quinta-feira, maio 30, 2013

Afinal, em que ficamos?




Ontem, no mesmo dia e quase à mesma hora em que Vítor Gaspar garantia, na Comissão Eventual para Acompanhamento das Medidas do Programa de Assistência Financeira a Portugal, estarem corrigidos "os principais desequilíbrios macroeconómicos" e cantava aleluias por Portugal ter conseguido regressar aos mercados mais cedo do que o previsto, a OCDE publicou um relatório em que afirmava que o governo português dificilmente conseguirá cumprir as novas metas para o défice orçamental acordadas na sétima avaliação da troika.

Mais, a OCDE considerava que o fraco crescimento e as medidas chumbadas pelo Tribunal Constitucional tornarão improvável o cumprimento das recentemente revistas metas para 2013 e 2014.

Na verdade, prevê-se que economia contraia este ano -2,7% (face aos -2,3% previstos pelo governo e pela troika) e que a recuperação no próximo ano seja apenas de 0,2% (face aos 0,6% do governo e da troika). Na frente orçamental a instituição coloca em 6,4% do PIB a previsão para o défice orçamental este ano e em 5,6% em 2014, valores significativamente acima dos 5,5% e 4% definidos pela troika na sétima avaliação.

Por isso, tão preocupados que estamos com o (mau) estado em que o país se encontra, com todos os índices a derraparem - desemprego a subir, falências a crescerem, dívida externa a subir e mais todos os outros indicadores a descambarem - temos bastos motivos para nos interrogarmos. Afinal, em que ficamos? Gaspar, qual esfinge (repararam que ele perdeu a atitude serena de há uns tempos e já se mostra mais irritadiço?), garante que agora é que é ... agora é que vai ser, por já estarem corrigidos os principais desequilíbrios macroeconómicos. Mas, por outro lado, a OCDE e muitos analistas nacionais e estrangeiros dizem que isto vai de mal a pior.

Repito, afinal em que ficamos? Quando é que nós vamos sentir os efeitos dessa correcção (se a houver) ontem anunciada pelo Ministro das Finanças? E em que é que isso se vai traduzir no nosso dia-a-dia?
 
 

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