quarta-feira, abril 29, 2009

A auto-estima

Está na moda as empresas contratarem especialistas (que estão a “nascer” todos os dias e, muitos deles, norte e sul-americanos) para tentarem convencer os seus quadros e colaboradores de que a auto-estima de cada um pode fazer ultrapassar todas as dificuldades e, dessa maneira, conseguirem melhores performances profissionais e pessoais.

Custa a acreditar como é que pessoas cinzentas, acabrunhadas, desmotivadas e em situação de stress permanente conseguem, depois dessas palestras, ficar motivadas e confiantes quer em relação à sua prestação profissional quer em quanto ao seu estado emocional.

Mas, ao contrário do que se possa pensar, não são só as empresas privadas a tomarem tais iniciativas nem são apenas os ditos “experts de motivação” que são contratados. Lembro-me que, há poucos anos, os CTT “convidaram” Luíz Felipe Scolari. Agora foi a Direcção-Geral dos Impostos que chamou o actual treinador da selecção nacional de râguebi, Tomaz Morais, para uma intervenção sobre liderança, no intuito de motivar os funcionários dos impostos. Motivar, digo eu que sou má-língua, para serem mais eficazes e “inventarem” novos processos de nos arrancarem mais umas massas. Ou, quem sabe, para que esses profissionais da DGI desistam da greve que já anunciaram para breve.

Tenho consciência que a auto-estima é uma das nossas forças secretas. Mas o que me faz alguma confusão é o facto de muitas pessoas só conseguirem reagir quando alguém de fora os vem despertar para as atitudes que, eles próprios, tinham a obrigação de promover.

Há uns dois anos assisti a uma palestra de uma conferencista famosa, Leila Navarro (brasileira, lá está), que abordava diversos temas, sempre naquela perspectiva de que nós somos capazes, nós é que decidimos o que queremos fazer da nossa vida, e por aí fora. Em suma, um discurso que pretendia incutir aos presentes que a auto-confiança é tudo.

Fui buscar ao You Tube um pequeno vídeo, precisamente de Leila Navarro, sobre Adaptabilidade. Ora vejam





Já sabem, agora adaptem-se.

terça-feira, abril 28, 2009

De pequenino é que …

O ditado é antigo, “De pequenino é que se torce o pepino”. Que é como quem diz, desde cedo é que se devem ensinar valores e princípios às crianças.

Valores, princípios ou intuição, escolham o que acharem mais apropriado para classificarem o vídeo que se segue






Concluindo, a água é um bem inestimável e não se pode desperdiçar porque é escasso.

Fica a mensagem …


segunda-feira, abril 27, 2009

S. Nuno



Vaticano, 26 de Abril de 2009. D. Nuno Álvares Pereira foi proclamado Santo pelo Papa Bento XVI que elogiou a sua generosidade e o considerou um exemplo para a sociedade actual.

Como portugueses a canonização de um insigne lusitano deixa-nos satisfeitos. Mas são sobretudo os católicos que mais sentem esse orgulho legítimo.

Na verdade D. Nuno foi o brilhante comandante das nossas tropas que venceram os castelhanos em Aljubarrota em 1385. Foi um nobre, um estratega militar, um religioso, um beato e, agora, um santo.

Se por um lado, o que mais me impressiona na história do Condestável é o facto de ele ter sido uma pessoa poderosíssima, talvez até o homem mais rico do Portugal de então e que, em determinada altura, voltou as costas a todas as honrarias e riquezas para se tornar um carmelita, por outro, não posso deixar de me admirar com o motivo que foi preponderante para que o Vaticano o viesse a canonizar.

E essa razão teve a ver com uma mulher de 61 anos que estrugia um petisco ao lume quando uns salpicos de óleo lhe queimaram gravemente um olho. Perante tamanhos tormentos, a mulher valeu-se de tudo o que tinha a mão, os remédios prescritos pelos médicos e, fundamentalmente, a sua fé no beato Nuno Álvares Pereira a quem rezou com fervor. E não é que ficou curada?

Os relatórios médicos confirmaram que a ciência não tinha explicação para o caso. A cura da córnea do olho foi de tal modo inesperada que o próprio Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, chegou a considerar que não fazia ideia se o milagre se devia ao resultado dos medicamentos ou à vontade divina.

De qualquer forma, temos a partir de agora mais um santo português, o oitavo desde a fundação da nacionalidade - S. Nuno Álvares Pereira ou o “forte Dom Nuno”, como lhe chamou Camões.



quinta-feira, abril 23, 2009

Recordando a Crise Académica de 69

O início da chamada “Crise Académica de 1969”, em Coimbra, aconteceu há precisamente 40 anos, feitos na passada sexta-feira, dia 17.

Muito resumidamente, recordo que o mal-estar na Universidade e no país já se vinha sentindo há tempos, reflexo provável do que acontecera em Maio de 68 em França. Mas o que se passou de facto no dia 17 de Abril de 1969 na inauguração do Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra foi que, o então Presidente da Direcção-Geral da Associação Académica, Alberto Martins, levantou-se para pedir a palavra e o Presidente da República, Américo Tomás, não lhe ligou peva e encerrou a sessão sem ouvir o que os estudantes tinham para lhe dizer.

O que se passou a seguir foi o que a rapaziada daquele tempo já estava habituada. Nessa mesma noite a PIDE prendeu Alberto Martins, durante a madrugada registaram-se confrontos com a polícia de choque e a “crise” começou. Houve luto estudantil e os jovens universitários começaram a usar as aulas – e não só – para locais onde discutia a situação que se vivia no país. Em 6 de Maio a Universidade foi encerrada por decisão governamental. E tudo porque a vontade dos estudantes era querer uma “Universidade Nova num Portugal Novo”.

Vejam por esta breve descrição como havia uma enorme vontade de mudança e a forma como este Abril (de 1969) prenunciou, também, o Abril que viria poucos anos mais tarde, em 1974.


Mas esta lembrança de um tempo da nossa história recente tem um outro objectivo. É que a efeméride que agora recordei foi aproveitada por uma estação de rádio para fazer um inquérito aos jovens que hoje frequentam a Universidade de Coimbra, em que se pretendia apurar se sabiam o que tinha sido a “crise académica de Coimbra em 69”.

Inquiridos universitários de várias Faculdades, incluindo os de História, ninguém fazia a mais pálida ideia do que é que se estava a falar. Nem um. Perdão, houve um brasileiro, a estudar em Portugal desde o início do ano lectivo, que conseguiu articular o que de mais relevante tinha acontecido naquele longínquo ano de 1969. Saravá meu irmão!


Penso que a culpa desta enorme falha de informação não poderá ser atribuída apenas aos jovens. Provavelmente, a maior quota-parte da responsabilidade deve ser imputada a quem pensa e dirige a educação em Portugal, nomeadamente na elaboração das matérias que fazem parte dos programas escolares oficiais. E quando, no ensino, se passa por cima de factos que foram relevantes na nossa História, ainda por cima contemporânea, então pomo-nos a questionar porque é que, afinal, ficamos tão surpreendidos?


quarta-feira, abril 22, 2009

Medida anti-crise?

Não pretendia comentar a entrevista que o primeiro-ministro concedeu ontem à RTP. Não queria nem vou fazê-lo, mas não resisto à tentação de salientar uma medida anti-crise que o governo pôs em prática e que não deu conta ao país, certamente por não querer que o acusem de eleitoralismo.

Então não é que alguns dos tão propalados e populares computadores Magalhães que os alunos compraram por apenas por 50,00 euros, por iniciativa do Ministério da Educação, foram encontrados à venda em estabelecimentos de produtos informáticos em segunda mão?

É verdade, começaram a aparecer nessas lojas computadores Magalhães (e outros fornecidos no âmbito do programa e-escola) que estão a ser vendidos por 125,00, 160,00 e até por 225,50 euros. E, recorde-se, neste momento, 320 mil crianças já têm o Magalhães.

Ou seja, o governo investiu uma pipa de massa numa ferramenta que se destina a familiarizar os jovens com as novas tecnologias e a dar-lhes melhores meios de aprendizagem e, por outro lado, os progenitores desses jovens apropriam-se dos aparelhos e vão a correr às lojas vendê-los.

É aqui que se dá conta daquela medida anti-crise que vos referia há pouco. Com este sistema das famílias comprarem computadores por 50,00 e vendê-los por 125,00 (no mínimo), ganham nesse pequeno negócio nada mais do que 75,00 euros.

Depois dos apoios às micro e pequenas e médias empresas, às famílias, aos diversos sectores de actividade, aos bancos, enfim, todas aquelas medidas que têm sido sobejamente divulgadas, digam-me cá, esta é ou não é mais uma boa iniciativa do governo para ajudar as famílias?

Os pilha-galinhas

Ouviram, por mero acaso, falar daquele homem que roubou duas galinhas e que o Ministério Público entendeu deduzir acusação contra o perigoso malfeitor levando-o, portanto, a julgamento?

Pois é, o famigerado pilha-galinhas já estava com guia de marcha para ir a tribunal mas, no último momento, conseguiu safar-se, apenas e só, porque o dono das galinhas desistiu da queixa mesmo em cima da data do julgamento.

O homem era acusado de roubar um “tesouro” avaliado em 50 euros e, por isso, a justiça preparava-se para actuar.


E ouviram, por acaso, falar daqueles gestores públicos que foram multados a título pessoal e que pagaram as coimas com orçamentos dos próprios serviços?

Ai não? Pois o Tribunal de Contas detectou vários gestores públicos autárquicos, multados pelos tribunais, que estão a pagar as multas com dinheiro público e não do próprio bolso, o que é uma prática ilegal e muito grave.

Apesar de ter sido gasto dinheiro dos contribuintes e dos valores em causa poderem chegar aos milhões de euros, até agora, pelo menos, a justiça ainda não actuou e nem se sabe sequer se vai actuar. Pensa-se que – talvez – esses gestores tenham que vir a devolver o dinheiro usado indevidamente. Quanto aos aspectos criminais, aí a coisa fia mais fino, uma vez que, provavelmente, eles nunca verão a luz do dia.

Coitados dos pilha-galinhas deste mundo.

segunda-feira, abril 20, 2009

A questão da mensagem



Digam-me com franqueza, se o cartaz não estivesse escarrapachado e em grande plano aqui no “Por Linhas Tortas” dariam por ele? É claro que não. Apesar de estar “plantado” nas ruas e praças deste país tenho a certeza que os meus amigos têm passado majestaticamente pelo painel sem lhe ligarem a mínima.


Dá até a impressão que os criativos que trabalharam para esta campanha do PSD não se esforçaram lá muito. Para além de, reconheça-se, terem conseguido uma imagem bem retocada e apresentável da Drª. Manuela.


Mas será que o cartaz pretendeu apenas e só projectar a imagem da líder? Porque não foram um pouco mais ambiciosos, porventura optando por cores menos “cinzentas” que o tornam tão-pouco apelativo. Como já vi escrito algures, “de noite não se vê e de dia não dá vontade de ver”.


Para mim, no entanto, o pior do cartaz é a frase que sobressai mais do que a própria figura da líder do PSD, “Política de Verdade”. Mesmo que tivessem pretendido colar a mensagem à seriedade que todos reconhecem a Manuela Ferreira Leite, penso que a iniciativa foi pouco feliz. Primeiro porque não foram nada criativos com um slogan que está demasiado estafado e que em si mesmo pouco significa. Depois, e sobretudo, porque no nosso país já poucos acreditam no casamento entre a política e a verdade. Vá lá saber-se porquê.


Enfim, os publicitários poderão fazer um julgamento mais técnico. Para já, li a opinião de Einhart da Paz, um criativo brasileiro que já trabalhou para o PSD, que disse: “Este é o cartaz que eu pediria a Deus que o meu adversário fizesse”.



quinta-feira, abril 16, 2009

Eles nunca mentem …

Publicado no Diário da República, 1.ª série, nº. 60, de 26 de Março de 2009:


“7 — A palavra do Deputado faz fé, não carecendo por isso de comprovativos adicionais. Quando for invocado o motivo de doença, poderá, porém, ser exigido atestado médico caso a situação se prolongue por mais de uma semana”.


Claro que não ponho em causa a palavra dos deputados nem a sua boa-fé. Apenas me interrogo sobre o que levou aqueles senhores a aprovarem uma lei que só os abrange a eles e que constituiu uma situação de privilégio relativamente aos outros trabalhadores quer do Estado quer do privado.

Não posso deixar de achar estranho que os empregados da função pública que “metam parte de doente” tenham cinco dias para entregar um atestado médico porque, se não o fizerem, arriscam-se a ter um processo disciplinar às costas, enquanto que para os senhores deputados basta a sua palavra para justificar as faltas até sete dias.

Deputados não são funcionários públicos, dirão. É verdade. Só que ao cidadão comum é difícil perceber porque é que a palavra, a seriedade, que se reconhece aos deputados vale mais do que a palavra e a seriedade dos outros.


quarta-feira, abril 15, 2009

Promoções profissionais

Investigadores da Universidade britânica de Warwick ao tentarem saber se uma melhoria do estatuto profissional tornaria as pessoas mais felizes e saudáveis em consequência da subida da sua auto-estima, concluíram que, afinal, as promoções profissionais provocam mais 10% de stress.

“Obter uma promoção no trabalho não é tão fantástico como se poderia julgar", afirmou um dos autores do estudo.

Então, depois de décadas de trabalho intenso, sempre em busca dos melhores desempenhos e não regateando esforços nem disponibilidades para corresponder aos desafios das minhas entidades empregadoras e, naturalmente, para tentar subir na vida, vêm-me agora dizer que, afinal, as promoções no trabalho aumentam o stress mental?

Obrigadinho por só agora me dizerem isso.

Eu bem que desconfiava que o meu cansaço crónico se devia ao trabalho excessivo e à pressão que pousava sobre os meus ombros todos os dias do ano, incluindo uma boa parte dos fins-de-semana e das férias. Mas o que eu não fazia ideia é que 10% desse peso fosse causado pela ânsia de subir numa carreira feita de patamares infindos que sempre aumentavam quando atingíamos mais um.

Afinal, se um melhor estatuto não corresponde a uma melhoria da saúde e da satisfação pessoal, digam-me lá se vale a pena tanto esforço?

Atenção novas gerações, ponham os olhos nos resultados deste estudo e façam o favor de ter um pouco mais de cuidado com os vossos cérebros e os vossos corações.

Um dia agradecer-me-ão este aviso.

Finalmente


Toquem os sinos a rebate e cantem-se aleluias. A boa nova chegou.

Os Obama já têm cão. Melhor, têm um cão de água português.

Bo, o nome (genuinamente português como se percebe) escolhido pela família Obama - Michelle (a mãe e primeira-dama), Malia e Sasha (as filhas) e Barack (o presidente) – já se passeou pelos jardins da residência oficial do presidente americano.

E, é claro, as televisões não deixaram escapar a imagem de Barack Obama a correr atrás de Bo.

A espera de tantos meses acabou. Finalmente a Casa Branca já tem um animal de estimação (que é luso) junto da família presidencial.

É para que vejam. Não fazemos por menos.


segunda-feira, abril 13, 2009

Novos hábitos?

A situação não surpreende. Perante as dificuldades económicas das famílias, que se vão agravando a cada dia, é compreensível que os portugueses tendam a comprar em lojas que vendem mais em conta e produtos de marcas menos conhecidas.

E no que à alimentação diz respeito, os hábitos também têm registado algumas alterações. Muitas pessoas começaram a comer mais sopa, ovos, arroz, atum enlatado, salsichas e peixes mais baratos em vez dos produtos que consumiam até há pouco, nomeadamente o leite e a carne.

Sinal dos tempos, dirão. Mas a verdade é que ninguém passa fome por comer carapau ou cavala e um arrozinho branco com ovos mexidos.

O que me inquieta, isso sim, é pensar naqueles que já sentiam enormíssimas dificuldades antes da crise se instalar. E se já era assim então, agora com maiores apertos, como será que conseguem sobreviver?

O sismo devastador

O violento sismo que, na semana passada, abalou a região de Abruzzo, em Itália, e as réplicas subsequentes, deixaram cidades completamente destruídas, fizeram cerca de 300 mortos, quase 20 000 feridos e milhares de pessoas desalojadas. Uma catástrofe que deixou o mundo em estado de choque.

Perante tamanha tragédia o governo italiano accionou os meios necessários para tentar assegurar aos desalojados as condições mínimas de sobrevivência. Tendas para pernoitar, comida e cuidados médicos. O normal nestas situações.

Mas, para além dos abrigos em tendas ou dos cuidados básicos que lhes são prestados, o que as pessoas que viveram esta desgraça necessitam é de um apoio psicológico eficaz, gestos de solidariedade que lhes reconfortem a alma, quer eles se traduzam por palavras quer por actos concretos de ajuda humanitária.

Como foi o caso de um grupo de palhaços que chegaram à região para distribuir sorrisos, abraços e carinho. Quem é que pensaria que numa situação tão complicada como esta a presença destes palhaços seria tão importante? Dificilmente se acharia que este tipo de acções estaria no topo da lista dos serviços de emergência. E eles têm, de facto, dado apoio a crianças, pais, avós e até às centenas de voluntários que estão no campo de Atletismo de Aquila a dar ajuda às vítimas do sismo, tentando que eles esqueçam a desgraça e a tristeza e que possam, ainda que dificilmente, sorrir de vez em quando.

O que este povo não necessitava certamente é de ter ouvido o primeiro-ministro do seu país, Silvio Berlusconi, dizer que uma vez que os actuais abrigos são provisórios “os sobreviventes devem encarar a situação como um fim-de-semana no parque de campismo onde não lhes faltará nada” ou a convidá-los “vão ao litoral, é Páscoa”.

Berlusconi não usa o nariz vermelho dos palhaços nem tem a graça destes. Aliás já demonstrou por diversas vezes que, sempre que tentou ter graça, a ironia e a piada não colaram bem à sua personalidade. Tanto mais que ele é um político com responsabilidades e tem a obrigação de saber usar as palavras nos sítios e nas doses certas. Foi demasiado infeliz e aquela gente, tão carente e assustada, não merecia ouvir tanta baboseira junta. O que precisavam, isso sim, era de uma palavra amiga vinda de um governante que lhes transmitisse a esperança e que lhes assegurasse que o governo iria fazer tudo para que a vida de todos voltasse à normalidade rapidamente.

Uma palavra última para as imagens fortes transmitidas pelas televisões, de uma sobrevivente, uma senhora de 98 anos, que foi resgatada dos escombros 30 horas depois do primeiro sismo. Durante todo este tempo não comeu, não ingeriu líquidos e conseguiu resistir, apenas e só – segundo ela - porque esteve todas estas horas a fazer tricô. Incrível.

terça-feira, abril 07, 2009

Ser feliz

Disse Fernando Pessoa:


"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.

É saber falar de si mesmo.

É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."


Como vêem Fernando Pessoa também falava em crise. Só que, longe de ignorá-la, não deixava de manifestar a esperança pelo amanhã.

Seria bom que todos nós conseguíssemos guardar as pedras que vamos encontrando pelo caminho. Quem sabe se um dia não iremos também construir um castelo …

Desejo-vos uma PÁSCOA FELIZ!

segunda-feira, abril 06, 2009

Sugestão para uma tarde destas …

Contrariando o princípio de não dar opiniões sobre as diversas formas de arte porque sei bem como os gostos e sensibilidades divergem tanto, arrisco-me, hoje, a sugerir para quem ainda não viu, um filme que está em cartaz há quase três semanas, o último de Clint Eastwood, “Gran Torino”.

É a história de um veterano da guerra da Coreia que vive atormentado pelos seus fantasmas que o martirizam por tudo aquilo a que foi obrigado durante a guerra mas, sobretudo, pelas decisões que nunca lhe foram impostas mas que ele tomou e de que se arrepende amargamente. De tal forma que se tornou um homem azedo perante a vizinhança, a família e a vida.

Um grande filme produzido, realizado e interpretado por Clint Eastwood.

A não perder.

Vá lá perceber-se …

A natureza humana não pára de me surpreender.

Algures no Minho um casal de namorados zangou-se. Dirão os meus amigos que arrufos de apaixonados acontecem e que o melhor das zangas são as reconciliações. Eu sei disso mas este desentendimento não aconteceu por qualquer daqueles motivos normais, os ciúmes, as divergência de opinião ou a incompatibilidade de feitios. Nada disso, o apaixonado casal zangou-se apenas porque … porque ganhou 15 milhões de euros no euromilhões.

Coisa mais estapafúrdia esta. E tudo porque "namorados, namorados, dinheiros à parte" não quiseram dividir a massa. Melhor dizendo, ela queria ficar com o dinheiro todo e ele achava justo ficar com metade.

Não querendo, naturalmente, tomar partido por qualquer deles, acho que seria razoável que cada um ficasse com parte do prémio. Afinal ela fez a chave e entrou com 2,00 euros e ele contribuiu com 4,00 euros e entregou o boletim na agência de apostas. Só que a pequena decidiu que quer ficar com o prémio todo. Resultado: o casal separou-se e o assunto está em tribunal há já dois anos.

Podiam ter tido uma vida milionária mas não quiseram. Vá lá perceber-se porquê, preferiram terminar a relação e continuar a viver pobres.

Não dá para entender. Deve ser por isso que se costuma dizer “que o dinheiro não dá felicidade”.


quinta-feira, abril 02, 2009

O flagelo do desemprego

É verdade que ela existe (e de que maneira), é certo que os nossos bolsos estão cada vez mais vazios e o nosso desânimo maior mas, sinceramente, já estamos um bocado fartos de ouvir falar na C R I S E a toda a hora. Sente-se uma depressão enorme sempre que a palavra maldita aparece, seja na televisão, na imprensa escrita ou em blogues (como é o caso).

De qualquer forma, vou hoje voltar ao tema, para transcrever um excerto de uma crónica de Nicolau Santos publicada há duas semanas no Expresso e que constitui um bom motivo de reflexão.

Nesse texto, que analisava o aumento do desemprego e o número de falências de empresas nos primeiros meses deste ano, Nicolau questionava-se sobre se estaríamos irremediavelmente condenados a que o desemprego disparasse e se estabilizasse acima dos dois dígitos. Ele próprio respondia:

“Não estamos. Mas precisamos de actuar rapidamente … várias coisas estão a ser feitas, mas outras também se podem fazer …

A primeira passa obviamente por o Estado apoiar sem reservas algumas empresas que venham bater-lhe à porta. É recomendável, contudo, que esse apoio seja criterioso …

A segunda implica a responsabilidade de empresários e gestores, cuja primeira decisão perante as dificuldades não pode nem deve ser o despedimento colectivo imediato, tendo antes de esgotar outras possibilidades, como paragens temporárias de produção, redução de horários com redução salarial, etc.

A terceira implica a responsabilidade de todos os trabalhadores, da base até ao topo. Neste momento, o desemprego não é apenas um problema do Estado ou dos patrões … e isso significa, por exemplo, a disponibilidade dos quadros de topo para reduzirem, numa percentagem a definir, os seus salários e o conjunto alargado de benefícios que recebem para evitar despedimentos de colegas que ganham menos.

A quarta é desenvolver programas de formação, que terão de ser frequentados por todos os que se inscrevem nos centros de desemprego. Não faz sentido que a única actividade que se tem quando se está no desemprego seja passar pelo centro para saber se há novidades”.


Estado, empresários, gestores e trabalhadores, todos têm um papel importantíssimo na resolução do problema. Perante um cenário que é, de facto, muito grave e que tem consequências sérias na vida das pessoas e dos países, é urgente que haja soluções rápidas e eficazes. Que terão que ser técnicas, obviamente, mas que terão que ter presentes duas ideias-chave: “Bom senso” e “Solidariedade”.

O mal é quando queremos jogar a sério …

No último domingo, um adepto iraquiano matou a tiro um futebolista da equipa adversária, numa altura em que este estava isolado frente ao guarda-redes e tinha a possibilidade de marcar um golo que empataria o desafio. Faltava um minuto para o jogo acabar.

De vez em quando são noticiadas atitudes irreflectidas e irracionais deste jaez, muitas delas provenientes da América Latina.

Felizmente que os portugueses têm um carácter sereno (“o povo é sereno”, como dizia o Almirante Pinheiro de Azevedo). Não fosse assim, quem sabe se não teria tomado já medidas mais violentas relativamente à actuação da nossa selecção nacional de futebol face aos maus resultados obtidos na campanha em curso.

Apesar dos sucessivos desaires, a equipa de todos nós redimiu-se anteontem na Suíça. Depois de no treino de sábado ter empatado, em jogo oficial (perceberam o trocadilho?), com a Suécia, na terça-feira, num particular com a África do Sul, conseguiu uma brilhante vitória por dois golos sem resposta. Pena foi que este jogo não contasse para o apuramento do campeonato do mundo. E a olhar para o rol de pontos perdidos, não podemos deixar de pensar se ainda iremos a tempo de conquistar a pontuação necessária para nos qualificarmos para o mundial de 2010?

A não ser que Carlos Queiroz acredite na velha frase “Os ciganos não gostam de ver bons princípios aos filhos”.

À bon entendeur …