terça-feira, abril 26, 2011

A famosa “ponte da Páscoa”

Embora passados alguns dias, acho que ainda vou a tempo de dizer alguma coisa sobre a polémica “ponte da Páscoa”. Quero referir, sobretudo, que achei lamentáveis as posições assumidas pela nossa classe política. Um bando de irresponsáveis que se entretêm com meras jogadas eleitorais e de poder e se esquecem do que de facto interessa. Isto quanto aos políticos, mas nós, cidadãos, também não estamos isentos de responsabilidades.


O que é que justifica, então, que se faça uma ponte na 5ª feira santa? O sermos um país de tradição católica? O ser habitual conceder-se a pontezinha aos servidores do Estado? Ou será o facto de já estarmos em campanha eleitoral e de dar jeito tentar apanhar mais uns quantos votos?


E a resposta a estas interrogações é simples: se é verdade que somos um país de tradição católica é necessário, também, ter presente que o Estado é laico e, portanto, não faz qualquer sentido que seja o próprio Estado a conceder um tempo destinado ao retiro e reflexão de uma qualquer religião. Quanto ao estarmos habituados a que haja mais uma tarde de folga na semana santa, isso é uma coisa que sabe bem, sem dúvida, mas temos que ser realistas. O país atravessa uma situação caótica e ninguém perceberá que, estando assim, ainda se trabalhe menos, muito menos quem nos empresta o dinheiro. Finalmente, há que ter em conta que se o governo não concedesse a tolerância, bem podia dizer adeus a muitos votos de funcionários públicos.


E, entre a tradição e a demagogia, venha o diabo e escolha. Medida polémica sei que foi e sei, também, que aquela bendita tarde da ponte custou nada menos que 20 milhões ao país. E sei ainda que os senhores que estão em Portugal a estudar se, e como, poderemos vir a receber a “ajuda” internacional ficaram chocados por ver que um país suicidário e sem rumo continua a gastar sem rei nem roque. Mas a verdade é que para quem está a necessitar de tantos milhares de milhões que falta fazem uns reles 20 milhões de euros?


A oportunidade e o simbolismo da medida não podiam ser mais desajustados. Na tarde da última quinta-feira, os funcionários folgaram e tiveram tempo para poderem preparar os quatro dias de descanso que iam ter de seguida. A produtividade e a competitividade bem puderam esperar mais uns dias.



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