sexta-feira, abril 01, 2011

Custa-me a aceitar

Na última quarta-feira no programa de José Gomes Ferreira “Negócios da Semana”, na SIC Notícias, discutiam-se os problemas e os buracos das famigeradas “Parcerias Público-Privadas”. Às tantas, quando se falava da enorme dívida externa do país, um dos convidados, o Professor de Economia e Gestão Avelino de Jesus, abordou a necessidade da reestruturação da dívida.

Gomes Ferreira exclamou: “mas isso é dizer aos credores que uma parte não lhes vai ser paga”.

Resposta do Professor: “Claro, isso é conhecido. 30 a 50% da dívida vai ter que ser perdoada … serão os próprios credores a fazer essa proposta porque já perceberam que nós não conseguimos pagar … não pagar uma parte não é nada de escandaloso, isso permitirá reescalonar a dívida remanescente com um prazo mais alongado e com juros mais razoáveis”.

Percebo o argumento mas custa-me a aceitar a ideia de que não é escandaloso deixar de cumprir os nossos compromissos. É uma questão de ética e de valores que, a serem aceites, põem definitivamente em causa a relação de confiança entre as partes.

“O dever acima de tudo” dizia-me o meu pai. Sei bem que “o dever” a que ele se referia significava tão-somente honestidade, obrigação e integridade de carácter. Coisas que parecem estar esquecidas hoje em dia.


1 comentário:

olavretni disse...

Pode ser que essa história de se pedir uns dinheiros às instituições para, mais tarde, por dificuldades, seja desculpada uma parte da dívida resulte entre países ou para grandes empresas.

Mas não é isso que acontece em relação à generalidade de quem pede.

Se eu pedir ao meu banco que me empreste 150 mil euros para comprar uma casa, acham que se, entretanto, eu estiver com problemas para pagar as prestações, a banca vai lamentar a situação e vai perdoar-me 30 a 50% da dívida e deixar-me pagar o resto em 200 anos à taxa de 1%? Claro que não vai.