terça-feira, janeiro 18, 2011

“A tradição continua a ser (mais ou menos) o que era”


Embora tanta vez se diga que “a tradição já não é o que era”, eu achava que ainda havia tradições “à maneira antiga”. A da ceia do Natal, por exemplo. É mesmo a mais paradigmática, aquela que ao longo dos anos e dos desvios mais ou menos significativos da fé de cada um e do desmultiplicar das famílias que se vão formando, a consoada continua a ser a festa (a reunião) da família. Nem que seja uma vez por ano, aquela é a noite da família, do bacalhau, dos fritos, do bolo-rei (embora aqui haja particularidades gastronómicas que não convergem) e da troca de prendas, trazidas antes pelo Menino Jesus e agora, com a função delegada, pelo Pai Natal.

Mas o que eu não sabia mesmo é que a noite de 24 de Dezembro é hoje em dia uma das mais rentáveis do ano em bares e discotecas. Ao que parece, cumprida a “formalidade” do jantar e das prendas, os jovens (e não só) saem para ir arejar e beber uns copos com os amigos. Virou moda trocar o serão familiar por uma noite de convívio fora de portas.

Do mal, o menos. Prescinda-se, então, da tradição de ficar em casa com a família mas preserve-se, pelo menos, o hábito do jantar e, já agora, das prendinhas que devem vir embrulhadas de afectos.

Voltemos à frase com iniciámos esta crónica para actualizá-la: “A tradição continua a ser (mais ou menos) o que era”.

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