sexta-feira, janeiro 30, 2009

A dúvida

Quando se fazem opções, nem sempre se acerta.

Dou um exemplo. Se estou metido numa fila de carros, ao lado da qual está uma outra fila de carros e ambas andam devagar, devagarinho, é certo e sabido que eu escolhi a mais lenta das duas. Mas se, num golpe de génio - aliás frequente em mim nestes mesteres da condução - consigo fazer a manobra para entrar na que ainda vai andando, tenho a certeza absoluta que, passados uns instantes, logo me vou arrepender porque essa deixa de andar e quem começa a mexer-se mais rápido é a outra onde estava antes. É a vida!

Recentemente, tive que tomar uma decisão importante. Como a Euribor não se cansava de subir, decidi que era tempo de liquidar o empréstimo à habitação que tinha num Banco. E vai daí, parti todos os porquinhos de poupança que havia lá por casa (até quebrei um de loiça das Caldas que me tinha sido oferecido pelo meu tio Artur), paguei o que devia e fiquei livre dos encargos bancários que teimavam em sufocar-me. Só que, a partir desse instante, a bendita da Euribor não parou de descer. Foi mais uma opção errada. É o destino!

De qualquer forma, eu tinha saído do aperto financeiro em que me encontrava. Preparava-me até para celebrar a ocasião quando uma dúvida insidiosa veio toldar-me o espírito. Será que em vez de brindar com umas boas taças de champanhe, não seria mais sensato correr a uma instituição bancária e contrair novo empréstimo? É que, agora, os juros estão muito mais baratos ...

quarta-feira, janeiro 28, 2009

O rating, a competência e os lobbies

Recentemente, a Standart & Poors baixou a notação de rating de Portugal de AA para A+. Sem pôr em causa a justeza da sua avaliação, nem entrar em considerações sobre as estratégias e políticas levadas a cabo pelo governo português, devo confessar que me tenho interrogado muitas vezes sobre a qualidade dos trabalhos desenvolvidos pelas agências de rating. Tenho até algumas dúvidas quanto à sua real credibilidade. Tanto mais que, infelizmente, os “buracos” têm surgido com muita frequência.

Ao longo dos anos tenho acompanhado as notações dadas pelas maiores agências de rating internacionais e a verdade é que – nalguns casos – depois dessas notas serem atribuídas, verifica-se que, afinal, elas foram tendenciosas ou destorcidas, tendo por isso acabado por influenciar os mercados e abalado a confiança dos investidores.

Em princípio, as classificações dadas por essas agências são, pretensamente, baseadas na solidez financeira das empresas e dos países e na expectativa da capacidade que essas empresas e países têm de cumprirem as dívidas contraídas. Só que o certificado dado pelas agências – com boas ou más notações – nem sempre corresponde à verdadeira situação financeira das instituições, o que leva a que os mercados reajam de uma forma inversamente proporcional à que deveriam.

Os imbróglios são muitos mas ninguém esqueceu ainda o caso recente em que a mesma Standart & Poors deu a pontuação máxima à Islândia, precisamente na véspera do governo islandês abrir falência.

Por isso se põem em causa a competência do trabalho das agências de rating e as eventuais ligações a lobbies que a elas estejam associados.

Os tempos mudaram, a segurança e o respeito pelas instituições perderam-se. Por isso, é urgente que se reconquiste a confiança nos mercados, nas instituições e nas pessoas.

terça-feira, janeiro 27, 2009

Abaixo o Mistério da Poesia

De António Gedeão,

Abaixo o Mistério da Poesia



Enquanto houver um homem caído de bruços no passeio
E um sargento que lhe volta o corpo com a ponta do pé
Para ver quem é,

Enquanto o sangue gorgolejar das artérias abertas
E correr pelos interstícios das pedras, pressuroso e vivo como vermelhas minhocas
Despertas;

Enquanto as crianças de olhos lívidos e redondos como luas,
Órfãos de pais e mães,
Andarem acossados pelas ruas
Como matilhas de cães;

Enquanto as aves tiverem de interromper o seu canto
Com o coraçãozinho débil a saltar-lhes do peito fremente,
Num silêncio de espanto
Rasgado pelo grito da sereia estridente;

Enquanto o grande pássaro de fogo e alumínio
Cobrir o mundo com a sombra escaldante das suas asas
Amassando na mesma lama de extermínio
Os ossos dos homens e as traves das suas casas;

Enquanto tudo isso acontecer, e o mais que se não diz por ser verdade,
Enquanto for preciso lutar até ao desespero da agonia,
O poeta escreverá com alcatrão nos muros da cidade:

ABAIXO O MISTÉRIO DA POESIA

segunda-feira, janeiro 26, 2009

O caso das pistolas de plástico

E se eu lhes contasse que a Câmara Municipal de Porto de Mós ofereceu neste último Natal a alguns alunos do primeiro ciclo do concelho uma pistola de plástico, os meus amigos iam acreditar? Por muito estranho que isso possa parecer, é a pura verdade.

Pois é, os senhores autarcas de Porto de Mós levaram as crianças ao circo e, para que a festa fosse completa, deram presentes aos meninos, sendo que alguns desses presentes eram pistolas. Segundo uns, daquelas que normalmente são usadas no Carnaval, segundo outros, pistolas de plástico de tiro ao alvo.

Só que, tal tipo de “prendas de Natal”, não agradou a alguns encarregados de educação por considerarem não ser o brinquedo mais adequado para as suas crianças, ainda por cima oferecidas por uma entidade pública.

Perante tanto descontentamento (e ingratidão), não pude deixar de pensar no que é que teria falhado na iniciativa da Câmara de Porto de Mós.

Se calhar, os pais e educadores não gostaram das pistolas pelo simples facto de terem sido oferecidas por uma entidade pública. Sim, porque caso tivessem sido ofertadas por um privado porventura a questão já não se colocaria.

Possivelmente, porque tal brinquedo representa (do ponto de vista dos pais) um perigo tamanho que pode vir a influenciar o carácter dos miúdos pela vida fora.

Pura demagogia, digo eu, que só a entendo numa altura em que as oposições (sejam elas quais forem) não só inventam motivos para deitar abaixo o que quer que seja, como manipulam desonestamente os encarregados de educação para tentarem atingir determinados fins políticos.

Pura demagogia, também, porque não me parece que umas inofensivas pistolas de plástico possam fazer um mal por aí além aos miúdos.

Durante a minha infância brinquei com muitas pistolas e espadas e não foi por isso que me tornei num assaltante de bancos ou num pirata.

Não me parece que este tipo de prenda constitua qualquer drama. Se pensassem um bocadinho, estes aprendizes de educadores, perceberiam que as crianças vão ficar bem mais marcadas (pela negativa) com muitas das cenas que vêem diariamente em filmes de televisão, em jogos electrónicos e, infelizmente em muitos casos, na violência doméstica dentro das suas próprias casas entre os pais ou para com os seus idosos.

Já se adivinhava

Não necessito de grandes esforços de memória para lembrar que até há poucos anos, o turismo algarvio era dirigido, preferencialmente, a ingleses, alemães e espanhóis. Também a franceses, holandeses, americanos e a mais uns quantos estrangeiros. Nunca a portugueses. Não raras vezes, experimentei na pele os péssimos serviços de restaurantes e hotéis e recordo-me que em várias ocasiões estive em restaurantes onde as listas do dia eram escritas em inglês, francês ou espanhol, porque não tinham uma só na nossa língua.

Ficava revoltado, claro, mas não havia volta a dar. Quando muito, resmungava com os meus botões, irritava-me com os empregados e, às vezes, acabava por sair para ir parar a um outro restaurante onde ia encontrar ementas semelhantes às outras, também escritas nessas mesmíssimas línguas.

Cheguei a sentenciar que um dia aquela gente teria que voltar a olhar para os turistas nacionais uma vez que esses estariam sempre por cá, enquanto que os outros não se sabia.

Mas por muito que eu imaginasse e desejasse que isso pudesse acontecer, nunca pensei que o mundo desse uma cambalhota como esta que estamos a viver. Só pretendia ser bem servido em Portugal e em português.

Até há pouco a parvoíce e a sobranceria que estavam bem patentes na hotelaria e na restauração algarvia tinham contaminado outras actividades, onde as línguas estrangeiras imperavam e os tugas eram olhados de soslaio.

Aliás, para aqueles que têm acompanhado os meus textos, recordo que em 18 de Outubro de 2006, publiquei aqui um post a que dei o nome de “Marca Portugal” onde me insurgia contra os comerciantes que expunham os seus produtos com letreiros apenas em inglês, sem que tivessem uma única indicação no nosso idioma, em que dizia nomeadamente

“… o que gostaria é que os portugueses evitassem a todo o custo este tipo de lojas. Lojas que por não terem respeito por nós, deviam ir à falência. Isso, deixem-nos falir, deixem que a estupidez dos seus proprietários dite o seu próprio fim. Comigo não contam nem que eles estejam a vender os artigos ao preço da uva mijona”.

Pois agora nem ao preço da uva mijona conseguem vender os seus produtos e serviços. As lojas já não têm os seus consumidores estrangeiros e os restaurantes e hotéis perderam os seus clientes de outros países. Muitos fecharam e o desemprego nestas áreas subiu brutalmente.

E a confirmá-lo eis que a Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) divulgou esta segunda-feira os dados do turismo no Algarve em 2008, em que se constata que o balanço não é positivo, uma vez que se verificaram quedas em quase todos os indicadores. Registou-se uma baixa de visitantes estrangeiros e a despesa feita por quem nos procura é cada vez menor.

Chegou, então, a hora de voltarem a olhar para o turismo nacional. De fazer aquelas promoções fantásticas que foram direccionadas durante anos e anos apenas para os que vinham de fora. Ousem, agora, praticar preços mais atractivos para os portugueses e tratem-nos com o respeito e o profissionalismo a que temos direito. Pode ser que com essas campanhas consigam taxas de ocupação bem mais satisfatórias, de modo a viabilizar a manutenção dos postos de trabalho e das estruturas empresariais.

Já se adivinhava que esta reviravolta poderia vir a acontecer um dia. E não poderá ser de outra forma. Pelo menos, enquanto a crise económica e a incerteza continuarem.


quinta-feira, janeiro 22, 2009

Obama visto por Saramago

Aquele a quem no meu último texto chamei “O Homem do Dia” – Barack Obama - não perdeu tempo e, logo no primeiro dia de funções, mostrou que das suas palavras inspiradoras da véspera era tempo de passar à acção e assinou dois diplomas que prometem pelo seu significado: mandou suspender por 120 dias os processos contra os presos de Guantánamo para reavaliar a situação e congelou os salários dos colaboradores mais directos.

Terá sido um bom início

Sobre Obama, José Saramago escrevia no seu blogue:


“Donde saiu este homem? Não peço que me digam onde nasceu, quem foram os seus pais, que estudos fez, que projecto de vida desenhou para si e para a sua família. Tudo isso mais ou menos o sabemos, tenho aí a sua autobiografia, livro sério e sincero, além de inteligentemente escrito. Quando pergunto donde saiu Barack Obama estou a manifestar a minha perplexidade por este tempo que vivemos, cínico, desesperançado, sombrio, terrível em mil dos seus aspectos, ter gerado uma pessoa (é um homem, podia ser uma mulher) que levanta a voz para falar de valores, de responsabilidade pessoal e colectiva, de respeito pelo trabalho, também pela memória daqueles que nos antecederam na vida. Estes conceitos que alguma vez foram o cimento da melhor convivência humana sofreram por muito tempo o desprezo dos poderosos, esses mesmos que, a partir de hoje (tenham-no por certo), vão vestir à pressa o novo figurino e clamar em todos os tons: “Eu também, eu também.” Barack Obama, no seu discurso, deu-nos razões (as razões) para que não nos deixemos enganar. O mundo pode ser melhor do que isto a que parecemos ter sido condenados. No fundo, o que Obama nos veio dizer é que outro mundo é possível. Muitos de nós já o vinhamos dizendo há muito. Talvez a ocasião seja boa para que tentemos pôr-nos de acordo sobre o modo e a maneira. Para começar.”

terça-feira, janeiro 20, 2009

O homem do dia

Pareceria mal que a minha crónica de hoje não tivesse por tema o novo inquilino da Casa Branca, Barack Obama. Embora, nestes últimos meses, já se tivesse dito tudo o que havia para dizer sobre ele.

Mas hoje é um dia histórico. A sua tomada de posse como 44º Presidente dos Estados Unidos – que terminou há pouco – constituiu um momento inesquecível e de grande emoção para a nação americana e para todo o mundo.

A exemplo do que aconteceu com milhões de pessoas em todo o planeta, também segui pela televisão todo o entusiasmo que era bem visível na imensa multidão que quis ver de perto a cerimónia.

Vi essa excitação vibrante e ouvi do novo presidente um discurso simples mas vigoroso, claro na afirmação dos valores fundamentais de qualquer sociedade e que tão caros foram aos fundadores da nação americana. Mas Obama, nesse discurso de profundo patriotismo, foi bem mais longe ao dizer que “o bem colectivo é muito mais do que a soma das felicidades individuais”. Um aviso? Talvez, mas seguramente uma ideia que nos faz acalentar uma grande esperança.

Esperança e expectativa.

Mas para além de um acto histórico e tão cheio de simbolismo, apraz-me registar dois aspectos marginais à posse do Presidente Obama e que têm a ver com os portugueses:

Um diz respeito a uma promessa de Barack Obama que garantiu que vai haver uma presença portuguesa na Casa Branca. Um “cão de água” português será companheiro de brincadeiras das filhas do Presidente.

O outro, o facto de na pequena aldeia de Casa Branca do nosso Distrito de Portalegre, ter sido hasteada hoje a bandeira norte-americana. O Presidente da Junta de Freguesia justificou o acto pelo paralelismo do nome da terra com o da outra Casa Branca de Washington D.C..

Porém, desenganem-se aqueles que pensaram que a Primeira-Dama vestia um modelo de um estilista da nossa Cuba. Quem realmente desenhou o conjunto de Michelle Obama foi um designer de Cuba, sim, mas do Fidel.


segunda-feira, janeiro 19, 2009

Então, em que ficamos?

Agora que o ciclo eleitoral se aproxima e os portugueses tentam, mais do que nunca, adivinhar as entrelinhas escondidas dos discursos dos políticos, é frequente ficarmos com a cara à banda sem saber o que pensar. Sobretudo se as afirmações dos responsáveis de um mesmo partido são completamente antagónicas.

Veja-se, por exemplo, o caso do TGV. Enquanto que, no reinado de Durão Barroso, a então Ministra das Finanças e actual líder do partido – Drª. Manuela Ferreira Leite - assinou um acordo com Espanha sobre o projecto da rede de alta-velocidade ferroviária, a mesma senhora vem agora dizer que se trata de um projecto caríssimo, que não vai ter qualquer viabilidade e que, portanto, deve ser abandonado imediatamente.

Declarações que foram proferidas no mesmíssimo dia em que duas delegações parlamentares do Congresso dos Deputados de Espanha e da Assembleia da República Portuguesa, esta última, chefiada pelo Deputado e Vice-Presidente da AR Guilherme Silva, do PSD, assinavam um documento em que pediam celeridade no projecto do TGV.

Isto é, a Presidente do PSD diz uma coisa e o seu Vice da Assembleia da República diz outra completamente ao contrário. Então, em que ficamos?

domingo, janeiro 18, 2009

What Else?

Pelo título da crónica de hoje e pela foto que se publica aqui ao lado, já perceberam que vou escrever sobre uma certa marca que até se dá ao luxo de colocar um copo do seu café em cima da cara de um dos homens mais charmosos da actualidade. Estou a referir-me a George Clooney, claro.


Não comento nem a estética nem a criatividade da fotografia. No entanto, não posso deixar de questionar sobre a eficácia da estratégia seguida por muitas marcas nacionais e internacionais que associam figuras conhecidas, normalmente actores e desportistas, ao uso dos produtos que essas marcas representam. Temos inúmeros exemplos desses “casamentos”. O que nos leva à eterna discussão sobre se as figuras globais (como Clooney) conseguem mesmo promover as marcas que anunciam, de forma a que estas se tornem igualmente globais. Neste caso, a frase “What Else?” já todo o mundo a conhece. E quanto à marca que comercializa o café, será que toda a gente sabe qual é?

Não é, contudo, desta “dúvida existencial” que eu quero falar hoje. Desta vez, apenas pretendo referir-me à Nespresso. À marca propriamente dita.

Como muitos saberão, a primeira loja da marca em Lisboa fica numa das melhores zonas da capital, no Chiado. Rapidamente se tornou num ponto de encontro (frequente, por sinal) dos apreciadores de café. Primeiro para comprar as máquinas (que eram também vendidas noutros espaços), de seguida para adquirir as cápsulas de café (todas elas vistosas de cores e magníficas de sabores) e, por fim, para beber cafezinhos a qualquer hora do dia, completamente de graça.

Dado que quem ali se deslocava tinha à sua disposição os mais diferentes paladares, faziam-se verdadeiras romarias para beber café à borla e sem ter que fazer qualquer compra.

Porém, ano novo, vida nova. A Nespresso já conhecida do grande público, com créditos assegurados pela qualidade que apresenta e cansada de tanto abuso de um povo que confunde “degustação de café” com “bar aberto”, fechou a torneira e passou a servir a “bica” apenas aos seus clientes que ali vão às compras. E fá-lo de forma personalizada e com toda a simpatia. Por enquanto, gratuitamente.

Pois é, acabaram-se as excursões. A loja está muito mais acolhedora, livre dos abutres que a frequentavam e a funcionar naquilo que, à partida, se esperava de uma loja de cafés – vender café e produtos afins, dando jus, afinal, à frase “What Else?”



A terminar, deixo-vos um anúncio da Nespresso (mais um com George Clooney) que, confesso, não me recordo de ter visto passar no nosso país.






quinta-feira, janeiro 15, 2009

Do jogo, nada

No último domingo estive num aniversário. Às tantas, o dono da casa, benfiquista ferrenho, empurrou-me até ao televisor para assistir a um fantástico jogo de futebol que ia ser transmitido em directo do Estádio da Luz pelo novo canal Benfica-TV. Para além do jogo em si, confesso que tinha alguma expectativa em saber o que é que uma estação de televisão que é propriedade de um clube desportivo poderia oferecer de interessante.

E o inesperado aconteceu. Durante o tempo todo, as câmaras apenas focaram o relator da partida e o comentador desportivo, o treinador do clube da casa, os jogadores do glorioso em exercícios de aquecimento, os espectadores nas bancadas e um ou outro bocado do relvado onde se via vivalma. Do jogo, nada, rigorosamente nada. Só passaram as imagens que descrevi, durante os 90 minutos regulamentares e mais os tempos de compensação.

E, porque é que isto aconteceu? Apenas e só porque o clube tinha vendido antecipadamente os direitos de transmissão a uma outra estação de televisão e não restava outra possibilidade à Benfica-TV do que fazer chegar aos milhões de telespectadores em todo o mundo, os aspectos colaterais do jogo.

O que “vi” foi um relato de rádio transmitido em directo pela televisão. Nem mais. Porventura com um colorido mais intenso mas, seguramente, com uma emoção muitíssimo menor do que aquela que as tradicionais transmissões radiofónicas conseguem fazer chegar às pessoas.

quarta-feira, janeiro 14, 2009

À espera

Nestas últimas semanas de frio intenso, tenho estado à espera que uma constipação mais forte ou uma gripe realmente a sério desabem sem piedade sobre mim, de tal forma que os médicos venham a concluir que, depois de tantas febres e incómodos, apenas me reste uma única saída – a reforma.

Não que eu a deseje. De todo. Só que, estando numa situação de reforma, tenho esperança de alcançar qualquer benesse (por pequena que seja) que outros já conseguiram. E sem grande esforço, diga-se.

Para não massacrar a minha memória já gasta, não vou lembrar os muitos que conseguiram reformar-se com pensões obscenas por completamente exageradas, os que tiveram direito a pensões chorudas com meia dúzia de anos de serviço nem os muitos que se reformaram de uns sítios para ir trabalhar noutros, ganhando de um lado e do outro.

Por agora, basta-me a leitura dos jornais das últimas semanas para conhecer os casos de dois ex-administradores da Caixa Geral de Depósitos, António Vila Cova e Gracinda Raposo de seus nomes, que foram reformados da CGD por invalidez e, que, de seguida, entraram pela porta grande de grupos financeiros e industriais.

Vila Cova era administrador executivo da Caixa e foi assumir o cargo de administrador executivo do Banco Português de Negócios, entretanto nacionalizado (vamos ver se, entretanto, não virá a ter direito a mais uma pensão de reforma) e é agora administrador executivo da Sociedade Lusa de Negócios que controlava anteriormente o BPN.

Gracinda deixou a CGD para ser assessora da Administração do Banco Santander Totta (um concorrente da Caixa), administradora da empresa de capital de risco ECS e, ainda, administradora do grupo construtor A. Santo.

Ora, para quem se reformou por invalidez - recordo que invalidez é a qualidade ou estado de inválido, e que inválido significa que não é válido, que é doente, enfermo, incapaz, que não tem validade ou que é nulo (enquanto adjectivo) e pessoa impossibilitada de trabalhar (se for substantivo) – temos que reconhecer que se registaram verdadeiros milagres. Logo dois.

É exactamente de um milagre desses que eu também estou à espera. Tenho esperança que o fungar e as dores de cabeça trazidas pela constipação não me abandonem até que a junta médica me considere sem qualquer préstimo, bom, portanto, para avocar uma presidência de uma grande empresa com, naturalmente, o vencimento correspondente.

“Ah! Ah! Ah! Tchim!”. Desculpem!

Não, não me desejem “saúde!”, digam, simplesmente, “santinho!”


“É o máior”


Julgava que os meus amigos não dariam pela coisa mas, afinal, foram muito perspicazes. De facto, não se admite que me tivesse “esquecido” de rabiscar umas linhas em louvor do melhor jogador de futebol do mundo.


E daí a ter tido a minha caixa de correio electrónico e o meu telemóvel completamente empanturrados de mensagens foi um instante. Alguns desses amigos perguntavam-me se não gostava do Cristiano Ronaldo ou se tinha embirrado com ele só pelo facto de ser da mesma terra do Alberto João Jardim. Outros, apontavam-me o dedo por já ter escrito sobre outros nomes que também atingiram os lugares máximos das suas especialidades, caso da Vanessa Fernandes, do Francis Obikuelo e de outros e ficar num silêncio absoluto em relação ao Ronaldo.


Não, não é nada disso. Só que achei que, anteontem, as rádios e as televisões fizeram uma cobertura tão grande durante todo o dia e toda a noite que pensei que aquilo que eu pudesse dizer nada ia acrescentar.


Gosto muito de futebol e claro que admiro as qualidades únicas do Ronaldo, as suas capacidades futebolísticas inquestionáveis, as suas fintas, os seus arranques e os seus remates magníficos. Adoro vê-lo jogar (na nossa Selecção nem tanto). Mas tudo isso e muito mais, foi dito e redito até à exaustão pelos diferentes sectores da comunicação social. Ele é o maior futebolista do mundo de 2008. É justo que ele tivesse ganho o prémio e sinto-me orgulhoso por isso.


Contudo, e se me permitem a sinceridade, achei que a tão legítima homenagem nacional foi um tanto desproporcionada relativamente a outros feitos alcançados por outros portugueses. A verdade é que não vi tamanho entusiasmo quando Luís Figo, em 2001, ganhou este mesmo troféu. Nem vi tanta alegria quando, em 2008, foi atribuída ao arquitecto Siza Vieira a Royal Gold Medal for Architecture, o equivalente ao Prémio Nobel da Arquitectura. Nem descortinei tanto arrebatamento quando, ainda em 2008, a cientista Elvira Fortunato foi distinguida com o primeiro prémio na área da Engenharia do European Research Council , também uma espécie de Prémio Nobel europeu. Nem sequer assisti a tão grande manifestação de orgulho nacional quando o nosso José Saramago, em 1998, foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura.


Se bem que perceba que, neste mundo global, Ronaldo é não só o fantástico jogador que maravilha quem gosta de futebol mas, igualmente, o veículo privilegiado de publicidade de um país e de marcas e produtos internacionais que se vendem em todo o mundo, não posso deixar de sentir que os nomes que mencionei, e não só, mereciam bem o nosso reconhecimento, que deveria ter sido manifestado com a devida pompa, circunstância e gratidão. Afinal, eles distinguiram-se e subiram ao degrau mais alto dos pódios mundiais. São os (ou dos) melhores do mundo.


“O futebol é assim”, como se diz em “futebolês”. A mediatização de uma jogada ou de golo, repetidamente projectado nas televisões faz, por vezes, esquecer outras questões também relevantes. Afinal, tudo se traduz, em minha opinião, numa questão de perspectiva do momento.


Mas para que se aquietem os meus amigos, sempre lhes digo que sou fã do Cristiano Ronaldo, fiquei muito feliz por ter ganho o prémio e espero, como ele “ameaçou”, vê-lo de novo vencedor no próximo ano.



segunda-feira, janeiro 12, 2009

Uma bela prenda de Natal

Agora que terminou o momento (quase sempre) mágico da troca de presentes, é tempo de vos dizer como fiquei feliz em constatar que ainda existe gente que continua a preocupar-se com os outros. O que mostra que a sensibilidade das pessoas, a manifestação real do seu Ser, como agora se diz, continua a fazer prevalecer o verdadeiro espírito de Natal.

E isso viu-se bem quando os membros do governo entregaram a sua prenda de Natal ao primeiro-ministro. Um “voucher” de 2550 euros para gastar em roupa na Loja Fashion Clinic, uma boutique muito “in” que tem portas abertas em Lisboa e no Porto.

Para além de José Sócrates necessitar realmente de ter a sua auto-estima lá bem no alto para tentar ultrapassar todas as dificuldades que estão para desabar sobre os portugueses, é necessário não esquecer que ele foi eleito, no ano que findou, o 6º mais elegante do mundo.

Por estes motivos, e, ainda, porque há três eleições este ano para disputar, convém que José Sócrates - para seu próprio bem, do seu partido e, quem sabe, para o bem do país - esteja verdadeiramente seguro de si.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Votos para 2009

Em todas as reportagens que vi e ouvi na comunicação social e nas muitas pessoas com quem contactei nos últimos dias do ano que terminou e nos primeiros deste ano, constatei que os desejos mais sentidos para 2009 foram a saúde, a saúde e … a saúde. A seguir, as principais preocupações centraram-se na paz para os portugueses e para o mundo em geral, na manutenção do emprego e no inevitável “que seja tudo melhor”, acabando como sempre no clássico “é preciso é saúde”.

Curiosamente, não descobri um só português que se tivesse mostrado desassossegado (e receoso pelas consequências) com os "enormes perigos" provocados pela promulgação do “Estatuto Político-Administrativo dos Açores”.

Pode Cavaco Silva proferir que o facto de uma lei ordinária alterar a Constituição constitui um precedente grave. Pode o Governo afirmar que o diploma, no seu conjunto, é um bom documento e que os dois artigos que estão no olho do furacão são meras minudências. A verdade é que o cidadão comum não se mostra minimamente preocupado com essas divergências que estão a milhas de distância das suas verdadeiras preocupações.

Aliás, já todos percebemos que nem existe um "conflito" digno desse nome. Se o problema fosse tão-somente de natureza jurídico-constitucional, o Presidente deveria ter mandado o assunto ao Tribunal Constitucional para que fosse analisado e não o fez. Se a pendência era, apenas, do foro político (como se sabe que era) então nada a fazer. Ora, como, naqueles dois pontos, existem interpretações diferentes das duas partes, o assunto correu os seus trâmites e ponto, não há motivos para o propalado amuo entre Belém e S. Bento nem se regista qualquer quebra de lealdade institucional.

De resto, como frisou José Sócrates na entrevista que deu à SIC, em democracia, a lealdade não significa obediência

O que vos posso afirmar é que nem uma das minhas doze passas de passagem de ano foram dedicadas a tão tormentoso (?) problema.

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Um conselho de Amigo




Esqueçam a velha máxima “No meio é que está a virtude”, revejam o vídeo e ponderem nas palavras da Brigada de Trânsito.

Para além de todos os problemas que poderemos evitar, lembrem-se que a coima é pesada.

Vamos – todos - tentar cumprir.

terça-feira, janeiro 06, 2009

Ai se fosse comigo …


Embora fosse essa a intenção, não consegui escrever ontem sobre a entrevista que o primeiro-ministro, José Sócrates, concedeu à SIC.

Da SIC da entrevista aos Prós e Contras da RTP1 (em que se tratou do mesmo assunto), aos comentários dos diversos analistas políticos, politólogos, jornalistas encartados e partidos políticos, de tudo ouvi.

Como de costume, houve quem gostasse muito do P.M., quem contra ele aduzisse os argumentos de sempre, quem achasse que a conversa estava toda combinada, quem tivesse ficado agradado com a sua firmeza e quem ficasse com a certeza que a única solução para o país era mudar imediatamente de primeiro-ministro. Nada de novo, portanto.

O que eu não consegui descobrir foi uma só opinião sobre a atitude dos jornalistas que conduziram a entrevista. E, para mim, eles foram agressivos, desafiadores (no mau sentido) e muito arrogantes. Sobretudo Ricardo Costa que chegou a roçar a má educação quando disse (com todas as letras) que o que José Sócrates afirmava era mentira.

Caramba, os jornalistas não têm o direito de expor quem entrevistam a tamanhos despautérios.

Afinal, convidaram o primeiro-ministro a ir a sua casa (à SIC) e mais não tinham que fazer que colocar todas as perguntas que entendessem e esperar pelas respostas. Não lhes cabe, enquanto entrevistadores, emitir opiniões políticas nem tão-pouco destratar os entrevistados.

Toda aquela agressividade, sobretudo na primeira metade da entrevista, foi absolutamente desnecessária e, em minha opinião, acabou por favorecer Sócrates (de quem muitos dizem ser arrogante) que não reagiu à provocação.

Se eu estivesse no lugar de José Sócrates, quase de certeza que não teria tido tanta paciência e, provavelmente, ter-me-ia levantado e saído. Por muito menos, Santana Lopes já tomou essa atitude.

Receita de Ano Novo

No início deste 2009, deixo-vos com uma mensagem/poema do grande escritor de contos, cronista e poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

“Ganhem” um Bom Ano de 2009. São os meus votos!

domingo, janeiro 04, 2009

Festas Felizes

Neste vaivém de votos de Boas-Festas, tão característico da quadra natalícia e de um novo ano que começa, gostaria de partilhar convosco uma das mensagens que me foi enviada e que, se assim posso dizer, dá uma nova perspectiva, um novo sentido, a uma já banal expressão desta época.

Ora vejam:


“Talvez não seja por acaso que na expressão “Festas Felizes” ambas as palavras comecem por “”.

Talvez seja uma dessas casualidades que nos fazem pensar que muitas das coisas que acontecem dependem de nós, das nossas vontades e dos nossos desejos. Acreditar que tudo é possível. A isso chama-se fé. Talvez a palavra “fé” estivesse escondida e só precisasse de uma desculpa para se mostrar e contagiar-nos a todos com o seu significado …”.

Curiosa esta abordagem. Atrever-me-ia até a dizer que, de certo modo, muitas das coisas que pretendemos e/ou conseguimos na nossa vida, passam fundamentalmente pelo nosso querer. Daí que seja oportuno recordar um dos lemas da campanha de Barack Obama “Yes We Can”.

Desejo-vos, mais uma vez (porque ainda estamos em tempo de Festas), FESTAS FELIZES e BOM ANO NOVO!