segunda-feira, setembro 27, 2010

As “Águas de Portugal” meteram água

Precisamente quando o PEC 2 nos obriga a cumprir uma série de medidas que passam pela redução da despesa pública, vem-se a saber que a frota do Estado continua a crescer, sobretudo com o forte contributo das empresas públicas que, ao que parece, ninguém controla.

Não se põe em causa a aquisição ou o aluguer de veículos novos. Temos noção que a maioria são absolutamente necessários para o desenvolvimento/cumprimento das actividades das empresas, quero dizer para o “serviço” propriamente dito. O que se questiona, isso sim, é a política levada a cabo por essas empresas aquando da renovação das respectivas frotas e, em particular, para os veículos de gama alta destinadas ao topo da hierarquia.

Veja-se o exemplo do Grupo Águas de Portugal, cujo parque automóvel é composto por 1190 viaturas de serviço. Tudo bem, devem ser necessárias, não se discute. Mas quem é que percebe que, entre estas, tenham à sua disposição 388 carros topo de gama? Claro que ninguém aceita a justificação que isso acontece porque as viaturas são contratadas em regime de AOV (aluguer operacional de veículos) que podem até ser mais vantajosas para a empresa em alternativa à aquisição mas que têm, obviamente, custos (e altos) a pagar.

A realidade é esta. Obrigámo-nos com Bruxelas a cumprir as directivas aprovadas no Programa de Estabilidade e Crescimento. Pode até ser que as verbas dispendidas com a existência de umas centenas de carros para administradores e outros quadros não tenham uma relevância por aí além nos orçamentos, mas há questões de racionalidade, de bom-senso e de exemplo que não se podem esquecer. E, como se sabe, os mercados estão de olho em nós.

Talvez por isso, o Governo tenha suspendido de imediato a renovação da frota automóvel das Águas de Portugal e tenha decidido que Pedro Serra, o presidente do Grupo Águas de Portugal não será reconduzido quando terminar este mandato, em 31 de Dezembro.

Foi um bom sinal mas apenas um sinalzinho. Há muitos mais para dar e urgentemente.



1 comentário:

olavretni disse...

Parece que o Correio da Manhã publicou uma suposta explicação dada pela empresa de que apesar de o país estar em crise (especialmente as contas públicas), esta empresa (pública) não está.

Meus Amigos, a ser verdade ...