram-se os equipamentos e, com eles, foram-se actualizando também as placas identificativas constantes nas portas dos WC’s. Foram-se progressivamente substituindo as palavras “Homens/Mulheres” por desenhos simples e perfeitamente perceptíveis por quem pretendia utilizar cada uma das casas de banho.

Começaram a surgir placas mais ou menos requintadas, onde os desenhos de homens e mulheres eram desenhados com maior ou menor gosto, com maior ou menor inspiração de quem os desenhava.

Os anos foram passando e foram surgindo os mais incríveis desenhos, as mais sofisticadas e requintadas indicações que, apesar de terem um design cada vez mais atractivo e moderno, mesmo assim, nunca chegaram a provocar a mínima perturbação (de sexo) a quem as queria utilizar, mesmo nas situações mais aflitivas e urgentes.


Mas há sempre um dia em que a confusão se instala e tudo se baralha. E, das duas uma, ou eu estava tão aflito que não consegui “adivinhar” qual era a casa de banho dos homens, ou as placas são tão fashion e tão avançadas que não se consegue perceber mesmo quem é quem.
Por sorte, entrei na casa de banho que tinha o desenho da gravura da esquerda - era a dos homens.
Eu só não queria entrar na casa de banho errado!

terça-feira, julho 03, 2007

Não sei

Não sei se a vida é curta ou longa demais. Ninguém sabe, na verdade. Mas sei que a vida se vai encarregando de nos ensinar, que nada do que vivemos faz sentido se não chegarmos ao coração das pessoas, se não nos preocuparmos com elas, se não estivermos perto delas.

Muitas vezes basta ser o colo que acolhe, o braço que envolve, a palavra que conforta, o silêncio que respeita, a alegria que contagia, o olhar que acaricia.

E isso não é coisa que seja impossível de conseguir. Isso, é apenas o que dá real sentido à vida, e o que faz com que ela não seja nem curta nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira e pura ... enquanto durar.

Lembro, às vezes, aquela frase da banda desenhada dita pela Susanita, a amiga da Mafalda,

“Amo a Humanidade, o que me desgosta são as pessoas”.

Não deixemos que isso nos aconteça.

segunda-feira, julho 02, 2007

Galardão internacional premeia escola que vai encerrar


Há situações que ultrapassam tudo o que é permitido pensar e chega mesmo a ser difícil acreditar que, de facto, elas aconteçam.
Mas, como dizem os espanhóis “Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay”.
Então não é que a escola EB 23 de Pias, em Monção, acabou de receber um “prémio internacional de excelência educativa”, atribuído pelo “Conselho Iberoamericano em Honra da Qualidade Educativa”, uma distinção atribuída pela primeira vez a uma escola pública nacional, e esta mesma escola - por decisão da Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), aquela mesma Direcção que suspendeu de funções o Professor Fernando Charrua - vai encerrar?
É por estas e por outras que se sabe que muitas instituições não funcionam mesmo, ou porque estão demasiadamente presas a interesses políticos, ou porque a submissão a pessoas incompetentes é demasiada.
Não sei o que levou a DREN a encerrar a EB 23 de Pias, mas o que sei é que esse estabelecimento foi distinguido pelo mérito do seu ensino, prémio que, provavelmente, não irá receber porque, nessa altura, a escola já estará fechada.
Quando tanto se fala da primazia do saber e da competência, parece querer demonstrar-se exactamente o contrário. O prémio para uma escola que sabe motivar os seus alunos e demonstra uma qualidade de ensino superior, a ponto de ser premiada internacionalmente, o prémio, dizia, é o seu próprio encerramento.
Não dá para perceber!

domingo, julho 01, 2007

Aviso


Para que conste, torna-se público que este blogue não aceita denúncias anónimas, ou não, sobre piadas e ditos jocosos proferidos por quem quer que seja, sobre o senhor primeiro-ministro, os membros do governo ou qualquer alto funcionário do Estado, ditos jocosos que, naturalmente, estão reservados aos senhores ministros Manuel Pinho, Mário Lino e Correia de Campos.

Tais piadolas, eventualmente decorrentes de uma qualquer vingança ou ajuste de contas, poderiam desencadear, caso os aceitássemos, a instauração de um processo que, fatalmente, levaria à exoneração do humorista autor das ditas piadas e à sua natural substituição por um outro elemento que seria, como é natural, filiado no partido que presentemente nos governa.

Este blogue também não abrigará notícias de risotas ou comentários depreciativos, decorrentes de enganos absolutamente “naturais” de candidatos à Câmara Municipal de Lisboa que, nos seus discursos, sejam levados a confundir as siglas de institutos ou de empresas municipais ou nacionais, misturando, por exemplo, IPPAR com EPUL, com EMEL, com EMARLIS ou, pior do que tudo, com SLB...

Para aqueles que, apesar do presente aviso, insistirem em enviar-nos quaisquer denúncias deste tipo, incluindo aquelas que pretendam atingir e denegrir a imagem do autor deste blogue, faz-se saber que estamos equipados com todas as novíssimas tecnologias abrangidas pelo “choque tecnológico” e que, por isso, será fácil identificar quem tenha tamanha ousadia e atrevimento, o qual, será punido de acordo com os rigores estabelecidos na lei e, sendo o faltoso um funcionário público, para além dos castigos aplicáveis, será imediatamente exonerado da sua função pela Directora Regional da respectiva área.