terça-feira, novembro 30, 2010

Eu que me comovo por tudo e por nada



A campanha do Banco Alimentar Contra a Fome que decorreu no último fim-de-semana em muitos supers e hipermercados do país recolheu 3 260 toneladas de alimentos. Um aumento de 30% face ao período homólogo do ano passado. Um balanço que superou em muito as melhores expectativas.

Foi um verdadeiro festival de solidariedade em que muitos milhares de pessoas indiferentes à crise económica (ou exactamente por causa dela) acorreram prontamente à chamada para colaborar com aqueles que mais necessitam. Durante estes dois dias tive a ocasião de observar a forma generosa como quiseram contribuir, chegando mesmo a deslocarem-se propositadamente aos locais só para comprar alimentos destinados à campanha. Pessoas de todas as idades e de condições sociais distintas que, dentro das possibilidades de cada um, se mostraram disponíveis para colaborar E a muitas delas, depois de entregarem os seus sacos de compras, ouvi-as dizer: “Bem hajam pelo vosso trabalho, que Deus vos ajude pelo bem que fazem” ou, simplesmente, “Obrigado”. Tocante, na verdade.

Mas não quero deixar de partilhar duas situações (a que assisti) que achei enternecedoras.
A primeira, a de uma criança dos seus seis anitos que fez questão de oferecer um produto que ela achou ser extremamente importante. Num saco do BA entregou (convicta e orgulhosamente) … uma embalagem de Sugus.

A segunda história foi a de um caixa de supermercado de uma grande superfície que aproveitando a presença de uma voluntária do BA entregou – disfarçadamente - 4 euros para que ela comprasse alguns produtos com que ele pretendia contribuir. A voluntária ainda lhe perguntou por que razão não o fazia directamente mas ele respondeu, como que envergonhado, que não queria dar nas vistas.

É perante casos como estes (e juro que vos podia contar muitas dezenas de outros mais) que me comovo e me curvo. “Eu que me comovo por tudo e por nada”, como dizia o Vitorino.

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