segunda-feira, junho 29, 2009

A solução


A história conta-se em duas palavras.



Quando construíam uma estrada de acesso à vila de Pevidém (concelho de Guimarães), engenheiro e mestre-de-obras encarregados da tarefa, ambos homens teimosos e de personalidade forte a ponto de nunca darem o braço a torcer, decidiram levar avante as suas ideias e, contra o que manda o mais elementar bom senso, mandaram executar duas estradas a partir de determinado lugarejo. Ambas tinham quatro quilómetros de extensão até à vila mas os traçados foram desenhados quase paralelamente a partir de um certo ponto, uma pelo lado direito e outra pelo esquerdo.



Como podem perceber …



Claro que a história é ficcionada mas bem poderia ter sido verdadeira. De qualquer forma o que achamos é que Pevidém dispensava a dupla placa. Com esta confusão pode ter acontecido que muitos dos condutores que pretendiam seguir até à vila, de tão baralhados que ficaram ao chegar àquele local decidiram, pura e simplesmente, voltar pelo caminho de onde vieram.

“Privilégios”


Uma das notícias que neste fim-de-semana mais me chamou a atenção foi a que revelava que o fundador e Ex-Presidente do Banco Comercial Português, Jardim Gonçalves, continua a utilizar um avião privado pago pelo Banco e, espanto maior, conta com uma segurança própria de 40 pessoas que é paga igualmente pelo BCP.



Claro que todos os privilégios que usufrui (estes e outros) foram assegurados no tempo em que Jardim Gonçalves era, ainda, o Presidente. Portanto, e aparentemente, não há razões para se suspeitar de qualquer ilegalidade. Mas, convenhamos, tantas regalias de luxo parecem não ter razão de ser.



E o que é que os accionistas do BCP acharão de tudo isto? Provavelmente que a situação é, no mínimo, descabida.



Como o dinheiro não é meu, até percebo que neste ano e meio em que o senhor está reformado, tenha feito várias viagens particulares no Falcon que tem à sua disposição. Tanto mais que essas viagens foram efectuadas no âmbito de uma cláusula aprovada anteriormente - "segurança e protecção na saúde" (????).



Agora o que me faz mais confusão é a desproporcionada segurança que é concedida ao ex-presidente e, agora, arguido do “Caso BCP”. Quarenta seguranças? Justificar-se-á tanta gente para o proteger? Afinal, o que é que Jardim Gonçalves tanto receia?


sexta-feira, junho 26, 2009

À espera de Ricardo Araújo Pereira



Depois da derrota do PS nas Eleições Europeias de 7 de Junho, o eterno porta-voz do Partido Socialista, Vitalino Canas, foi substituído por João Tiago Silveira, um jovem político de 38 anos que é, também, Secretário de Estado da Justiça.



É verdade que o novo porta-voz tem bom aspecto mas isso é capaz de não chegar. A sua dicção é deficiente e parece não ter o jogo de cintura, a graça e espontaneidade obrigatórias para quem desempenha funções deste tipo e que tem que lidar diariamente com repórteres chatos e, por vezes, incómodos.



Vamos esperar para ver se esta aposta de José Sócrates na renovação do partido não passa de uma efémera lufada de ar fresco.



Mas, considerandos à parte, Tiago Silveira é uma figura que tem tudo para ser facilmente caricaturado. Tenho a certeza que o Ricardo Araújo Pereira não tarda em aparecer por aí com mais um “boneco” engraçadíssimo.




quinta-feira, junho 25, 2009

História mal contada

Soube-se ontem que a Portugal Telecom pretendia comprar 30% da Media Capital (que controla a TVI que, por sua vez, não pára de afrontar o Governo e José Sócrates).

Convém, porém, esclarecer os que não estejam tão à-vontade com o assunto, que o Estado (que tem um governo liderado justamente por José Sócrates) tem uma pequena participação accionista na PT.

Pequena – apenas 500 acções – mas que, apesar de diminuta, faz toda a diferença. É que essas poucas acções, chamadas da categoria A, também conhecidas por “golden share", conferem ao Estado o poder de eleger um terço do número total de administradores, incluindo o presidente. Mas não só. Permitem, ainda, ao Governo vetar alterações de estatutos, aumentos de capital ou emissão de obrigações e outros títulos de crédito e ter direitos especiais na definição da estratégia e políticas para a empresa na definição de compra e venda de empresas.

Com estes poderes todos cabe na cabeça de alguém que o Governo não foi informado pela Administração da PT da intenção de compra? Ninguém acredita, pois não?

Bem pode José Sócrates jurar que desconhecia a eventual aquisição. Pode até dizer o Estado não se mete em negócios de privados, mas a verdade é que toda a gente é levada a pensar que ali “anda mão do governo” para fazer calar uma voz incómoda.

A não ser que, com tanta suspeita, o negócio tenha morrido já.

Afinal, cordeiro ou lobo?

No debate de ontem na Assembleia da República viram, por acaso, um cordeirinho que dá pelo nome de José Sócrates (o tal que, dizem, mudou de estilo)?

Eu que assisti a toda a sessão, só consegui ver um Primeiro-Ministro todo empertigado e de dedo no ar, ao jeito que lhe conhecemos há muito.

Onde é que está a tal mudança?

Como diz o provérbio “O que o berço dá, a tumba leva”

quarta-feira, junho 24, 2009

Contraditório

Quando, no mesmo dia, se dá de caras nos jornais com duas notícias cujos títulos indicam

- Associações de Pais fazem balanço positivo de ano lectivo, e

- Sindicatos fazem balanço muito negativo do ano lectivo

o que é que somos levados a pensar?

Tanto mais que este "ano lectivo", o de 2008/2009, é o mesmíssimo que tem provocado tanta confusão e polémica.

Resta saber o que acham os professores. Mas aí, o meu dedinho adivinhador segreda-me que já sabe a resposta

segunda-feira, junho 22, 2009

É um escândalo!

Antes de mais devo dizer que tenho uma grande admiração quer pelo economista quer pelo homem. Há muitos anos que respeito Silva Lopes e foi, exactamente por isso que, quando recebi o mail com o título desta crónica e com o que mais lá vinha escrito, antes de desatar a escrever a minha indignação, procurei informar-me sobre o que havia de verdade nesta mal-amanhada lixeira.

E fui encontrar esse esclarecimento ao lugar exacto onde constava que o Dr. Silva Lopes era o novo Administrador da EDP Renováveis, no próprio sítio da empresa na net.

Aos 77 anos, o licenciado em finanças pelo ISCEF José Silva Lopes, ex-Administrador da Caixa Geral de Depósitos, ex-Director do Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério das Finanças, ex-Ministro das Finanças, ex-Ministro do Comércio Externo, ex-Governador do Banco de Portugal e ex-Presidente do Conselho de Administração do Montepio Geral (de onde saiu, ao que consta, com uma indemnização de quatrocentos mil euros), está finalmente na situação de reforma mas devidamente aconchegado por diversas pensões de reforma que acumula. Contudo, descansou por pouco tempo. A EDP Renováveis foi-o buscar e vai, por certo, pagar-lhe mais uns generosos milhares de euros.

Não é a sua competência que está em causa, claro. Mas, para quem tem publicamente assumido a posição que deveria haver uma maior moralização da sociedade, uma melhor distribuição de riqueza e, inclusive, uma redução dos salários mais elevados, esta contratação não deixa de ser estranha, no mínimo.

E, confesso, de Silva Lopes esperava outra atitude. Nunca pensei que, logo ele, se deixasse enlear nesta teia de ex-políticos que vão assumindo, sucessivamente e sem pudores, tachos atrás de tachos.

domingo, junho 21, 2009

Lobo ou cordeiro?

Era inevitável abordar aqui o tema da suposta mudança de estilo do Primeiro-Ministro José Sócrates, verificada após a derrota das recentes eleições europeias.

“Partidarites” à parte, o que julgo mais interessante questionar é o que de facto terá mudado, se é que alguma coisa mudou. E até agora não consegui perceber qualquer alteração nem de estilo nem sequer, e principalmente, de substância no discurso de Sócrates.

A entrevista que concedeu à SIC Notícias não é suficiente para conseguirmos vislumbrar um novo José Sócrates. Aliás, deixa-nos um tanto ou quanto “abazurdidos” como é que ele que até tinha estado de tarde no Parlamento em acesa discussão com a oposição, num debate que venceu (é o que dizem os analistas), enérgico e acusador tal como sempre o conhecemos, conseguiu umas horas depois, transfigurar-se num ser delicado e doce onde só faltou vermos a auréola por cima da sua cabeça.

Não se iludam, porém, nem vão atrás das frases sempre inspiradas de Paulo Portas que dá a entender que o “animal feroz” se transformou em “português suave”, nem na professoral afirmação de Francisco Louçã “quem tem duas caras não tem cara nenhuma”.

Aquilo a que assistimos na SIC foi a uma entrevista mole, feita por uma jornalista branda, sussurrante e sem chama, tudo num cenário harmonioso e calmo e onde as provocações ficaram à porta do estúdio.

Assim sendo, Sócrates foi igualmente calmo, bem-educado e bem longe do tal “animal feroz” que dizem ser. Isso aconteceria sem dúvida se a entrevista tivesse sido conduzida por Judite de Sousa ou por Ricardo Costa. Aí sim, as chispas teriam saltado e por certo não teríamos tido a oportunidade de ver a tal auréola por cima da cabeça do Primeiro-Ministro.

De resto, penso que só os ingénuos acreditariam que a poucos meses de eleições, qualquer governante cometeria o suicídio de se sujeitar a uma metamorfose. Não há tempo para isso e as pessoas não veriam com bons olhos que, de repente, depois de uma derrota eleitoral e próximo de mais duas eleições importantes, alguém se desse ao trabalho de tentar passar por aquilo que não é.

E depois, com toda a franqueza, para que é que serve uma eventual mudança de estilo de Sócrates se as suas políticas, ao que parece, não irão ser alteradas? Afinal, em breve iremos votar em políticas (em programas) e não em personalidades. Ou não será?

quinta-feira, junho 18, 2009

Coisas que me irritam

Mesmo para pessoas que, como eu, tenham um feitio relativamente acessível (um pouco de prosápia também não é assim grande pecado), existem coisas que não conseguimos aceitar.

Por exemplo, o caso das famílias numerosas que - só porque têm o (péssimo) hábito de tomar banho todos os dias e gastam, naturalmente, muito mais água com esses banhos e com as montanhas de roupa que têm que lavar - são taxados no escalão mais alto de consumo de água. São considerados perdulários, da mesma forma que uma pessoa que vive só e leva duas horas no duche com a água sempre a correr.

Então, não deveria ser tomado em consideração o número de pessoas que habitam num agregado? Uma espécie de rendimento per capita do consumo de água. Fazia todo o sentido, não acham?


Da mesma forma fico irritado com a lei que impõe aos cidadãos que paguem uma “taxa audiovisual” para financiar a rádio e a televisão pública, uma taxa camuflada a lembrar umas outras que pagámos noutros tempos, respeitantes à rádio e à televisão.

Eu que não utilizo o rádio em casa ou no carro mas que se, porventura, me dá na gana, faço-o através da internet. Eu que pago televisão por cabo para ter acesso a uma série de canais, entre eles, os públicos, porque razão tenho que pagar serviços que não utilizo?

E, a cereja em cima do bolo, alguém me explica a razão porque é que as escadas dos prédios, simples lugares de passagem (e a maior parte das vezes nem isso porque os elevadores dão um jeito enorme) são obrigadas também a pagar a dita taxa?


Lá está, são coisas que me irritam!



quarta-feira, junho 17, 2009

A importância das coisas


Se pensarmos bem, tudo na vida é relativo.

Mas há limites. Se não acho mal que uma placa toponímica, por exemplo a da Avenida Fontes Pereira de Melo, seja toda ela escrita com o mesmo tipo de letra (e do mesmo tamanho) e se admito que, a mesma placa, possa indicar Avenida FONTES PEREIRA DE MELO (com maior destaque para o nome e menor para o arruamento), já me custa muito aceitar que na indicação inscrita se leia AVENIDA Fontes Pereira de Melo, onde, nitidamente, o que sobressai é a “AVENIDA”.

Acreditem que não é por nada em especial, mas não me parece lá muito bem que o objecto (o nome, a pessoa, a data) a homenagear seja menorizado (com uma letra de menor tamanho ou com relevo inferior) em relação ao tipo de arruamento (praça, azinhaga, rua, avenida, etc.).

Mas foi o que encontrei em algumas das artérias de uma cidade algarvia.

Vejam só













Acham isto normal?












terça-feira, junho 16, 2009

Não, eu não bebo …

Que anúncio é este que passa insistentemente nas nossas televisões?






“Não sejas ovelha. Bebe B! Groselha”?

Eu acho que também poderia ser “Não sejas bébé, bebe capilé”

Ou, talvez, “Não teças o linho, bebe antes vinho”.


Amigo Porcos no Espaço, tu que és especialista nestas matérias, podes ajudar-nos a explicar o que é que se passa?


segunda-feira, junho 15, 2009

A notícia da semana

Mais do que se ter especulado sobre os resultados das eleições europeias e mais do que se ter falado das marchas populares de Lisboa e das noivas de Santo António, a “notícia da semana”, aqui e em todo o mundo, foi a transferência milionária de Cristiano Ronaldo do Manchester para o Real Madrid.

Noventa e quatro milhões de euros foi o que os espanhóis pagaram aos ingleses para poderem contar com o português maravilha na sua equipa, com o qual - e com uns quantos mais que vão custar outros tantos milhões - pensam voltar à ribalta do ponta pé na bola.

Mas não pensem que o facto me preocupa por aí além. Pouco me incomoda saber qual foi o valor da transacção, tão-pouco que o Ronaldo vai ganhar qualquer coisa como 25 mil euros por dia nos presumíveis 6 anos de contrato. Concordo com o que dizia o “number one”, José Mourinho, “se quem compra está satisfeito, se quem vende está satisfeito e se o jogador está satisfeito, eu também estou satisfeito”.

Afinal, tratou-se de um negócio - de muitos milhões é certo - mas apenas de um negócio que, numa época de grande crise económica e financeira, veio demonstrar que ainda existe a tal dose de confiança que muitos diziam andar arredada. E a dois níveis. Primeiro, porque o Real acredita em absoluto que o retorno do investimento são favas contadas. O segundo, porque a banca (a mesma que restringe o crédito a empresas e a particulares) confia plenamente no clube madrileno, apesar de ele ter um passivo de 500 milhões de euros.

Porém, para quem ficou escandalizado com as cifras a que esta transacção chegou e, nomeadamente pelos 25 mil que o Cristiano vai ganhar por dia (dez milhões de euros por ano mais coisa menos coisa), convém recordar que outros desportistas, de outras áreas, recebem anualmente bem mais do que o CR7. Por exemplo, Tiger Woods, no golfe (cem milhões/ano), Oscar de La Hoya, no boxe (43), Federer e Nadal, no ténis (mais de 30) e por aí adiante.

O que não descansa as nossas consciências, admito. Sabe-se que o futebol é um negócio que movimenta milhões e que, como disse alguém, “é um produto fantástico que dá às pessoas aquilo que elas querem – emoções”. Mesmo assim, somos levados a pensar se faz algum sentido pagar a estes desportistas de elite todo este dinheiro, enquanto que o mundo se vê a braços com um desemprego que não pára de subir e famílias, empresas e até os países continuam a lutar para sobreviverem?

segunda-feira, junho 08, 2009

E depois vão queixar-se de quê?

Confesso que ainda acalentei a esperança, ainda que ténue, de que mais pessoas fossem votar ontem. Não me perguntem porquê. O mais certo é ter sido por pura ingenuidade mas admito que cheguei a pensar que os apelos do Presidente da República e dos principais líderes partidários pudessem “comover” os eleitores de que esta eleição tinha uma importância fulcral para as nossas vidinhas cá do burgo, porque a verdade é que é lá longe que quase tudo se decide.

Mas não, a rapaziada acordou tarde, um bocado molenga, comeu uma feijoadazita acompanhada com um tinto a condizer e, depois, não esteve para se deslocar até à assembleia de voto para depositar a papeleta na urna. Apre! Ainda por cima numa caixa cujo nome não augura nada de bom.

E ainda houve os outros que meteram uns dias de férias para irem a banhos ao Allgarve ou para viajarem até à santa terrinha.

E vai daí, só 36,5 % dos eleitores inscritos foram votar. Quer dizer, mais de 60% baldaram-se à sua obrigação, ao seu dever cívico e deixaram aos outros a tarefa de decidirem quem é que queriam ver em Bruxelas. E depois queixem-se que os que lá estão (independentemente da cor partidária), não zelam pelos seus interesses.

Antes fizessem como eu, que fui votar. Exprimissem a sua vontade, manifestassem o seu querer, ainda que ele se pudesse traduzir num voto branco ou nulo. Mas abster-se, francamente.

Nestas eleições, uns ganharam e outros perderam (contrariando o que sempre acontece, que ganham todos) mas quem de facto perdeu foi o regime democrático que, com 35 anos, já merecia um outro tipo de comportamento dos cidadãos.

Dirão que nos outros países da União Europeia aconteceu o mesmo. É verdade mas, ainda assim, conseguimos ter uma maior abstenção que a média comunitária que se cifrou em 43,4% contra os nossos 63,5%.

Mesmo não gostando dos políticos (ou não confiando neles), ou por causa disso mesmo, o voto é a melhor forma de expressarmos a nossa vontade. Se não o fizermos, mais tarde queixar-nos-emos de quê?

domingo, junho 07, 2009

E as férias deste ano estão já planeadas?

As notícias más não param de chegar, cada uma pior do que a anterior e quase todas a anunciar que a crise ataca sem dó nem piedade.

Soube-se, há pouco, o resultado de um inquérito efectuado pela Comissão Europeia que diz que os portugueses são dos europeus que menos planeiam fazer férias este ano e que mais de um terço já decidiu ficar em casa.

Eu que não tenho muito jeito para os números, pus-me a fazer contas e, se não errei no “e vai um”, um terço dos “portugas” ainda são qualquer coisa como três milhões de pessoas. Um pouco mais, na verdade.

Ou seja, três milhões de portugueses vão ficar de férias em casa por opção ou por dificuldades económicas.

Contudo, os outros dois terços, com maiores ou menores disponibilidades, ainda conseguem “ir vivendo”. Foi exactamente isso que constatei na semana em que andei a vaguear por aí. Os restaurantes e marisqueiras mais conhecidos estavam à cunha e os hotéis tinham uma taxa de ocupação bastante confortável.

E ainda bem, digo eu, porque se assim não fosse, eram mais umas quantas empresas a fechar as suas portas e uns milhares de trabalhadores a irem bater à porta dos Centros de Emprego.

quinta-feira, junho 04, 2009

Ficção ou utopia?

Contaram-me a história como verdadeira mas para o caso tanto faz. O cenário é o de uma pequena vila e estância de veraneio algures em França onde chove e nada de especial acontece. Aliás, uma história que bem podia passar-se no nosso país.

Lá nessa vila (como cá no nosso cantinho) a crise estava a sentir-se fortemente e toda a gente devia a toda a gente.

Subitamente, um rico turista russo entra no átrio do pequeno hotel local. Pede um quarto e coloca uma nota de 100 € sobre o balcão, pede a chave de um quarto e sobe ao 3º andar para ver o aposento, na condição de desistir se lhe não agradasse.

O dono do hotel pega na nota de 100€ e corre ao fornecedor de carne a quem deve 100€; o talhante pega no dinheiro e corre ao fornecedor de leitões a pagar 100€ que devia há algum tempo; este por sua vez corre ao criador de gado que lhe vendera a carne e este por sua vez corre a entregar os 100€ a uma prostituta que lhe cedera serviços a crédito. Esta recebe os 100€ e corre ao hotel onde devia 100€ pela utilização casual de quartos à hora para atender clientes. Neste momento o russo abastado desce à recepção e informa o dono do hotel que o quarto proposto não lhe agrada, pretende desistir e pede a devolução dos 100€. Recebe o dinheiro e sai.

Não houve nestes movimentos de dinheiro qualquer lucro ou valor acrescido. Contudo, todos liquidaram as suas dívidas e estes habitantes da pequena vila costeira encaram agora o futuro cheios de optimismo.

Não, a história não é, de facto, verdadeira. Mas já pensaram como seria bom que em Portugal acontecesse uma coisa deste género? O Estado a pagar a tempo e horas aos seus fornecedores, estes a pagar aos seus empregados, ao Fisco e à Segurança Social, os trabalhadores com os salários em dia a consumir mais, as empresas já com liquidez a investir com determinação e assim por diante.

O dinheiro apenas a circular e a dinamizar a economia.

Seria ficção ou utopia?

quarta-feira, junho 03, 2009

Num Dia de Verão

Diz a Wikipédia que “Alberto Caeiro é considerado o mestre dos heterónimos de Fernando Pessoa. Foi um poeta ligado à natureza ...".

Segundo alguns “pessoanos”, “Alberto Caeiro apresenta-se como um simples “guardador de rebanhos” que só se importa ver de forma objectiva e natural a realidade, com a qual contacta a todo o momento. Daí o seu desejo de integração e de comunhão com a natureza”.

Então, de Alberto Caeiro,

“Num Dia de Verão”

Como quem num dia de Verão abre a porta de casa

E espreita para o calor dos campos com a cara toda,

Às vezes, de repente, bate-me a Natureza de chapa

Na cara dos meus sentidos,

E eu fico confuso, perturbado, querendo perceber

Não sei bem como nem o quê...

________

Mas quem me mandou a mim querer perceber?

Quem me disse que havia que perceber?

____________

Quando o Verão me passa pela cara

A mão leve e quente da sua brisa,

Só tenho que sentir agrado porque é brisa

Ou que sentir desagrado porque é quente,

E de qualquer maneira que eu o sinta,

Assim, porque assim o sinto, é que é meu dever senti-lo...

Um outro tipo de vítima

Já aqui escrevi diversas vezes sobre violência doméstica. Violência sobre mulheres, idosos, crianças, pais. E sobre as diversas formas de violência - física, coacção, injúrias e agressões de todo o tipo.

Mas nunca aconteceu escrever acerca da violência sobre os homens. Porque esse tipo de crime não existia ainda? Não, apenas porque não é tão vulgar falar-se em agressões domésticas quando o homem veste a pele da vítima.

Pertencer-se ao denominado “sexo forte”, ter em geral maior força física e, não menos importante, passar pela vergonha de ser exactamente o “macho” a sofrer a ignomínia dos maus tratos era, até há pouco, impensável.

Mas deixou de ser. Só em 2008 mais de seis mil homens denunciaram às autoridades casos de violência doméstica e 600 recorreram à APAV - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima.

Dir-se-á que, apesar de tudo, são as mulheres que continuam a ser as mais atingidas por este flagelo. É um facto. O que não significa, porém, que fiquemos indiferentes ao que se passa noutros grupos onde idênticos problemas se registam.

E se é verdade que nos homens as agressões apresentam vestígios físicos de menor exposição, por outro lado as sequelas motivadas pela violência psicológica são extraordinariamente mais difíceis de ultrapassar. E quase sempre impossíveis de provar quando exista queixa.

Mesmo assim, os casos conhecidos de homens molestados pelas mulheres e companheiras mas também por outros familiares, nomeadamente filhos, não param de aumentar de ano para ano.

Fala-se, então e finalmente, de um outro tipo de vítima – o homem – que passou a constar do grupo de risco sujeito a violência doméstica.


terça-feira, junho 02, 2009

Todos de parabéns!

Já que na quinta-feira passada vos recordei que neste último fim-de-semana se ia realizar a primeira recolha de alimentos deste ano promovida pelo Banco Alimentar Contra a Fome, nada mais natural do que dizer-vos agora quais os resultados obtidos.

Pois nesta 35ª campanha, os 15 Bancos Alimentares Contra a Fome existentes no país recolheram um total de 1.935 toneladas de géneros alimentares, ou seja, mais 18% do que o conseguido na campanha de Maio do ano passado.

Numa altura de profunda crise económica, os portugueses voltaram a fazer prova da sua tradicional solidariedade. Mesmo com as enormes dificuldades com que as famílias se debatem, ainda assim, o povo português soube ter o tal “pequeno gesto” que vai fazer toda a diferença.
Com esta generosidade será possível distribuir, já esta semana, géneros alimentares a mais de 1 600 Instituições de Solidariedade Social que os irá entregar a cerca de 250 mil pessoas com carências alimentares comprovadas, sob a forma de cabazes ou de refeições confeccionadas.

Estamos, pois, todos de parabéns. Uma vez mais.