segunda-feira, junho 08, 2009

E depois vão queixar-se de quê?

Confesso que ainda acalentei a esperança, ainda que ténue, de que mais pessoas fossem votar ontem. Não me perguntem porquê. O mais certo é ter sido por pura ingenuidade mas admito que cheguei a pensar que os apelos do Presidente da República e dos principais líderes partidários pudessem “comover” os eleitores de que esta eleição tinha uma importância fulcral para as nossas vidinhas cá do burgo, porque a verdade é que é lá longe que quase tudo se decide.

Mas não, a rapaziada acordou tarde, um bocado molenga, comeu uma feijoadazita acompanhada com um tinto a condizer e, depois, não esteve para se deslocar até à assembleia de voto para depositar a papeleta na urna. Apre! Ainda por cima numa caixa cujo nome não augura nada de bom.

E ainda houve os outros que meteram uns dias de férias para irem a banhos ao Allgarve ou para viajarem até à santa terrinha.

E vai daí, só 36,5 % dos eleitores inscritos foram votar. Quer dizer, mais de 60% baldaram-se à sua obrigação, ao seu dever cívico e deixaram aos outros a tarefa de decidirem quem é que queriam ver em Bruxelas. E depois queixem-se que os que lá estão (independentemente da cor partidária), não zelam pelos seus interesses.

Antes fizessem como eu, que fui votar. Exprimissem a sua vontade, manifestassem o seu querer, ainda que ele se pudesse traduzir num voto branco ou nulo. Mas abster-se, francamente.

Nestas eleições, uns ganharam e outros perderam (contrariando o que sempre acontece, que ganham todos) mas quem de facto perdeu foi o regime democrático que, com 35 anos, já merecia um outro tipo de comportamento dos cidadãos.

Dirão que nos outros países da União Europeia aconteceu o mesmo. É verdade mas, ainda assim, conseguimos ter uma maior abstenção que a média comunitária que se cifrou em 43,4% contra os nossos 63,5%.

Mesmo não gostando dos políticos (ou não confiando neles), ou por causa disso mesmo, o voto é a melhor forma de expressarmos a nossa vontade. Se não o fizermos, mais tarde queixar-nos-emos de quê?

2 comentários:

Paula disse...

Completamente de acordo! Não abdico do meu direito de voto e causa-me muita tristeza que haja tanta gente a fazê-lo. Ainda para mais com desculpas que acho no minimo ridiculas, como: não me apeteceu sair de casa, táva a chover, táva sol, não me deu jeito ou os politicos são todos iguais! Para todas essas pessoas: não se queixem! Quem não vota perde o direito de contestar, exigir, reclamar. É o exemplo mais claro de quem apenas critica mas não faz absolutamente nada para mudar, para tentar melhorar, mesmo que que seja só ir colocar uma cruzinha num papel!

provocador disse...

Permite-me a provocação

Se calhar tamanha abstenção pode-se atribuir ao facto dos portugueses simpatizaram tanto com o Obama. Dai terem adoptado o lema do presidente americano, mas na versão portuguesa:

"YES, WEEKEND … LONNNNGGGGG WEEKEND!