terça-feira, dezembro 21, 2010

Boas Festas

Cumprimento todos os que nos têm feito companhia ao longo do tempo e, nesta época de festas, desejo que tenham

SAÚDE

PAZ e

AMOR

E que 2011 vos traga tudo de bom

BOAS FESTAS!
BOM ANO NOVO!

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Do que eu falaria hoje se não estivéssemos no Natal


Estou já tão imbuído do espírito natalício que não me sentiria bem se hoje me pusesse a comentar “certas coisas” que andam por aí. Estamos na época em que os corações estão mais sensíveis e são palavras como saúde, paz, amor, compreensão e fraternidade que mais gostamos de dizer e de ouvir.

Não fosse assim e certamente especularia sobre a forma peculiar como Cavaco Silva tem promulgado uma série de leis. Isto é, não gosta delas, nunca as faria, acha que os seus efeitos irão ser nefastos mas, ainda assim, assina-as. Dá-lhes, portanto, o seu aval muito embora faça questão de justificar que não está de acordo com elas. Insólito, no mínimo. O normal seria estar de acordo e vamos a isso ou não gosto e devolvo.

Não fosse o Natal e provavelmente estaria aqui a meditar sobre o ano que se aproxima e sobre as dificuldades que vamos sentir. 2011 para além das penalizações salariais das famílias trar-nos-á o aumento significativo dos bens essenciais como o pão (12%), os transportes (3,5 a 4,5%) e a electricidade (3,8%) para além do IVA, claro. Mas a época desaconselha-me a tal.

Não fosse a enorme dose de generosidade própria da época e dissertaria sobre os países onde o nosso Governo anda à procura de financiamentos mais em conta do que aqueles que conseguimos nos chamados “mercados”. Na China, na Líbia, no Brasil ou nos Emiratos onde, certamente, vamos obter os empréstimos que necessitamos com taxas mais baixas mas com contrapartidas ainda desconhecidas. Sim, por que alguns desses “países amigos” não são propriamente democracias e vão querer que estejamos do seu lado em certas votações. Mas, como se costuma dizer, “em tempo de guerra não se limpam armas”.

Não fosse esta quadra, comentaria certamente os 500 milhões de euros (mais 500 milhões) que o Estado vai injectar no BPN.

Mas é Natal e o melhor será falar-vos em esperança. É uma coisa que, por enquanto, não paga imposto e, de certa forma, aconchega-nos a alma. É bom termos esperança e é muito bom acreditar no futuro. Como o nosso Manuel de Oliveira que aos 102 anos continua a realizar filmes e a receber prémios e o de uma senhora inglesa com 103 anos que é a mais velha utilizadora do Facebook. Exemplos que, sem dúvida, nos devem inspirar. Bom Natal!

sexta-feira, dezembro 17, 2010

Emprego e Desemprego do Poeta

Do Poeta e ensaísta português Ruy Belo (1933 – 1978)

“Emprego e Desemprego do Poeta”


Deixai que em suas mãos cresça o poema
como o som do avião no céu sem nuvens
ou no surdo verão as manhãs de domingo
Não lhe digais que é mão-de-obra a mais
que o tempo não está para a poesia

Publicar versos em jornais que tiram milhares
talvez até alguns milhões de exemplares
haverá coisa que se lhe compare?
Grandes mulheres como semiramis
públia hortênsia de castro ou vitória colonna
todas aquelas que mais íntimo morreram
não fizeram tanto por se imortalizar

Oh que agradável não é ver um poeta em exercício
chegar mesmo a fazer versos a pedido
versos que ao lê-los o mais arguto crítico em vão procuraria
quem evitasse a guerra maiúsculas-minúsculas melhor
Bem mais do que a harmonia entre os irmãos
o poeta em exercício é como azeite precioso derramado
na cabeça e na barba de aarão

Chorai profissionais da caridade
pelo pobre poeta aposentado
que já nem sabe onde ir buscar os versos
Abandonado pela poesia
oh como são compridos para ele os dias
nem mesmo sabe aonde pôr as mãos

quinta-feira, dezembro 16, 2010

Tive sorte


A rua era larga e de passeios largos. O trânsito diminuto. Parei o carro em cima do passeio (largo) para ir à loja que ficava em frente. Questão de minutos, pensava eu. Ainda assim, com a preocupação de que pudesse causar algum incómodo aos transeuntes, assomava constantemente à porta para verificar que não havia problema.

Numa das vezes, não teriam passado mais de dez minutos, vi que me tinham bloqueado o carro e, para o tornar ainda mais bonito, tinham-lhe colocado uma fita multicor ao seu redor. Percebi que a multa já cá cantava.

A carrinha da Polícia Municipal estava a cerca de 20 metros. Tudo se tinha passado num ápice. Corri até eles. Para ser sincero nem sequer tive vontade de justificar a minha infracção, achei que não valia a pena. Só lhes disse, em tom de desabafo (ainda que com ironia), “foram eficazes”.

Explicaram-me que incorria em três “crimes”: estacionamento em cima do passeio, impedimento de passagem de peões e de cadeiras de rodas ou carrinhos de bebés e obstrução à saída dos veículos estacionados. Tudo junto eram 90 euros para resolver a situação. Porém, como se aperceberam (!!!) que eu tinha aparecido umas quantas vezes à porta da loja, só me penalizaram pelas duas primeiras infracções. Assim, “apenas” paguei 30 euros de coima e mais 30 por me bloquearem/desbloquearem o carro.

Tive sorte, apesar de tudo. “Poupei” os 30 euros da multa que me perdoaram e “poupei” o telefonema para virem desbloquear o automóvel. Ah, e ainda tive a sorte de ter pela frente um polícia simpático e conversador que fez questão de me dar todas as explicações.

Depois de ter apertado a mão ao polícia, entrei no carro (já sem a tal fitinha) e saí dali com o sentimento que o Natal é uma época de paz e compreensão.

quarta-feira, dezembro 15, 2010

A saúde em Portugal – bem, mal ou nem por isso?

Sou acérrimo defensor de uma total transparência na vida pública. Afinal o Estado somos todos nós e temos o direito de saber se a coisa pública está, ou não, a ser bem administrada. Só que a avaliação poderá ficar distorcida se as sucessivas notícias do que corre mal não tiverem como contrapartida tudo aquilo que se faz bem (sim, por que há também muitas coisas que são boas). E isso pode gerar um sentimento negativo nos cidadãos, o qual assenta, muitas vezes, no puro desconhecimento do que realmente acontece.

No caso da saúde, por exemplo, diz-se amiudadamente que é um sector que não funciona, é desorganizado e onde não podemos confiar. Mas será que é mesmo assim?

Pois a confiar no estudo levado a cabo pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) que conclui que o Serviço Nacional de Saúde está degradado e é insustentável, somos capazes de admitir que o fim se aproxima e que aquilo que os portugueses julgavam ser uma conquista e um direito para sempre, está à beira de acabar.

Só que, desta vez, existe a tal contrapartida de que falávamos. Através de um outro estudo, este da OCDE, ficámos a saber que Portugal é dos mais eficientes (entre os 29 países mais desenvolvidos) na despesa que faz com a saúde. Ou seja, no nosso país a despesa pública com a saúde não tem grandes desperdícios e será difícil ser muito mais eficiente. E, para os ganhos em saúde da população, os gastos até nem dispararam. O relatório nada diz quanto à sustentabilidade do sistema mas um
facto que parece relevante é o de 76,9% dos portugueses estarem insatisfeitos com o SNS.

Face à aparente divergência dos resultados obtidos nestes dois estudos, é legítima a interrogação: será que os portugueses que se manifestaram descontentes com o Serviço Nacional de Saúde foram exactamente os mesmos que acharam que, entre todos os operadores de transportes de Lisboa, o Metro é aquele que tem melhor ar condicionado? É que o Metropolitano de Lisboa não tem qualquer sistema de ar condicionado e apenas utiliza ventilação sem refrigeração...

terça-feira, dezembro 14, 2010

E o elogio não deveria fazer parte da prática política?



Independentemente da cor política do partido que está no poder, o que tenho assistido ao longo dos anos dentro e fora do Parlamento é um contínuo bota abaixo das oposições a respeito de tudo. Pelo que se faz, pelo que se deixa de fazer ou pelo que se faz mal. De qualquer jeito, o mote é “vocês erraram” e “prontos”! E isso irrita-me solenemente. É que alguma coisa de certo os governos farão.

Daí que tenha ouvido com agrado as palavras do líder parlamentar do PSD que elogiou as medidas apresentadas pelo Primeiro-Ministro para a educação, nomeadamente, o reforço de programas para o sucesso escolar, o estudo acompanhado da matemática, português e ciências no ensino básico e a criação de uma "tutoria digital" para estas disciplinas.

Miguel Macedo considerou ainda que "o país está numa direcção certa" em matéria de educação, destacando a melhoria de resultados dos alunos portugueses observados no relatório PISA da OCDE.

Até que enfim. Considero que numa democracia a sério tem que haver regras básicas. Nomeadamente que haja discussão de ideias, exercício da crítica profunda e rigorosa e reconhecimento do que se faz bem. Isto, a acontecer, só engrandeceria os políticos e enriqueceria a própria democracia.

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Como se pode ficar insensível ao que se passa?

Muito se fala nas desigualdades que colocam Portugal no pódio dos países onde existem maiores diferenças entre os que mais ganham e os que menos recebem. Falamos mas a maior parte das vezes nem nos apercebemos bem da verdadeira dimensão dessas assimetrias. Os exemplos, porém, ajudam-nos a entendê-las um pouco melhor.

Com um desemprego que estará na casa dos 11,7% da população activa (cerca de 650 mil pessoas), em que 22% dos que têm emprego estão com contratos a prazo, com uma remuneração média que andará pelos 800 euros e com a maioria pensões que têm valores idênticos ao salário mínimo (475,00 €), não podemos ficar indiferentes quando constatamos que muitos gestores não executivos, aqueles que não têm funções de gestão, chegam a ganhar 7 400 euros por reunião.

Sem demagogias e sem pretender atacar pessoalmente quem quer que seja, dou-vos um exemplo (e poderia dar-vos bastantes mais) desses gestores de topo que são pagos principescamente. Não está em causa se o merecem ou não nem, tão-pouco, se pretende avaliar as suas capacidades e experiências. O que parece relevante sublinhar é o exagero do que alguns recebem, sobretudo quando enquadrados num país como o nosso onde há fome e a maioria das pessoas sentem grandes dificuldades para sobreviver.

E o exemplo que quero dar é o do Dr. Daniel Proença de Carvalho, por quem tenho o maior respeito, que é um dos responsáveis com mais cargos entre os administradores não executivos das empresas cotadas no PSI-20 e também o mais bem pago. É Presidente do Conselho de Administração da ZON, membro da comissão de remunerações do BES, Vice-Presidente da Mesa da Assembleia-Geral da CGD, Presidente da Mesa da GALP Energia e desempenha funções semelhantes em mais 30 empresas. Recebeu em 2009 (só nas empresas cotadas em Bolsa) 252 mil euros por ter participado em 16 reuniões, ou seja, 15,8 mil euros por reunião.

Não acham escandaloso? Por muito e magnífico trabalho que tenha desenvolvido (e não tenho dúvidas que o fez) na preparação dessas reuniões, durante as mesmas e até mesmo depois, e ainda que tenha pago todos os impostos devidos, não acham excessivo que só nas tais 16 reuniões uma pessoa receba 252 mil euros, ou seja, o correspondente a 18 mil euros por mês, catorze meses por ano?

É chocante, não é? E isto passa-se em Portugal, precisamente o país que ainda esta semana foi noticiado como tendo o segundo valor mais alto no índice de desigualdade social da União Europeia.Como se pode ficar insensível a isto?

sexta-feira, dezembro 10, 2010

Banda desenhada no Facebook? Boa!...

Para que a vida não se torne demasiada monótona, inventam-se de tempos a tempos novas modas. Desde há algumas semanas as pessoas que frequentam o Facebook lembraram-se de substituir as suas fotografias (que lá estavam escarrapachadas para melhor serem reconhecidas) por figuras de banda desenhada.

Pergunto, tinham vergonha de mostrarem as vossas caras larocas ou o intuito foi a mera segurança e privacidade de cada um? Eu acho que o que originou isto foi um movimento lançado no próprio Face mas olhem que esse já era e saiu tão rapidamente como entrou. E ainda que eu prefira os bonequinhos de BD aos “vultos” que não identificam nem distinguem a quem pertencem, como poderei continuar a “encontrar-me” convosco sem ter a certeza se estou de facto perante um de vós ou simplesmente a olhar para o Mickey?

É uma fase? Muito bem, esperarei que ela passe. Depois, e uma vez terminada a exposição das crianças que têm dentro de vós e todas essas recordações de tempos idos, por favor voltem às fotos com expressão, àquelas que nos deixam olhar nos olhos e saber que vocês estão desse lado.

quinta-feira, dezembro 09, 2010

O apelo de Eric Cantona

Os amantes de futebol recordam-se certamente de Cantona - Eric Cantona - o francês que brilhou nos relvados ao serviço da selecção francesa e do Manchester United na década de noventa. Cantona foi um jogador de um talento indiscutível e foi mesmo considerado o melhor jogador da história do Manchester.

Mas, reconheçamos, o génio do jogador ultrapassava as quatro linhas do campo e dava corpo a atitudes que assumia fora dos relvados, muitas delas excêntricas, quando não reprováveis.

Pois Cantona, o agora actor, fotógrafo, dinamizador de causas sociais e seleccionador francês de futebol de praia, voltou à ribalta para apelar, através da internet, a que as pessoas corram aos bancos para levantar o dinheiro que lá têm. "Se 20 milhões de pessoas forem ao banco levantar o dinheiro, o sistema afunda-se e a revolução faz-se sem armas nem sangue, é tudo muito simples", dizia Cantona no vídeo, onde acrescentava que esta era a melhor maneira de se ver a revolta popular. “Depois, as pessoas vão ouvir-nos”, concluiu.

Claro que esta “finta” do antigo futebolista, apesar de ter já uns largos milhares de apoiantes no espaço cibernético, não vai ter acolhimento por aí além e, se tivesse, seria perigoso. Todos sabemos que uma corrida em massa aos bancos, por destruir a confiança que as pessoas têm no sistema bancário poderia pôr em causa o seu funcionamento por falta de liquidez.

Aliás, a criação dos Bancos Centrais e dos Fundos de Garantia aconteceu exactamente para responder aos cenários de pânico e corridas aos bancos que aconteceram no início do século passado.

Uma coisa é estar danado com os banqueiros e com a forma como conseguem pagar menos impostos do que as outras empresas e, nesse sentido, percebe-se a animosidade popular contra a banca. Outra é desejar a falência do sector bancário, o que, creio, ninguém quer.

Como aqui tenho referido por diversas vezes, uma coisa é uma coisa e uma outra coisa é uma outra coisa. Quanto ao Eric Cantona, eu sempre o considerei genial como … futebolista.

terça-feira, dezembro 07, 2010

Os Açores e as compensações salariais



É curioso como tantas vezes se gastam energias a discutir coisas … pelo lado errado. Então em política isso é muito comum, questionam-se as minudências e esquecem-se do que é verdadeiramente importante.

Tal como está a acontecer agora com as tão badaladas (e politizadas) compensações salariais dos funcionários públicos dos Açores. Na verdade, pouco interessa se essas compensações são ou não inconstitucionais ou se é mais significativo que estes funcionários continuem a receber o seu salário por inteiro ou que os muitos milhares de outros funcionários vejam reduzido o seu vencimento.

O que para mim está em causa é tão-somente uma questão de justiça. Se se pedem sacrifícios aos portugueses, é justo que todos contribuam para esse sacrifício. E medidas que ludibriem este princípio são moralmente condenáveis, ainda que sejam legais.

Políticas à parte, as declarações críticas do Presidente/Candidato Cavaco Silva, embora mal aceites pelo partido que apoia o governo e pelo seu candidato presidencial, têm toda a razão de ser. Ou seja, dentro dos mesmos níveis salariais, os cortes devem ser aplicados a todos de igual forma. Se não, digam-me como acham que se sentem os trabalhadores que são vítimas desta discriminação?

Se estes privilégios – sim, por que é disso que se trata – forem considerados inconstitucionais tanto melhor. Mas sejam ou não, o facto é que estamos perante uma questão de ética e de equidade. E não me venham dizer que 5% sobre 1 750,00 euros é diferente em Vila Nova de Poiares ou em Angra do Heroísmo, porque, de facto, não é.

sexta-feira, dezembro 03, 2010

Até o Eleven mandaram às ortigas …

Posso até entender que a debilidade da nossa economia preocupe tremendamente quem nos empresta dinheiro. A prova é que as taxas de juro não param de aumentar.

Mas já não percebo que esse facto determine e justifique que o famoso Guia Michelin tenha tirado a estrelinha a uma das catedrais da nova burguesia, o Restaurante Eleven, em Lisboa.

A coisa está a ficar feia, meus Amigos. Eu sei que ainda nos resta um restaurante com duas estrelas Michelin (o Vila Joya, em Albufeira) e mais dez com uma estrela, mas não me conformo – eu que até nem frequento o Eleven - que um dos melhores restaurantes da capital e do país, onde os produtos de excelência, a arte e a criatividade eram (e continuam a ser, ao que consta) uma referência tenham sido, pura e simplesmente, esquecidos e mandados às ortigas.

Como diria o Calimero: “É uma injustiça, não é?”