quarta-feira, abril 01, 2015

Hoje é o dia das mentiras ...



Hoje é dia 1 de Abril, também conhecido pelo "dia das mentiras". Independentemente das explicações mais ou menos históricas que dão conta dos porquês desta denominação, sem que, contudo, haja certezas absolutas da sua origem, as "comemorações" da data já tiveram melhores dias. Provavelmente porque perdemos a ingenuidade de outros tempos, se calhar porque nos habituámos a ouvir mentiras com frequência.

Ao longo de anos assisti às mentiras mais descaradas (e criativas) do 1º de Abril, sobretudo as veiculadas pela comunicação social (mas não só), que eram por vezes tão bem propaladas que eu caía que nem um patinho. Lembro-me especificamente de duas delas e, ambas, tiveram a ver com a televisão pública.

Por exemplo, a de um dia 31 de Março de um ano que já nem lembro, em que a RTP transmitiu o Festival da Eurovisão e a nossa canção ficou mal classificada. O programa eternizava-se e, às tantas, o saudoso Fialho Gouveia dá uma notícia de última hora. A canção vencedora tinha sido desclassificada (já não me recordo porquê) e as outras que lhe sucediam na classificação tinham abandonado o certame por solidariedade para com o país, os autores e os cantores desclassificados. Assim, a canção portuguesa tinha sido declarada a vencedora do Festival. O contentamento foi grande e deram-se vivas à "merecida" vitória alcançada. No dia seguinte, porém, o Telejornal anunciou que a notícia, já transmitida depois da meia-noite, era, afinal, a "mentira do 1º de Abril".

A segunda história, passada também há muitos anos (ainda a televisão era a preto e branco, calculem), tem a ver com uma notícia bombástica que dava conta que a RTP aderira a um projecto inovador na Europa, que permitia assistir a programas a cores. E foi tão bem dada que todos acreditámos que a partir das não sei quantas horas e por um período de uns poucos minutos, os portugueses teriam a oportunidade, pela primeira vez, de ver televisão a cores. Escusado será dizer que à hora indicada toda a minha famelga estava, ansiosa, à espera da última maravilha da tecnologia em Portugal. Pois bem, esperámos durante horas. Sentados e em vão. Aquela era a "mentira do 1º de Abril".

Hoje, muito mais maduro e bastante menos ingénuo, ainda continuo a acreditar em mentiras. Em mentiras (promessas) de políticos. Mas cada vez menos, confesso.



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