quinta-feira, julho 19, 2012

Vai uma aposta?


O tema do dia, de todos os últimos dias, de resto, é a “licenciatura” de Miguel Relvas. Não se fala de outra coisa.

Porém, e para além dos sentimentos de raiva, de estupefacção, de revolta e até mesmo de ódio contra a figura de Miguel Relvas, a pergunta que é feita até à exaustão é “afinal Relvas demite-se ou não?”. Chegámos a um outro patamar, o de apostar se o Ministro se vai embora ou não. E essa possibilidade, que já foi criada no sítio da Unibet, permite-nos fazer as nossas apostas e, eventualmente, ganhar algum dinheiro com isso.

Os apostadores que considerarem que o Ministro dos Assuntos Parlamentares se irá demitir do cargo podem ganhar 1,72 euros por cada euro apostado.

Já os que acreditarem que Miguel Relvas conseguirá resistir às inúmeras pressões e manter-se como elemento de confiança de Passos Coelho podem ganhar dois euros por cada euro jogado.

O que ainda não há é a alternativa de Relvas vir a ser demitido pelo Primeiro-Ministro. E nessa possibilidade até eu era capaz de apostar.

quarta-feira, julho 18, 2012

O cerco aperta-se


Muita gente reconhece em D. Januário Torgal Ferreira, o Bispo das Forças Armadas, a qualidade de quem diz o que pensa. Muitas vezes polémico, é acutilante nas suas críticas e não poupa nas palavras quando pretende atingir os alvos. Ainda que, por vezes, a forma possa ser considerada panfletária e injusta.

Ainda há pouco, numa entrevista a uma rádio dizia “O povo português tem sido extremamente exigente e, ao mesmo tempo, extremamente paciente".

Agora, foi bem mais longe quando à TVI 24 no programa “Política Mesmo” acusou, com todas as letras, o Governo de Passos Coelho de ser corrupto. Disse “… os membros do governo de Sócrates eram uns "anjinhos" em comparação com estes "diabinhos negros … Há jogos atrás da cortina, habilidades e corrupção. Este Governo é profundamente corrupto nestas atitudes a que estamos a assistir … o problema é civilizacional, porque é ético. Eu não acredito nestes tipos, em alguns destes tipos, porque são equívocos, porque lutam pelos seus interesses, porque têm o seu gangue, porque têm o seu clube …”.

O cerco aperta-se. Esta foi só mais uma acha para a fogueira. À falta de credibilidade e de ética bem evidenciados por alguns membros do Governo juntam-se, cada vez em maior número, as vaias e palavras de ordem contra quem detém o poder. Um pouco por todo o lado e nem sempre da forma orquestrada como nos querem fazer crer. É que a passividade (aparente) do povo começa a ser substituída pela revolta. O cerco aperta-se, repito.


terça-feira, julho 17, 2012

Temos que fazer mais … sim, mas como?

Na semana passada 41 deputados do Grupo Parlamentar da União Social Cristã (CSU) no Parlamento Federal Alemão (Bundestag), entre os quais um Vice-Presidente do Bundestag, três Ministros Federais e dois Secretários de Estado, estiveram em Portugal numa visita de trabalho.

Foram recebidos pelo Presidente da República e, em nome da representação alemã, uma das deputadas elogiou o nosso desempenho perante as dificuldades mas disse que governantes e povo têm que fazer mais.

Concordo quanto aos governantes. Mas em relação aos cidadãos que mais podem fazer, quantos sacrifícios ainda esperam de nós?

É que só por desconhecimento da nossa realidade (ou por má-fé) se pode exigir ainda mais de um povo, que está a ser tão castigado por más opções políticas, cujas práticas, muitas delas, foram impostas por outros, incluindo pelos alemães.

Saberão os deputados que nos visitaram que centenas de milhares de portugueses ganham menos de 400 euros por mês? Que 2 em cada 3 portugueses ganham menos de 900 euros? Um quinto de um suíço ou de um alemão médio. Certamente não farão ideia. Até porque o comportamento do nosso povo tem sido pacífico (se calhar até demais) e não mostramos o desespero e a revolta que observamos em imagens que nos chegam da Grécia, da Espanha e de outros lados. Mas o desespero e a angústia por sentirmos que todo este sacrifício poderá ser em vão existem de facto. Ah, se existem!

Então, temos que fazer mais. Ainda mais?


segunda-feira, julho 16, 2012

A dívida … ETERNA!

O artigo publicado em “A Lanterna”, em 17 de Dezembro de 1870 – há quase 142 anos – bem poderia aplicar-se ao momento actual. Nada mudou!…

Dizia o seguinte:

“O governo português anda mendigando em Londres um novo empréstimo. Os nossos charlatães financeiros não sabem senão estes dois métodos de governo: empréstimos e impostos.

Por um lado, o governo mandou para as cortes uma carregação de propostas tendentes todas a aumentar de tributos; por outro lado, o governo vai negociar um empréstimo no estrangeiro.

É dinheiro emprestado e dinheiro espoliado. Pede-se primeiro aos agiotas para pagar às camarilhas; depois tira-se ao povo para pagar aos agiotas!
E ao passo que se trata de um empréstimo em Londres, negoceia-se outro empréstimo com os bancos nacionais. Este tem carácter de dívida flutuante (*) interna e é para pagamento da dívida consolidada (**) externa!

Este empréstimo que nos está às costas para pagamento no fim de três meses, sai na razão de 13/2%! E no fim não é dinheiro aplicado a nenhum melhoramento público; é só dinheiro para pagar juros da dívida! É a dívida a endividar-nos cada vez mais! É a dívida a crescer para pagar as sinecuras do estado! É a dívida a multiplicar-se para não faltarem à corte banquetes, festas, caçadas, folias!

Esta situação é terrível e tanto mais que ela exige para se não agravar, de sacrifícios com que o país não pode e que de mais não deve fazer, quando eles são penas destinados às extravagâncias da corte e ao devorismo do poder, no qual se inscreve agora o novo subsídio aos pais da pátria!

(*) dívida pública a curto prazo
(**) dívida pública sem prazo de reembolso”

Lá está, o problema da nossa dívida não é ser interna ou externa…é ser ETERNA!

sexta-feira, julho 13, 2012

E a nós, quando é que nos convidam?


Uma coisa que me incomoda são as festas promovidas pelas várias empresas e revistas cor-de-rosa que convidam sistematicamente as figuras públicas de sempre: os modelos, as estrelas, as quase estrelas e as que já foram estrelas da televisão, alguns políticos e outras caras larocas que quase ninguém conhece, que fizeram rigorosamente nada de útil pela sociedade mas que compõem muito bem o cenário porque são magros, têm sorrisos lindos e vão muito bem vestidos e, às vezes, muito bem despidos.

Os outros, a D. Ermelinda, o Sr. José, o Sr. Raimundo, a D. Maria e os demais, os muitos milhares de gente anónima que compram e sustentam essas grandes empresas e revistas, népia, ninguém se lembram de convidá-los.

Por isso, já há alguns anos, deixaram de entrar lá em casa esse tipo de revistas que dão conta de “gente importante” a passar férias em sítios idílicos, distantes e exóticos.

É a minha vingança. Já que não me deixam ter voz activa em quase nada e que não tenho sequer um Dia Mundial do Homem que eleve a minha auto-estima, tomei-me de fúria súbita e decidi pôr um ponto final na leitura daquelas páginas que mostram ares felizes e corpos esbeltos a pousarem em praias de sonho com muitas palmeiras, águas transparentes e areias claras. Basta, gritei determinado. Não sei quem é essa gente, não sei por que é que são sempre os mesmos a gozar o bem-bom, enquanto que a mim (e aos outros todos) que compravamos as revistas e os produtos que vendem, nem sequer se dignam convidar-nos para um copo de tinto.

Acabou-se. Querem viajar e passar férias inesquecíveis? Óptimo, mas não contem comigo.

quinta-feira, julho 12, 2012

Maldita burocracia...


São constantes os lamentos sobre a falta de investidores. Necessitamos, como pão para a boca, que mais gente crie empresas, postos de trabalho e que gerem riqueza. Não menos frequentes são as acusações à imensa burocracia que tudo emperra (ouvi há dias que para se conseguir um licenciamento para se fazer o tratamento de pasta de papel é preciso obter 115 licenças), à justiça demasiado lenta e à falta de estímulos fiscais. Para já não falar na corrupção.

Porém, mesmo com tantos inconvenientes, às vezes aparecem seres vindos de outras galáxias que ousam contrariar esta tendência. Li, há semanas, uma entrevista com o empresário francês Roger Zannier que há duas décadas decidiu comprar uma quinta no Douro para produzir vinho. Mal sabia este senhor o que aguardava e ao seu investimento de dez milhões de euros. Perante um conjunto de dificuldades que se levantaram para levar por diante o seu projecto o que é que ele fez? Desistiu? Não, não desistiu, pelo contrário, ganhou novas forças e continuou a sonhar.

Às tantas, nessa entrevista, Zannier desabafava:

“… Em termos de burocracia, eu pedi as autorizações para plantar a vinha e dois anos depois ainda não tinha tido qualquer resposta. Pedi então uma reunião com o responsável máximo da entidade que deveria analisar o pedido, que convocou a pessoa que me deveria ter respondido. E para minha grande surpresa, a razão que me deram para não ter resposta durante todo este tempo foi a de que não tinham tinteiro para colocar na impressora e imprimir a resposta. Eu disse: se for esse o problema, eu vou comprar o tinteiro. (…) Bom...acho que ele não foi comprar os tinteiros porque dois meses depois eu continuava sem qualquer tipo de resposta…”

E depois venham queixar-se que não há quem queira investir.


quarta-feira, julho 11, 2012

“Carta Aberta” à Universidade Lusófona.


Voltamos à “licenciatura de Miguel Relvas”. Desta vez, porém, para, com a devida vénia, transcrever um texto (delicioso e inspirador) escrito no blogue “O voo do Falcão” pelo jornalista João Miguel Tavares. Aqui vai a sua “Carta Aberta” à Universidade Lusófona.

“Exmo. Reitor. Foi com grande satisfação que soube que a Universidade Lusófona conferiu uma licenciatura em Ciência Política ao Dr. Miguel Relvas em apenas 14 meses, reconhecendo dessa forma a sua elevada estatura intelectual. Sempre sonhei com o alargamento das Novas Oportunidades ao Ensino Superior e fiquei muito feliz por terem dado o devido valor à cadeira de Direito que o senhor ministro fez há 27 anos com nota 10. Depois, naturalmente, o processo foi "encurtado por equivalências reconhecidas" (palavras do Dr. Relvas), após análise do seu magnífico currículo profissional.

É dentro desse mesmo espírito que vinha agora solicitar igual tratamento para a minha pessoa. Embora seja licenciado pela Universidade Nova com uns simpáticos 17 valores, a verdade é que o curso levou--me quatro anos a concluir e o Jornalismo anda pela hora da morte. Nesse sentido, e após análise da oferta disponível no site da universidade, venho por este meio requerer a atribuição do grau de licenciado em: Animação Digital (tenho visto muitos desenhos
animados com os meus filhos), Ciência das Religiões (às vezes vou à missa), Ciências Aeronáuticas (já viajei muito de avião), Ciências da Nutrição (como imensa fruta), Direito (fui duas vezes processado), Economia (sustento uma família numerosa), Fotografia (tiro sempre nas férias) e Turismo (visitei 15 países). Já agora, se a Universidade Lusófona vier a ministrar Medicina, não se esqueça de mim. A minha mulher é médica, e tendo em conta que eu durmo com ela há mais de dez anos, estou certo de que em seis meses posso perfeitamente ser doutor.

Respeitosamente,

João Miguel Tavares”

A terminar duas notas:
1 – Os documentos que foram (finalmente) disponibilizados aos jornalistas pela Lusófona não indicam nomes de professores nem têm referências aos exames que terão sido feitos pelo ministro; Esquecimentos, por certo.

2 – A quantidade de créditos conseguidos por Miguel Relvas que facilitaram a sua “licenciatura”, foram conseguidos tendo em conta aspectos absolutamente relevantes à valorização do currículo: Relvas foi presidente da Assembleia-Geral da Associação de Folclore da Região de Turismo dos Templários, em 2001 e 2002 e, consta, que até foram consideradas “cartas de recomendação” (só não se sabe passadas por quem). Brilhante!

terça-feira, julho 10, 2012

Como é que o cidadão poderia adivinhar?


As restrições orçamentais das Autarquias levam a que os seus representantes tenham que ser cada vez mais criativos para arranjar receitas. Mas há limites. E bom senso. E legalidade.

Em Novembro do ano passado (2011) fui a um serviço camarário para pagar uma taxa anual. Essa taxa, até precisamente 2011, podia ser paga a qualquer momento. Fi-lo umas vezes no início do ano, noutras, em épocas diferentes. Não havia um prazo definido para pagar.

Em Novembro de 2011 fui, então, pagar a verba (22,30 €) respeitante ao ano em curso. Pois bem, a legislação tinha sido alterada em Janeiro de 2011, legislação que determina que os montantes relativos a cada ano civil têm que ser pagos no ano anterior. Ou seja, em 2010 eu deveria ter adivinhado que as regras iriam mudar no início do ano seguinte e ter pago logo a taxa de 2011. Vai daí, por incumprimento, cobraram-me 2,45 € de juros.

Ninguém pode alegar o desconhecimento da lei, eu sei. Mas as entidades oficiais terão que aceitar que é humanamente impossível prever que uma taxa relativa a um determinado ano tenha que ser paga no ano anterior quando, nesse ano anterior, ainda não tinha sido alterada a lei (o que só se verificaria no ano seguinte). Por outras palavras, em Novembro de 2011 ninguém sabia que a lei em apreço iria ser alterada em Janeiro de 2012.

Como referi, compreendo a necessidade das Autarquias arranjarem mais receitas. Mas, como também referi, tem que haver bom senso e legalidade. E, quanto a esta última, tenho dúvidas que tivesse existido neste caso.




segunda-feira, julho 09, 2012

Vamos resolver o défice?


A recente decisão do Tribunal Constitucional lança um novo desafio ao Executivo. Como irá obter as receitas que substituam as que foram conseguidas em 2012 por recurso aos subsídios de férias e de Natal, uma vez que estas foram consideradas inconstitucionais pelo TC já no próximo ano? E a decisão tomar tem que ser urgente porque dentro de poucos meses tem que ser apresentado o Orçamento de Estado para 2013, o qual terá que ter em consideração as metas do défice e os objectivos do programa de ajustamento financeiro acordado com a troika.

Penso que todos saberão o que vai acontecer. A receita irá ser a de sempre e, inevitavelmente, os sacrifícios abater-se-ão sobre os do costume. Mas haverá alternativas …

No último “Negócios da Semana” da SIC Notícias, um dos convidados de José Gomes Ferreira foi Tiago Caiado Guerreiro, jurista, especializado em questões fiscais e finanças públicas. Muito frontal, como sempre, Tiago Guerreiro adiantava uma solução:

“Porque é que a Administração fiscal que é tão efectiva na fiscalização, porque é que este “fire power” todo não é virado para o Estado, para os 13 740 organismos públicos, dos quais só 1 724 apresentaram contas? Porque é que eles não pegam nisso e não começam a fiscalizar o próprio Estado? Só nisso, provavelmente, resolviam o défice em 6 meses se fizessem fiscalizações e se fizessem responsabilização”.

Impossível de concretizar? Não me parece.



sexta-feira, julho 06, 2012

Voltámos à censura?


Correram céleres as notícias e as imagens. O Ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, foi insultado por manifestantes e bloqueada a sua saída depois de ter visitado o Parque da Ciência e Tecnologia na Covilhã. Manifestações que já começam a ser habituais tendo em conta que o estado da economia em Portugal vai de mal a pior. Para mais, o número de falências e de desempregados nesta região, tem subido em flecha. O desespero começa a ser muito.

Álvaro Santos Pereira ainda tentou dialogar com os manifestantes (santa ingenuidade) mas foi metido à força no carro ministerial. Pelo meio, o Presidente da Câmara da Covilhã ainda disse ao Ministro que para algumas pessoas o único Governo que não prejudicou os trabalhadores foi o Governo provisório liderado por Vasco Gonçalves …

Parou tudo! Então, um militante do PSD, ainda por cima Presidente de um Município de maioria PSD, afirma que “o único Governo que não prejudicou os trabalhadores foi o Governo provisório liderado pelo comunista Vasco Gonçalves”?

No mesmo dia, porém, passei da admiração do momento à fase da preocupação. É que, mais tarde, quando fui tentar ouvir de novo o que tinha sido dito pelo senhor Presidente, passei a pente fino as reportagens transmitidas pelos vários canais de televisão e … nada. Às peças iniciais faltava-lhes exactamente o que eu procurava, a tirada sobre o Vasco Gonçalves. Estranha coincidência! E eu ouvi essas palavras, outros amigos meus também as ouviram em directo nas televisões e veio escrito em vários sítios.Não sonhámos.

“No creo en brujas, pero que las hay, las hay”. Será que foi mandado fazer um corte cirúrgico precisamente naquelas palavras ditas a quente? Se foi assim, estamos perante um acto de censura que, naturalmente, tem um responsável. E se calhar estão a pensar no mesmo nome que eu …


quinta-feira, julho 05, 2012

Esplendor no Relvas


Custa-me a perceber todo o alarido que se tem feito só porque o Ministro-Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, fez em apenas um ano uma licenciatura que dura, normalmente, três anos. Segundo os registos, Relvas requereu a admissão à Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (Lisboa) em Setembro de 2006 e concluiu a licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais em Outubro de 2007. Será caso para tanta agitação?

Diz-se que a celeridade do processo se deve ao facto da Lusófona ter analisado o “currículo profissional” do actual governante, bem como o facto de ele ter frequentado “os cursos de Direito (ainda que só tenha concluído uma cadeira e com 10 valores) e de História (onde não fez qualquer cadeira), o que permitiu que o curso fosse feito em menos tempo.

Ao fim e ao cabo, a Miguel Relvas aplicou-se o princípio básico das Novas Oportunidades (que Passos Coelho já se encarregou de suspender): Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (?).
O pior é que ao cidadão comum tudo isto faz muita confusão. E nem mesmo o Processo de Bolonha e os regulamentos internos de cada Universidade quanto ao reconhecimento das competências profissionais para a obtenção dos canudos, ajudam a esclarecer toda esta história. Portanto, e para ficarmos mais calmos, a melhor conclusão que podemos tirar deste imbróglio é que Miguel Relvas fez a licenciatura num ano por causa do seu “currículo profissional”.

Como disse, não percebo o porquê de tanta agitação. Por acaso esqueceram que depois do 25 de Abril de 1974 apareceram uma quantidade enorme de licenciados que tinham conseguido o diploma por mera passagem administrativa? E da licenciatura do ex-Primeiro-Ministro José Sócrates, que permanece envolta em dúvidas? O caso de Relvas é só mais um. Uma nova versão mas com os esquemas e trapalhices de sempre.

E esta, bem poderia chamar-se “Esplendor no Relvas”, como já vi escrito por aí, parodiando o título do filme de culto “Esplendor na Relva”, de Elia Kazan, de 1961.

quarta-feira, julho 04, 2012

Cortar, cortar, cortar …


A ser verdade – a imprensa diz que sim e a Administração do Hospital diz que não - os doentes diabéticos internados no Hospital Central de Tondela - Viseu, ficam 12 horas sem comer, desde que lhes foi cortado o suplemento alimentar nocturno composto de leite e as bolachas de água e sal, dado por volta das 23 horas. E, ao que parece, a água engarrafada também deixou de ser distribuída.

A ser assim, e as reticências continuam porque é demasiado estranho que isso esteja a acontecer, os doentes diabéticos INTERNADOS – repito, doentes diabéticos INTERNADOS - deixam de contar com o alimento que serviria para estabilizar os níveis de glicemia. O que é grave porque os diabéticos não podem estar tantas horas sem comer.

Li que a situação já acontece desde Maio último. Esperemos que os cortes impostos pelas Finanças Públicas degradadas não sejam os causadores dos cortes dos tais suplementos, situação que pode originar doentes com níveis descompensados ou até, quem sabe, algumas mortes.

É que ao estado a que chegámos, já ninguém se admira que, para poupar no leite e nas bolachas, o Estado possa pôr vidas em risco.

E isto acontece em Tondela que pertence ao Distrito de Viseu. Viseu que, curiosamente, foi considerada pelos portugueses, num estudo recente da DECO, a melhor cidade para se viver no país, onde a SAÚDE, a educação, a mobilidade e o meio ambiente proporcionam plena harmonia.

Há aqui qualquer coisa que não encaixa, não acham?

terça-feira, julho 03, 2012

A ironia …

Henrique Monteiro iniciava a sua crónica do Expresso desta semana da seguinte forma:

“o défice corre perigo e um conjunto de entendidos pensa em soluções para voltar a encarreirar as contas, Se chegar à conclusão de que é preciso aumentar os impostos, num momento em que eles estão muito além do que se pensava ser o máximo admissível, podem ter a certeza de que um comité de idiotas não chegaria a solução diferente”.

A ironia das palavras é evidente. O pior é que Henrique Monteiro faz a antevisão correcta do que vem por aí. Mais impostos, mais sacrifícios e, adivinho eu, destinados aos mesmos.

segunda-feira, julho 02, 2012

Algumas reflexões sobre o Euro 2012 que agora terminou

Encerrou-se o Europeu de futebol e, mais uma vez, a nossa selecção não ganhou. Porém, e para sermos justos, pode dizer-se – utilizamos aqui a opinião do jornalista Rui Santos – que “a Selecção Nacional teve um comportamento global muito positivo. Não foi excelente nem extraordinário, mas foi muito bom”.

Ou seja, Portugal ficou uma vez mais a um pequeno passo de fazer história. Quedou-se no patamar das quatro melhores equipas europeias mas, de novo, não conseguiu ser a melhor. E os portugueses, sempre emotivos no que a futebóis diz respeito, ficaram resignados, contentes até, com os semi-êxitos conseguidos por Ronaldo & Cª., raramente percebendo que o futebol é um jogo de equipa e que ela é formada por um conjunto de jogadores, uns melhores e outros menos melhores e a prestação da equipa é que tem que ser avaliada no seu todo. Como se isso não bastasse, a maioria das pessoas contenta-se com o chamado “cair de pé” como se isso deixasse de ser uma queda. Enfim, maneiras de ser!

Mas isto é apenas um jogo, meus Amigos. Durante as últimas semanas estivemos entorpecidos por tudo quanto se passava à roda do Europeu e, a partir de hoje, voltamos às nossas vidinhas e ao nosso país real que anda de rastos.

Ainda quero deixar uma palavra de felicitações a Pedro Proença que se tornou ontem no primeiro árbitro português a dirigir a final de uma grande competição de selecções. Depois de, em Maio passado, ter sido o árbitro da final da Liga dos Campeões, arbitrou neste Europeu três jogos e a final de ontem. E em todos eles fez um bom trabalho. Está, pois, de parabéns.

A terminar, quero manifestar a minha satisfação:

- pela correcção (deixem lá essa do “estamos orgulhosos”) como foi recebida a comitiva portuguesa no aeroporto;

- pelo desportivismo sempre demonstrado pelos apoiantes e jogadores da selecção da República da Irlanda, apesar da equipa não ter ido lá muito longe; e

- porque, de uma vez por todas, foi desmistificada a ideia de que um jogo de futebol são onze contra onze e quem ganha é a Alemanha. E, sobretudo, porque na final da mais importante competição europeia entre selecções estiveram presentes não a Alemanha mas três representantes dos chamados (e desprezados) PIIGS: a Espanha e a Itália (os futebolistas) e Portugal (os árbitros).