quarta-feira, março 14, 2012

Um caixote do lixo dourado

Sempre achei que os lugares públicos são uma fonte inspiradora para escritores, jornalistas, bloguers e para todos os que necessitam de ideias para as suas escritas. Ali se ouvem as teorias mais expeditas para a resolução dos problemas mais complexos. Quais treinadores de bancada, as estratégias são delineadas com simplicidade e têm tudo para se obterem os melhores resultados. Muitas vezes são o “ovo de Colombo”. Tão simples como isso.

Já tenho ouvido de muitas bocas que as dificuldades que Portugal atravessa se resolveriam facilmente se vendessem o ouro que está guardado no Banco de Portugal. Mau, então por que é que não se tinha pensado nisso antes?

Aqui e ali saem outros bitaites a lembrar que deveria haver outro Salazar que tanto poupou e tanto ouro juntou. Ora, a história do ouro tem muito que se lhe diga. Para quem não sabe ou para aqueles que já esqueceram, recordo que muito desse ouro veio da Alemanha por contrapartida do volfrâmio que lhes vendíamos durante a II Grande Guerra, a coberto de uma alegada neutralidade de Portugal no conflito. O que nunca se chegou a apurar ao certo é se esse ouro era nazi ou judeu embora exista uma corrente muito consistente que defende que esse ouro seria, na sua maioria, proveniente dos judeus.

Mas proveniências e branqueamentos à parte o que muita gente desconhece, mesmo nesses lugares públicos apinhados de saberes profundos, é que nos últimos quinze anos Portugal vendeu parte das suas existências de ouro mas continua a ser a 14ª maior reserva do mundo, à frente do Reino Unido e da Arábia Saudita e a maior da Europa, tendo em conta a dimensão da economia. E o que também geralmente se ignora é que os paralelepípedos de ouro que têm apenas 99,5% de ouro (a restante percentagem diz respeito a impurezas) estão guardados no Carregado, em Londres e nos … Estados Unidos. Depois fornecer-vos-ei as moradas caso queiram lá ir buscar um lingote.

Perante tamanha riqueza, o que gostava de saber é se as agências de notação tomaram isso em consideração antes de nos classificarem como lixo. É que, com um caixote do lixo como este …

1 comentário:

Anónimo disse...

Não fazia a menor ideia Mário E parece-me que, tal como eu, pouca gente tem consciência disto...

Um beijinho - e parabéns :)