quinta-feira, janeiro 31, 2008

Velhos são os trapos ...


Envelhecer é um processo natural e inevitável. E se, noutros tempos, era-se velho quando se chegava ao meio século, hoje com o avanço da ciência no combate às doenças, com a alimentação mais equilibrada e a prática do exercício físico, enfim, com a melhoria da qualidade de vida, a definição de velhice passou a aplicar-se a pessoas com idades bastante mais avançadas.

Isto, claro está, pode-se aplicar genericamente mas não no que concerne às empresas, para quem um trabalhador começa a ser velho aos quarenta e também para os jornalistas que teimam em chamar idosos a pessoas que tenham mais de quarenta e cinco ou cinquenta anos.

Permitam-me um breve parêntesis para manifestar o meu interesse, a minha curiosidade, em saber como vai ser resolvida a questão que opõe os governos que querem fazer trabalhar (e descontar para os sistemas de segurança social) os pobres trabalhadores até aos 65/68 anos (por enquanto) às empresas que querem mandar embora aqueles que têm 40 anos ou pouco mais. É um problema que não sei como vai terminar. O que vão fazer aos que ultrapassem os 40? Por um lado as empresas já não contam com eles, por outro os governos obrigam-nos a estar no activo até tarde para descontarem o mais possível.

Bom, mas excepções e situações à parte, perante o aumento da longevidade humana, já se fala em terceira e quartas idades. Há 10 anos a expectativa de vida era de 65-70 anos, actualmente passou para 75-80 anos, pelo que a chamada terceira idade vai hoje até por volta dos 80 anos e só depois disso se começa a falar da quarta idade, numa altura em que as pessoas começam de facto a ser idosas.

Claro que tudo isto não passa de um mero conceito e da velha mania de se querer catalogar e etiquetar tudo. Mas, como sempre digo, é perigoso e injusto generalizar. Tudo depende da saúde de cada um, dos seus aspectos físicos, psicológicos e do nível de dependência e mobilidade. Cada caso é um caso.

Mas o que mais me preocupa é o facto dos idosos, independentemente dos anos que tiverem, estarem a ser muito maltratados. Muito mais do que antes se verificava.

Como se não lhes bastasse os desamores e os desafectos que tanto os magoam, dizem as estatísticas que o fenómeno da violência contra os idosos tem vindo a aumentar em Portugal. Consta que nos últimos cinco anos este tipo de criminalidade – física, psicológica ou por negligência - triplicou. Apesar de haver consciência que muitos casos não são sequer denunciados.

É urgente cuidar dos idosos. É urgente mudar mentalidades e condenar quem sem qualquer escrúpulo abandona à sua sorte pessoas que estão naturalmente mais debilitadas e que carecem que lhes seja prestado todo o apoio, quer no que concerne à satisfação dos cuidados primários de saúde e higiene, quer no que diz respeito ao seu acompanhamento afectivo.

Como já tenho afirmado, “Os idosos necessitam de muito pouco, mas precisam tanto desse muito pouco” .

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