quarta-feira, outubro 12, 2011

Olá Princesa



Certamente que quando Clara Pinto Correia escreveu o “Adeus Princesa” e abordou os problemas vividos num Alentejo rural envolvido em conflitos políticos, económicos e sociais, não poderia supor que uns anos mais tarde, não no Alentejo mas em Portugal, iria nascer uma moda que alastrou, e de que maneira.


Tornou-se costume ouvir mãezinhas com filhas pequenas tratar os seus rebentos docemente por “Princesas”. Em cada sítio em que há meninas é um coro de chamamentos “Oh, Princesa, traz-me isto”, “Oh Princesa, vem aqui à mamã”, “Oh Princesa, dá um beijinho à tia”.


Mas, mais do que pensar que se trata apenas de uma moda, embora afectuosa, o que me preocupa – pela omissão – é a forma como os pais tratam os seus filhos homens. Será que lhes dizem simplesmente “Oh puto, anda cá” ou, projectando o seu maravilhoso futuro, chamam-lhes “Oh Cristiano (Ronaldo) vai dizer à tua mãe …”.


E é em coisas tão simples e tão vulgares como estas que se nota, desde cedo, a discriminação nas sociedades.


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