quarta-feira, julho 29, 2009

Até já


É verdade, chegou a hora de fazer uma pausa. Até os bloguistas necessitam de um tempo para descansar.


Vá lá, não fiquem tristes. O tempo passa a correr e prometo que voltarei no dia 31 de Agosto, data em que o “Por Linhas Tortas” faz anos.


Espero que fiquem bem.


Té já!

Portugueses não desistem de fazer férias lá fora


Afinal, depois de há tempos se ter sabido que uma boa parte dos portugueses não ia sair de casa este ano para fazer férias, as notícias ontem divulgadas pelos agentes de viagens parecem contradizer tal tendência.


Não só saem de casa como saem para o estrangeiro. Apesar da crise e apesar dos perigos de contágio da gripe A, a verdade é que os portugueses não desistem de fazer férias no exterior.


E os números aí estão para o demonstrar. O turismo para Marrocos e Turquia aumentou mais de 200%, para Cabo Verde 150%, para a Bulgária 130%, para Cuba e para a Jamaica 30% e para Espanha cerca de 20%.


E porquê toda esta correria para destinos mais ou menos longínquos, porventura bem mais dispendiosos, em vez de preferirem ficar por cá? As explicações são várias mas a que mais deve pesar na decisão é que se conseguem fazer oito dias de férias na estranja por uns módicos 750, 900 ou mesmo 1 000 euros por pessoa, consoante o destino e a duração da viagem.


E por cá? Com excepção da Madeira, que também registou um acréscimo de quase 23%, o nosso principal destino turístico – o Algarve – tem cada vez menores taxas de ocupação que nem o próximo mês de Agosto irá disfarçar.


Há muito que se reclama – e o “Por Linhas Tortas” tem feito eco dessa vontade – que os preços no Algarve têm que ser mais apelativos para os portugueses. Mas não só os preços. Têm que melhorar igualmente a simpatia e o atendimento por forma a que não nos sintamos como intrusos no nosso próprio país. Para além do mais, hotelaria e restauração devem perceber de uma vez por todas que os turistas do mercado interno estão cá o ano inteiro e os outros podem vir ou não.


E para que se entenda bem o que está em jogo, basta olhar para os preços que hoje eram publicitados na net por um dos maiores operadores do mercado. Dizem respeito a duas “ofertas light”, como lhe chamam:


- 899,00 euros por pessoa para Varadero, Cuba, em regime de “Tudo Incluído”. Ou seja, passagens aéreas, transfers e hotel de 4 estrelas com tudo incluído.


- 233,00 euros por pessoa para o Algarve, em hotel de 4 estrelas em regime de alojamento e pequeno almoço.


Sim, eu sei que ainda há uma diferença de 666,00 euros por pessoa. Mas se considerarmos as distâncias e tudo aquilo que se gasta com o transporte (cá), alimentação e a quantidade de águas e cervejas que se vão consumir por causa do calor, já viram que a diferença não é assim tão grande?


E depois, como diz um amigo meu “Há vidas mais baratas … mas não prestam”!

Sou ladrão e não gosto de trabalhar


Ainda tentei resistir mas não consegui. Depois de ter visto o vídeo no “Eixo do Mal” fui a correr ao You Tube e aqui está ele.







O que dizer de um “mangas” sem vergonha que afirma:


“SOU LADRÃO E NÃO GOSTO DE TRABAIÁ”


e argumenta:


“Se eu não roubar ninguém tem trabalho: polícia, repórter, escrivão, delegada, juiz ou promotor. Tudo trabalha através de mim que sou ladrão. Estou a contribuir para o bem de todos”.


Safado, sem-vergonha, é preciso ter lata.


Mas, vendo bem as coisas, não é que ele tem um pouquinho de razão?






segunda-feira, julho 27, 2009

O poeta é um fingidor



de Fernando Pessoa

"O poeta é um fingidor"

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

domingo, julho 26, 2009

Maldita gripe

E o que acham da falta de comparência (por alegada gripe) de Manuela Ferreira Leite na festa do Chão da Lagoa na Madeira junto do Alberto João Jardim?



É capaz de ter sido sensato por parte da líder do PSD, já que se sabe que a elevada radiação solar não é nada benéfica aos estados gripais.

Há gripes que vêem mesmo a calhar, caramba!



Isto começa a aquecer

A disputa para a Câmara Municipal de Lisboa já parece estar em pleno.

Primeiro foi o vídeo de António Costa a contestar afirmações de Santana Lopes

Logo de seguida veio a resposta (???) de Santana a António Costa

A luta vai ser renhida.

sexta-feira, julho 24, 2009

Olho neles


A GALP tem em curso uma campanha até ao próximo dia 4 de Agosto em que entrega um cupão a quem fizer compras iguais ou superiores a 30 euros. Com esse cupão os clientes habilitam-se não só a ganhar um prémio imediato como, também, aos prémios de um concurso final.

E os prémios são simpáticos. Pode-se ganhar de imediato bicicletas e 500 euros em combustível e, no sorteio final, um jipe e 5000 euros em combustível. Nada mau!

O busílis da coisa está, porém, no cupãozinho que, supostamente, deveria ser entregue quando o cliente lá deixa os 30 euros e que na maioria das vezes não é.

Esquecimento dos empregados, dirão. Pode ser que isso aconteça de vez em quando. Na maioria das vezes, no entanto, o "esquecimento" deve-se tão-só à ganância e à desonestidade de alguns profissionais que assim vão coleccionando os cupões para se habilitarem - ilegalmente - a prémios a que não têm direito.

E com a pressa com que sempre andamos, só damos pela falta do tal cupão - que talvez nos entregasse de mão beijada uns litritos de combustível - tarde de mais. Tão tarde que já não vamos a tempo de voltar para trás para reclamar o que legitimamente deveria ser nosso.

Olho neles. Fartos de "chicos-espertos" estamos nós.


quarta-feira, julho 22, 2009

A diferença



No texto que aqui editei ontem, dei a entender que não sou capaz de passar por entre as bancas do mercado da fruta das Caldas da Rainha e sair dali com as mãos a abanar. Acabo sempre por comprar uns quilitos da saborosa fruta da região. Mas não cheguei a escrever sobre os preços que ali são praticados.


É em mercados deste tipo que se vê bem como os consumidores dos grandes centros populacionais pagam preços bem mais altos do que aqui.


Dou-lhes um exemplo. Na véspera tinha comprado em Lisboa pêra rocha a 1,90 € o quilo e ontem a mesma pêra rocha (de calibre semelhante e aspecto exactamente igual) estava a ser vendida nas Caldas a 80 cêntimos.


E estamos a falar, tão-somente, de um euro e dez cêntimos de diferença em cada quilo, peso esse que tem, quando muito, duas dúzias de peras. Quem é que lucra com tamanha diferença?


Não, não respondam. Eu sei que vocês sabem.

terça-feira, julho 21, 2009

Entre bitoques e “tugas”



Para ontem tínhamos combinado fazer um pequeno passeio até à Foz do Arelho. O dia adivinhava-se quente mas as conhecidas manhãs enubladas da zona oeste e a leve brisa que se fazia sentir ajudou-nos a suportar o calor e a desfrutar melhor a beleza da região.


Antes porém passámos pelas Caldas da Rainha, onde gostamos sempre de regressar e ao seu mercado ao ar livre onde nunca conseguimos resistir à compra de fruta e dos bolos secos que muitos conhecem por “ferraduras”, “parrameiros” ou “bolos de casamento”.


Quando chegámos à Foz do Arelho eram horas de almoço. Apetecia comer um peixinho. Afinal, estávamos numa zona de mar, conhecida por ter bom peixe fresco. Só que às segundas-feiras não há peixe fresco e o pouco que havia tinha um aspecto pouco recomendável. O recurso possível foi a do velho (e duro) bitoque. Paciência, dias não são dias.


O que já não houve paciência foi para aturar uns “tugas” emigrados eu sei lá onde que, na mesa ao lado, falaram o tempo todo em francês, intervalando aqui ou ali com umas bojardas ditas em português vernáculo. Cromos que não perceberam ainda o ridículo em que persistem ao falar sistematicamente uma língua que não é a sua, que internacionalmente está morta e que julgam fazer deles os maiores de sempre quando se dignam visitar a santa terrinha.


Bem, mas tirando isso, ganhámos o dia. A Foz do Arelho estava magnífica. A contemplação feita de um ponto alto sobre a Lagoa de Óbidos e o Oceano Atlântico deixou-nos completamente extasiados e apetecia-nos ficar ali por mais uns dias para poder vaguear o olhar por tanta beleza natural.

domingo, julho 19, 2009

Insólito …


De uma forma geral, os portugueses não acreditam nos seus políticos. É verdade que o sentimento já vem de longe mas, quando se julga que já se chegou ao fundo, surgem novos factos que vêm alicerçar a ideia de que os políticos são todos iguais, não cumprem o que prometem e que não são sérios.


E, infelizmente, os exemplos são tantos que já nem as boas intenções de políticos novos são suficientes para limpar o labéu que outros criaram. São todos feitos da mesma massa e não há que confiar neles, é o pensamento dominante.


Daí o ficarmos embasbacados perante a atitude de uma figura ligada ao PS mas que se propõe concorrer à Câmara Municipal de Valongo como independente.


Maria José Azevedo resolveu ir ao notário registar o programa eleitoral que se propõe apresentar para que possa ser responsabilizada caso não venha a cumprir as suas promessas.


Correndo o risco de esta atitude não passar de uma bela jogada de marketing, acho que Maria José Azevedo merece, pelo menos, o benefício da dúvida. Quem sabe se a sua intenção é verdadeira e a única possível que possa devolver aos políticos a credibilização que lhes fugiu há muito?


Porém - temos que reconhecer – esta ideia de ir ao notário registar um programa eleitoral é, no mínimo, insólita.

quinta-feira, julho 16, 2009

Cartazes


Eu sei que os tempos não estão para grandes gastos e que é preciso poupar. É por essa razão, provavelmente, que alguns dos partidos que concorreram às eleições ao Parlamento Europeu em 7 de Junho continuam a ter nas ruas os cartazes que usaram na campanha eleitoral.

Mas, meus amigos, não acham que é tempo demais para os mesmíssimos cartazes permanecerem em cartaz?


É que já lá vão dois meses. É tempo de mostrarem mais alguma coisa e, já agora, que essa coisa tenha uma mensagem com um mínimo de conteúdo.


Afinal, o que é que vamos pensar quando olharmos para cartazes como este?




Que “deram um jeito” e não conseguem baixar os braços? ou


que os portugueses podem ficar descansados porque eles (os do partido) usam um bom desodorizante?


Tenham dó! Se não conseguem ser criativos no que “pretendem vender ao povo”, como podem esperar que os eleitores tenham confiança na sua governação? Se lá chegassem, claro.




quarta-feira, julho 15, 2009

Safados


Numa semana em que já se vive a ansiedade da chegada das férias, em que todos (os que ainda têm esse privilégio) suspiram pelos dias que tardam a passar antes do desejado e merecido descanso, ainda por cima numa pré-época da estação a que se convencionou chamar a silly season, achei apropriado trazer um vídeo em que temos a satisfação (cada vez mais rara) de ver pessoas que ainda têm a capacidade de se indignar.


Luis Carlos Prates é um conceituado jornalista brasileiro e uma das vozes mais polémicas do país. É famoso por dar fortes socos na mesa ou erguer o tom de voz em algumas matérias mais escandalosas. Como esta em que se revoltou pela má utilização de passagens aéreas por parte dos deputados do seu país.


De certa maneira a fazer lembrar idênticos escândalos que se passaram aqui em Portugal.

Ora vejam:





segunda-feira, julho 13, 2009

Você decide

No texto que aqui foi publicado no dia 17 de Junho, falava-se em nomes de ruas, numa perspectiva que tinha a ver apenas com o tamanho das letras das respectivas placas identificativas. Para quem não leu, recordo que se questionava porque carga de água é que a indicação do tipo de arruamento – Rua, Avenida, etc. – tinha umas letras bem maiores do que os nomes daquilo ou daqueles que se pretendia homenagear.


Hoje regresso ao tema só para registar o facto de parecer existir uma grande confusão nas cabecinhas de quem, em certas autarquias, decide que nomes vão ser dados às ruas.




“Rua Dr. Juiz Moutinho de Andrade” ou Rua S. Miguel”?


Confusão ou indecisão?


Você decide!


domingo, julho 12, 2009

O medo é que guarda a vinha

Já aqui tenho manifestado por diversas vezes que devemos ser rigorosos naquilo que escrevemos e dizemos. As palavras têm um significado próprio e quem as escreve ou profere tem que ter o cuidado necessário para não levar as pessoas a pensarem que “a estrada da Beira é o mesmo que a beira da estrada”.



E isto aplica-se a toda a gente e, naturalmente, por motivos óbvios, às figuras públicas que têm que ter um cuidado acrescido para não afirmarem hoje o que ontem juraram ser de outra maneira. Mas isto é uma outra questão, à qual se pode ainda acrescentar o jeito para a coisa ou a falta dele.



Vem isto a propósito das recentes declarações da Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, quando pretendia responder às críticas de que apesar dos exames de matemática deste ano terem sido demasiado fáceis as notas se terem quedado por uma média muito modesta. O que, segundo a Ministra, foi culpa da comunicação social.



“os jornalistas dizem que os exames são fáceis, o que leva a um menor empenho dos alunos no estudo e, por sua vez, a piores resultados nos exames”, disse.



Apesar da afirmação poder parecer um tanto ou quanto estapafúrdia, a verdade é que esta situação pode até ser verdadeira. Eu também acho que os exames de matemática têm vindo, sucessivamente, a ser mais fáceis. Porém, se toda a gente começar a adivinhar que os exames vão ser canja, para que é que os estudantes vão necessitar de se aplicar mais? E, porque não fazem grande esforço, as notas só poderão ser más. É a história da “pescadinha de rabo na boca”.



Aliás, lembro bem que quando andava no secundário tínhamos uns quantos professores que eram tão exigentes que o único jeito que nos restava era mesmo estudar e muito. Recordo uma tal “Miss Patrício“ docente de inglês do Liceu de Oeiras que povoava os nossos piores pesadelos, sobretudo antes dos exames.



Como se costuma dizer “O medo é que guarda a vinha”


quinta-feira, julho 09, 2009

Tantos para quê?


Ao tentar descobrir determinado vinho nas imensas garrafeiras dos supermercados, acontece-me muitas vezes ficar impressionado pela quantidade de marcas diferentes que existem no nosso país. E, note-se, refiro-me apenas ao vinho nacional.


Perante as novas marcas, procuro descobrir qual é a sua origem, as suas castas e todas aquelas informações que me possam convencer a comprá-los. Mas tanta diversidade causa muita confusão ao consumidor, a ponto de ter dificuldade em escolher.



Vi uma explicação para o caso na Revista Única do Expresso, pela leitura de um artigo de um especialista na matéria, João Paulo Martins. Segundo apurou junto de um conhecido produtor de vinhos, a justificação é a seguinte:



“o consumidor é pouco fiel e cansa-se das marcas e, por isso, é preciso mudar, ainda que o vinho seja o mesmo”.



Longe de querer discutir as questões de estratégia comercial, a explicação parece-me um tanto ou quanto bizarra. Antes diria que mais se me afigura um embuste. A fidelização dos clientes, qualquer que seja o produto, consegue-se quase sempre pelos níveis de eficácia, de desempenho e de excelência. Os vinhos não deveriam ser excepção.



Se conheço determinadas marcas e se sou apreciador dos seus paladares não tenho dúvidas em escolhê-los de acordo com as ocasiões.



Sem prejuízo das novidades que podem trazer diferença ao mercado, o que questiono é “mas tantos vinhos, para quê?”


Uma óptima ideia


Ora aí está. Porquê pagar mais se poderemos ter o mesmo com menores gastos.



E a ideia é o verdadeiro ovo de Colombo.



Se já era mais acessível viajar nas companhias aéreas de baixo custo, as conhecidas “low cost”, daqui a pouco ainda vai ser mais económico.



Segundo fez constar, a companhia irlandesa Ryanair está a estudar a possibilidade de vender bilhetes de avião a passageiros que estejam dispostos a viajar de pé em rotas de pequeno curso (até hora e meia de voo) e em aviões adaptados à nova realidade. A troco desse pequeno incómodo os custos poderão ser reduzidos em 20%. Bom, não é? E melhor, as pessoas não viajarão forçosamente de pé uma vez que terão à sua disposição bancos idênticos aos de um balcão de bar.



Este é a notícia boa. A má é que, em contrapartida, poderá haver taxas adicionais a pagar (os baixos custos muitas vezes não são assim tão baixos). Pensa-se que serão os passageiros a levar a sua própria bagagem até ao avião, que haverá a cobrança de uma libra para a utilização da casa de banho durante o voo e que será introduzido um “imposto de obesidade” para os passageiros com excesso de peso.



Enfim, são os custos da … redução de custos.



terça-feira, julho 07, 2009

Pensem nisto …


O vídeo de hoje deve fazer-nos reflectir.



São imagens que sugerem palavras como intolerância, incompreensão, desamor, ingratidão, solidão, egoísmo e que fazem parte do quotidiano de muitos de nós.



Imagens que colocam a questão de sempre. Se para com os novos a disponibilidade é grande, porque não com os mais velhos? Quando é que nos vamos preocupar com eles e dar-lhes o carinho e a atenção que merecem?



É que, como tenho repetidamente escrito



“Os velhos necessitam de muito pouco mas precisam tanto desse muito pouco”




segunda-feira, julho 06, 2009

Que alívio!



Desde há algum tempo que andava preocupado com a possibilidade de hoje poder acontecer alguma coisa em Portugal ou no Mundo, no justo momento em que Cristiano Ronaldo estivesse a ser apresentado no Estádio Santiago Barnabéu como jogador do Real.



Uma festa que, como se esperava, teve repercussões extraordinárias a nível global. Jornalistas de todo o planeta deslocaram-se a Madrid e inúmeras estações de televisão abriram os seus telejornais com directos que duraram longos minutos. De tal forma que fizeram crer que nada de importante se tinha passado hoje. Para além da festa madrilena, claro.



Estava, portanto, tudo combinado ao pormenor e mal pareceria que qualquer coisinha pudesse vir a estragar a apresentação deste prodígio do chuto da bola que vai ganhar 13 milhões de euros por ano.



Imaginem só que o célebre debate da Nação da semana passada, que ditou o afastamento de Manuel Pinho, tinha sido efectuado hoje. Que projecção teria a cena dos corninhos? Nenhuma, por certo.



Ou o que teria acontecido se alguém se lembrasse de fazer, precisamente hoje, um golpe de Estado? Não foi por acaso que os militares das Honduras derrubaram o presidente eleito uma semana antes.



Ontem a judoca portuguesa Telma Monteiro conquistou a medalha de ouro do Grand Slam no Rio de Janeiro. Se tivesse sido hoje, os noticiários teriam falado no assunto? Deixo a resposta convosco.



Na verdade, o futebol, não só o jogo mas o marketing à sua volta e o histerismo desproporcionado das multidões, sobrepõe-se a tudo o mais. E bem fizeram aqueles que tencionavam dar nas vistas por um qualquer motivo em antecipar ou adiar o momento.



Que alívio! Felizmente tudo correu bem. O mundo esteve sossegado hoje e pôde assistir em paz e alegria à chegada do novo número 9 do Real Madrid.



domingo, julho 05, 2009

Mau, não estaremos a exagerar?


Quando comecei a ler a notícia confesso que fiquei satisfeito por saber que os portugueses – todos os portugueses – já tinham, se quisessem, a possibilidade de se reunir sob um mesmo tecto. Não exactamente no mesmo local mas num espaço com as mesmas características.



Ou seja, os 105 centros comerciais que hoje existem no país têm uma área global de 3,4 milhões de metros quadrados, uma área correspondente a 340 campos de futebol e podem albergar toda a rapaziada que mora por cá.



E estou só a contar com o espaço hoje ocupado pelas lojas. Porque quanto aos corredores, parques de estacionamento, armazéns, hipermercados e quejandos, esses espaços nem conto com eles, ficam de reserva não vá haver convidados de última hora.



Portanto, estava contente com o facto de os portugueses terem espaço suficiente para se “refugiar”, caso tivessem necessidade.



Porém, o meu sorriso extinguiu-se quando, a determinada altura, dei de caras com a informação de que está previsto que sejam construídos até 2011 mais doze centros comerciais em todo o país. Mais doze, leram bem.



Eu sei que o conceito dos centros comerciais, os shoppings como se chamava no princípio, caiu no goto cá da malta. São confortáveis, bonitos, bem iluminados, está tudo à mão de semear e, mesmo que não se façam compras, sempre se pode usufruir de umas agradáveis (???) tardes de sábado juntamente com mais uns milhares de pessoas que não tiveram melhores ideias para passar o dia. Sei lá, um passeio por uma mata, uma ida até ao mar, respirar ar puro, desfrutar a natureza ou uma parvoíce parecida.



Pergunto, construir mais uns milhares de lojas e corredores para além dos que já existem não será despropositado? Não estaremos, por acaso, a exagerar?

sexta-feira, julho 03, 2009

Só mais uma coisinha sobre… Manuel Pinho


Peço desculpa por voltar ao tema mas o "gesto" do Ex-Ministro da Economia passou depressa de "extraordinariamente lamentável" para tema principal de toda a oposição e da maioria dos analistas de serviço. Por isso, merece mais um pequeno comentário. Como se previa, não bastaram as desculpas apresentadas por José Sócrates aos deputados e ao Presidente do Parlamento nem a demissão do próprio Manuel Pinho. De tal forma que se continua a malhar forte e feio no Governo e no Primeiro-Ministro.


Já dissemos que a cena não deveria ter acontecido mas a verdade é que aconteceu. Houve falta de respeito, foi um acto leviano, irreflectido, indigno, infeliz, insólito, o que quiserem. Mas chega, o caso foi resolvido, bem e com prontidão. Acabou.


Mas acabe-se também com tanta hipocrisia. Sobretudo quando se sabe que muitos outros casos foram tão ou mais graves que o presente e não tiveram repercussões que se assemelhem a este.


Para terminar, uma vez que o assunto está morto e enterrado, é bom que olhemos para o que aconteceu com outros olhos, de preferência de uma forma mais bem-disposta.


E, como é hábito, os humoristas portugueses não perderam tempo.





Não nos podemos levar pelos impulsos



Já tenho dito que os maus exemplos dados por figuras públicas são extremamente perigosos de poderem contaminar os mais incautos.


Ainda ontem dava-se aqui conta do episódio em que Cristiano Ronaldo pontapeava o vidro de um automóvel de uma admiradora que o pretendia filmar.


Pois provavelmente por contágio daquela situação, aconteceu que durante o último debate da nação desta legislatura, uma provocação, um aparte maldoso (e injusto, por certo) do deputado comunista Bernardino Soares fez “levantar a tampa” ao stressado Ministro da Economia que balbuciou qualquer coisa que não entendemos, ao mesmo tempo que dirigia um gesto em que pretendia mostrar um simulacro de chifres.


Se bem que eu não conheça o contexto em que foi produzido, acho que Manuel Pinho não ficou nada bem na fotografia e que o tal gesto, não digo que fosse insultuoso mas foi, seguramente deselegante, inoportuno e desnecessário.


Um político tem que saber reagir às adversidades e aos combates e infâmias que lhes são dirigidos. Tem que ter o traquejo suficiente para aguentar as investidas por mais duras, ofensivas e injustificáveis que elas sejam. Não pode, portanto, ceder a qualquer tipo de provocações que o façam exceder-se da forma que Pinho o fez.


Bom, condenada que foi a atitude por todos os partidos da oposição, pelo governo, pela bancada parlamentar que o apoia e pelo presidente da Assembleia da República, pedidas as desculpas do Primeiro-Ministro (e de Pinho, através do PM) a coisa parecia estar resolvida. Mas não está.


A três meses das legislativas a oposição vai tentar capitalizar o deslize do Ministro da Economia e, por arrasto todo o Governo, a quem acusa de completo desnorte e de já não dizer coisa com coisa.


Mas, meus amigos, essa de misturar um deslize de um Ministro com o comportamento de todo o Governo faz-me lembrar a fábula do lobo e do cordeiro em que o lobo afirmava “bem, se não foste tu, foi o teu pai”. Não me venham agora dizer que o Sócrates é que também teve a culpa deste episódio.


A atitude foi injustificável e condenável, já o disse. Mas julgar todo o trabalho de quatro anos do Ministro (que algumas coisas deve ter feito bem) por ter cometido uma tolice gestual de momento, parece-me, de facto, excessivo.


No futuro o que há a fazer é bem simples. Impedir que os jornalistas estejam equipados com câmaras de televisão e máquinas fotográficas. Ou seja, interdição absoluta de aparelhos de imagem. Ou julgam que se os “chifres” não tivessem sido apanhados alguém se teria preocupado com o assunto?

quarta-feira, julho 01, 2009

Desconformidades

A fazer fé num estudo recente, 57% das famílias portuguesas vivem com menos de 900 euros por mês. E, segundo o mesmo estudo, os portugueses – essas mesmas famílias – vivem felizes. “Pobretes mas Alegretes”, como se dizia dantes. Custa a acreditar que pessoas que mal conseguem sobreviver sintam tamanho estado de espírito.




Em contraponto, Cristiano Ronaldo que ganha bem mais que 900 euros por mês (quero dizer, por hora), parece andar desorientado. E a prová-lo aí está a notícia de que agrediu uma jovem de 17 anos só por que esta o terá perseguido com o intuito de o filmar. De tal forma o jogador ficou perturbado que saiu do seu Ferrari e partiu a pontapé o vidro do carro onde estava a menor, ferindo-a com os estilhaços.




Quase que apetece dizer que o dinheiro não dá felicidade. Ou colocadas as coisas de uma outra maneira, é capaz de haver uma desarmonia entre o conceito de felicidade e o dinheiro.




Onde está a verdade?







Ainda na semana passada respondi a um comentário feito a uma crónica aqui publicada, onde eu afirmava que a questão da verdade que cada um reclama para si é muito difícil de avaliar. Como saber qual das diferentes verdades em presença é, de facto, “a mais verdadeira”?



Com frequência deparamos com pessoas e instituições – perfeitamente credíveis e respeitadas - que se arrogam como defensores de determinados princípios e posições, em defesa das suas verdades.

Vejam o exemplo do recente “manifesto dos 28”. Vinte e oito conhecidos economistas, alguns dos quais ex-ministros das finanças e da economia, manifestaram-se a favor da suspensão de alguns grandes projectos financiados pelo Estado, preocupados que estão com o endividamento excessivo e com as pesadas consequências que daí resultarão para as próximas gerações. A sua verdade, sem dúvida.



Dias depois, eis que surgiu um outro manifesto, o “manifesto dos 51”. Cinquenta e uma personalidades, distintos economistas, engenheiros, sociólogos e professores universitários defendem que o combate ao desemprego passa obrigatoriamente pelo investimento público, nomeadamente o direccionado para os tão polémicos “novo aeroporto de Lisboa”, “TGV” e a denominada “3ª. auto-estrada Lisboa-Porto”. A sua verdade, incontestavelmente.



Por isso é que digo que é muito difícil saber-se qual é a verdade. A VERDADE, a coisa certa, feita com sinceridade e boa-fé.



Só que, provavelmente, não haverá apenas uma verdade. E é aí que entramos numa zona ainda mais difícil de julgar mas onde, e à cabeça, aparecem conceitos tão simples (e tão complicados ao mesmo tempo) como o compromisso e o bom senso.