sexta-feira, março 19, 2010

Apesar de tudo, senti ternura


Um dia destes fui ver um filme numa sala quase vazia. Não é a primeira vez que isso acontece mas, desta feita, a coisa foi diferente. Muito perto de mim estava sentado um casal já com alguma idade que, perante tamanho desafogo, ia comentando em voz alta as cenas que iam passando na tela. Pior, antecipavam as cenas seguintes, do género “queres ver que ele agora vai dar com ela …” ou “tá-se mesmo a ver que no fim eles …”.


Enfim, viam, comentavam, interagiam entre eles de forma natural, tão natural como se estivessem em casa defronte da televisão.


E se este tipo de comportamento habitualmente me irrita, a ponto de já por diversas vezes ter enviado um sonoro “SHIUUUUUUUUUUU!” para que ninguém ficasse com dúvidas que estavam a incomodar as pessoas, desta vez, senti uma certa ternura em assistir ao diálogo que se ia desenrolando aqui e ali.


É verdade que, durante a sessão, o “ruído” me aborreceu por vezes. Ao mesmo tempo, porém, achei delicioso observar um casal bem maduro que teima em sair de casa para ir ver cinema no cinema e que é capaz de continuar a comunicar um com o outro. Nos tempos que correm, é obra.


Como disse, apesar de tudo, senti ternura.


2 comentários:

Anónimo disse...

Olá meu amigo,

Nos dias que correm é raro assistir a algo semelhante, é raro ver que com o passar dos anos, as pessoas continuam amigas e acima de tudo continuam a dialogar uma com a outra. Compreendo perfeitamente a sua postura, o facto de nem sequer ter emitido o tão conhecido “SHIUUUUUUUUUUU!”, mas dado ser uma situação que se encontra em “vias de extinção”, devemos apenas observar, contemplar e sentir a ternura emanada pelo casal, para que ainda resida nas nossas consciências alguma reminiscência do que deve ser viver em conjunto e partilhar o mesmo tecto. Gostei. PS: Depois diga que não leio e comento os seus Blogs. Um abraço. Fernando

provocador disse...

E comunicavam sem pipocas nem cocacola? Então, estão nomeados, desde já, para o prémio “Casal do Ano”. Do ano, qual quê, “CASAL DO SÉCULO”