segunda-feira, julho 07, 2008

Os novos pecados

Já passaram quatro meses depois do Vaticano ter anunciado a lista dos novos pecados capitais. Para além dos que já existiam há séculos – a gula, a luxúria, a avareza, a ira, a soberba, a vaidade e a preguiça – Monsenhor Gianfranco Girotti, responsável pelo tribunal da Cúria Romana e número dois do Vaticano, em entrevista ao Observatore Romano anunciou que aos sete pecados já existentes a Santa Sé decidiu que, nos dias de hoje e face à nova realidade, deveriam juntar-se novos pecados.

A Igreja achou por bem reciclar-se e aproximar-se do mundo real e agregar os novos pecados, chamemo-lhes sociais, aos que já existiam e que se situam na esfera do estritamente individual.

Agora, situações relativas a manipulação genética, uso de drogas, desigualdade social, poluição ambiental, pedofilia e aborto passam a constar da lista dos novos pecados que podem custar o descanso eterno.

Se bem que eu não esteja a ver que alguém se vá confessar por não ter reciclado o lixo doméstico, o que realmente me chamou a atenção é que muitos dos representantes da Igreja já declararam que o que foi dito pelo Monsenhor Gianfranco Girotti não passa de uma posição individual perante os problemas que deparamos no mundo globalizado de hoje e não a posição oficial da Santa Sé.

E não me admira que muitos católicos reajam desta forma. Não nos esqueçamos que ainda não há muito, o Cardeal James Francis Stafford, também alto dignatário do Vaticano, anunciou que a Igreja considerava pecado passar muitas horas a ver televisão, fazer buscas na Internet ou simplesmente ler o jornal, considerando que o tempo dedicado a estas actividades não deixam tempo para a meditação e a leitura da sagrada escritura. Mas o Cardeal Stafford foi ainda mais longe considerando também como pecados o excesso de velocidade na estrada e a fuga aos impostos.

Quatro meses passaram. Continuamos a aguardar a informação oficial sobre se existem ou não, novos pecados ou se, pelo contrário, devemos continuar a considerar apenas aqueles que sempre conhecemos e que, convenhamos, estão a necessitar, também, de uma actualização face ao mundo de hoje.


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