quinta-feira, outubro 15, 2009

Transtornos


Há tempos que o assunto me inquietava. Como poderia continuar a aceitar a uma situação tão injusta que afectava centenas de trabalhadores, ainda por cima trabalhadores que ganham salários tão baixos (cerca de seis mil euros mensais mais 298 euros de “diária”)? Felizmente imperou o bom senso e a coisa resolveu-se. Ainda bem.


Na verdade, não era admissível, não era justo, que os eurodeputados há pouco eleitos continuassem a passar pelos incómodos provocados pelos tempos perdidos nas viagens. Até que foi decidido compensá-los por isso. Como? Dando-lhes mais uns trocos. Um denominado subsídio de “tempo perdido”, aquilo a que eles próprios chamam o “subsídio de transtorno”. E sabemos bem como as viagens causam imensos transtornos.


A solução que, naturalmente, peca por tardia, em termos económicos não teve grande impacto. Ao que sabemos, a rubrica orçamental teve um pequeno aumento de 32 milhões. Nada de especial, portanto, apenas um acréscimo de trinta e dois milhõeszitos de euros no orçamento para compensar os tais sacrifícios. Um pequeno aumento que ninguém estranha mesmo sabendo que na presente legislatura há menos 49 deputados do que na anterior.


Para mais não nos devemos esquecer que uma viagem até Bruxelas ou Estrasburgo pode durar, consoante o local de origem dos deputados, umas duas horas em média. O mesmo tempo que eu levo em dias de chuva e de tráfego completamente impossível para me deslocar até ao emprego que dista uns curtos 20 quilómetros da minha casa. Só que eu não recebo subsídios de compensação que me comprem uma reles embalagem de calmantes. Mas, também, o meu salário não se compara nada ao dos senhores eurodeputados. Infelizmente.

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